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domingo, junho 8, 2025

Enquete revela favoritos à nova liderança do Amazonas e especialistas apontam desafios para consolidação política

Enquete do portal O Convergente aponta os nomes mais citados pela população, enquanto especialistas analisam quem tem estrutura para consolidar uma liderança real

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Com a morte do ex-governador Amazonino Mendes, uma das figuras mais emblemáticas da política amazonense, o cenário político do estado tem passado por um processo de renovação. Em busca de identificar quem ocupa, hoje, o papel de nova liderança no Amazonas, o portal O Convergente realizou uma enquete nas redes sociais, e os resultados apontam movimentos significativos entre nomes já conhecidos e novos rostos da política local.

Entre os novos líderes do estado, mostra a enquete, o deputado federal Capitão Alberto Neto (PL) desponta com força, recebendo 50% da preferência dos votantes. Em segundo lugar, surge a empresária Maria do Carmo Seffair, também filiada ao PL, com 33% dos votos — um desempenho expressivo para uma figura ainda em construção no cenário político. Já o atual vice-governador, Tadeu de Souza (Avante), aparece com 17%, demonstrando ainda baixa adesão popular em comparação aos demais concorrentes.

Veja também: Aceno de Omar a Wilson reaquece rumores sobre alianças em 2026 no Amazonas

A segunda parte da enquete analisou o atual prestígio de figuras já consolidadas na política amazonense. O governador Wilson Lima (União Brasil) liderou essa rodada com 42% dos votos, consolidando-se como uma das principais lideranças políticas ativas do estado. O senador Omar Aziz (PSD) ficou em segundo, com 27%, seguido por Eduardo Braga (MDB), com 16%, e David Almeida (Avante), atual prefeito de Manaus, com 15%.

Enquete O Convergente

Nos comentários da enquete, muitos internautas destacaram a dificuldade de substituir a figura de Amazonino Mendes, que marcou décadas na política no estado. “Na minha humilde opinião, não haverá mais outro alguém que faça uma boa administração como Amazonino Mendes”, comentou um participante.

Porém, um manauara que preferiu não se identificar, enxerga uma nova fase: “É difícil termos um nome tão forte quanto Amazonino foi, mas o governador Wilson Lima tem sido um grande articulador e nisso ele tem acertado”.

A enquete, embora informal, evidencia o atual retrato das preferências populares e reforça que o eleitor amazonense segue atento às movimentações políticas.

Novos atores no Amazonas

Para entender o atual momento da política amazonense após a morte de Amazonino Mendes, o portal O Convergente ouviu especialistas que acompanham de perto a dinâmica do poder no estado: o analista político Helso Ribeiro, a advogada eleitoral Denise Coelho e o marketeiro Renato Bagre. Eles destacam que o vácuo deixado por Amazonino abriu espaço para novos atores, mas que o processo de consolidação de lideranças ainda está em curso — e exige cautela, estrutura e tempo.

“É incontestável que Amazonino foi uma grande liderança, a ponto de, ao lado dele, estarem Eduardo Braga, Alfredo Nascimento, José Melo, todos esses foram governadores. Mas, o ex-governador vinha perdendo espaço”, analisa Helso Ribeiro.

O especialista relembra que, nas últimas eleições em que concorreu, Amazonino acumulou derrotas, o que, segundo ele, já sinalizava que a transição política havia começado antes mesmo de sua morte. “Ele perdeu para Wilson Lima, perdeu para David Almeida… […] a liderança dele já tinha ido para o espaço, mas é como canta Belchior, o novo sempre vem”, disse, citando o cantor Belchior para ilustrar esse ciclo.

Para Helso, a liderança de Wilson Lima merece destaque. “Ele é o único político do Amazonas que alcançou mais de um milhão de votos em duas eleições consecutivas. Isso é relevante. Mas o ponto crítico é: Wilson formou um grupo político? A resposta ainda é incerta. Muitos que estão ao lado dele hoje não foram formados por ele.”

Em sua análise, Helso destaca ainda que o governador representa hoje o nome mais próximo de uma liderança majoritária consolidada, mas ainda sem a profundidade de base que outros líderes históricos construíram. “Wilson ampliou a base no segundo mandato, mas ainda não sabemos se ele tem força para construir uma sucessão sólida ou se vai migrar para o Senado e se sustentar no cenário nacional”, pontua.

