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domingo, julho 27, 2025

Conflitos na Amazônia revelam tensão entre modos de vida tradicionais e interesses econômicos

O estudo foi elaborado pelos pesquisadores do Laboratório de Estudos da Amazônia Legal (LEAL)

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O estado do Amazonas vive um agravamento dos conflitos ambientais que impactam diretamente a conservação da floresta e a vida das populações tradicionais. Um recente boletim elaborado pelo Laboratório de Estudos da Amazônia Legal (LEAL), aponta que esses conflitos são resultado de uma complexa interseção de fatores sociais, políticos, econômicos e ambientais.

O estudo foi elaborado pelos pesquisadores Marilene Corrêa da Silva Freitas, Ludolf Waldmann Júnior, Paula Mirana de Sousa Ramos, Breno Rodrigo de Messias Leite, Tereza de Sousa Ramos e Simone Machado de Seixas.

O Amazonas é um dos estados com maior área protegida no Brasil, com mais de 47 milhões de hectares de Unidades de Conservação e cerca de 53,7 milhões de hectares demarcados como Terras Indígenas, onde vivem 61 povos originários. Além disso, milhares de famílias ribeirinhas, seringueiras e quilombolas habitam esses territórios, mantendo modos de vida sustentáveis e tradicionais.

No entanto, segundo os pesquisadores do LEAL, cerca de 37,5% do território amazonense permanece sem destinação fundiária definida, favorecendo o avanço da grilagem e da exploração ilegal da floresta. “A sobreposição de interesses e a fragilidade da política fundiária são motores centrais dos conflitos, que se manifestam em disputas violentas por terra, exploração predatória dos recursos naturais e graves violações de direitos humanos”, diz um trecho do estudo.

O avanço do agronegócio, mesmo que ainda incipiente em comparação a outras regiões, tem sido responsável por intensificar o desmatamento, especialmente no “novo arco do desmatamento” no sudoeste do Amazonas, em municípios como Lábrea, Boca do Acre e Apuí. Essas áreas concentram também altos índices de violência, com homicídios relacionados a disputas territoriais em ascensão.

Outro problema grave destacado pelos pesquisadores é a exploração ilegal dos rios e das reservas minerais, como o garimpo e a mineração predatória, que contaminam a água e ameaçam comunidades indígenas, como as do Vale do Javari e do Alto Rio Negro. A escalada da violência envolve grupos criminosos ligados ao narcotráfico e redes de exploração ilegal de recursos, que dificultam a ação do Estado e colocam em risco a segurança e a integridade das populações locais.

Dados alarmantes da Comissão Pastoral da Terra indicam que, somente em 2024, o Amazonas registrou 96 conflitos socioambientais envolvendo mais de 75 mil pessoas. Entre as vítimas diretas da violência, os indígenas correspondem a 29%, enfrentando ameaças, expulsões e assassinatos em territórios tradicionalmente protegidos.

O boletim reforça a urgência de fortalecer a presença do Estado na Amazônia, garantir a regularização fundiária justa e combater as redes criminosas que atuam na região, para preservar a floresta e garantir a segurança das populações que dela dependem.

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