Helso também observa que, entre os nomes da renovação, Capitão Alberto Neto aparece como um político em ascensão, mas ressalva: “Ele é um nome que, eu acho, marcou muito pela sua fidelidade incondicional ao ex-presidente Bolsonaro”

Sobre a empresária Maria do Carmo Seffair, ele classifica como uma “outsider interessante”, mas ainda distante de ser considerada uma liderança política. “É uma mulher com postura, preparo intelectual e propostas voltadas para empreendedorismo, algo novo na política local. Mas ela ainda não teve cargo público. É uma boa expectativa que se fica no aguardo da consolidação.”

No campo jurídico, a advogada eleitoral Denise Coelho também destaca pontos importantes sobre os desafios da renovação política e os cuidados legais exigidos no atual momento pré-eleitoral

“Do ponto de vista jurídico e eleitoral, a consolidação de uma liderança envolve mais do que capital político ou visibilidade nas redes sociais. Trata-se de um processo que depende de estrutura partidária, presença institucional contínua e conformidade legal ao longo da trajetória pública”, destaca Denise, que lembra dos mandatos dos políticos.

Bastidores: Durante entrevista ao O Convergente, Omar Aziz não descarta diálogo com Wilson Lima

Sobre nomes como Maria do Carmo, a advogada lembra também que empresários que desejam ingressar na política precisam observar regras rígidas. “Não há vedação legal para que empresários ingressem na vida pública. Contudo, a legislação impõe cuidados específicos para garantir a isonomia do processo eleitoral. Por exemplo, se o empresário for dirigente de empresa que mantenha contratos com o poder público ou que explore concessão estatal, pode haver necessidade de desincompatibilização em prazos que variam entre 4 a 6 meses antes da eleição, conforme o caso.”

Além disso, destaca Denise Coelho, a atuação durante o período pré-eleitoral precisa observar os limites da lei para evitar o uso indevido da estrutura empresarial em benefício da futura candidatura.

Pré-campanha

Denise Coelho também reforça que a pré-campanha é um período legítimo para que nomes se apresentem, mas que isso deve ser feito sem abusos.

“O período pré-eleitoral permite, sim, que eventuais pré-candidatos se apresentem à sociedade, participem de debates e divulguem ideias — o que é salutar para o processo democrático. A  propaganda antecipada só se configura quando há pedido explícito de voto”, explica a advogada.

Ainda conforme a especialista, a legislação exige que esse protagonismo ocorra com equilíbrio e transparência, sem abuso do poder econômico ou uso indevido dos meios de comunicação e redes sociais.

“A nova liderança que deseja se destacar deve estar atenta às regras de financiamento, à prestação de contas futura e às condutas vedadas já no período pré-campanha. A orientação jurídica desde cedo é fundamental para evitar riscos à elegibilidade”, conclui.

Marketing político e o desafio de se tornar referência no novo cenário

Além da força eleitoral, da estrutura partidária e da regularidade jurídica, a construção de uma nova liderança política exige um trabalho contínuo de posicionamento e comunicação estratégica. Para entender como os políticos emergentes podem se consolidar regionalmente, O Convergente também conversou com o especialista em Comunicação Política Renato Bagre, que atua como consultor em campanhas eleitorais e gestão de imagem pública.

Segundo ele, o legado de Amazonino Mendes ainda ecoa entre parte do eleitorado, mas não é suficiente para moldar novas lideranças. “Amazonino foi um líder político. Um político que marcou um tempo. Realizador e visionário, e isso não é possível negar”, afirmou.

“Claro que um nome assim influencia uma parcela de eleitores que o admiram. Mas daí conseguir impactar na construção de um novo nome, entendo que dependeria de outros fatores percebidos em pesquisas, por exemplo”, continuou.

Para Bagre, o que define uma liderança duradoura vai muito além da visibilidade momentânea nas redes ou de boas colocações em enquetes: é preciso estrutura, estratégia e persistência.

“Trabalho. Informação. Tecnologia. Criatividade. Vivemos tempos líquidos. Tudo muito fluido. A construção da imagem de alguém precisa ecoar nos canais e meios corretos. Esses são os meus elementos. Cada consultor tem o seu”, resumiu.

Questionado sobre a ascensão de políticos que lideram a enquete popular realizada por O Convergente, Renato Bagre fez uma leitura crítica: “Enquete não é científica, né? É momento. As avaliações ficam relacionadas à temperatura e situação de quem reage a elas.” Ou seja, para o especialista, o desempenho em levantamentos informais pode refletir apenas uma fotografia pontual do cenário, mas não necessariamente traduz um capital político consolidado.

 

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