O fechamento da linha de produção de televisores na fábrica da Panasonic em Manaus tem reflexos econômicos e, para alguns parlamentares do Amazonas não deve trazer grandes impactos para a Zona Franca de Manaus neste momento. Isso porque, segundo eles, o fechamento da linha não representa a saída da empresa do Polo Industrial de Manaus (PIM) e nem ocorreu em função de envolvimento político ou tributário no Estado. Porém, para as entidades ligadas à indústria no Estado pode significar um alerta.
A medida, anunciada pela empresa, vai ocasionar o desemprego de 130 pessoas até o final do ano. Período em que a mesma vai deixar de produzir os produtos no Brasil e, consequentemente, no Amazonas, onde a fábrica de televisores está instalada.
O que para o deputado estadual e economista, Serafim Correa (PSB) vai ocorrer em função da competitividade de mercado e dos produtos fabricados pelas empresas concorrentes instaladas no PIM.
“Tanto a decisão da Sony quanto da Panasonic foram decisões fora do Brasil. Elas decidiram concentrar as suas atividades em outras linhas onde elas são mais competitivas. No caso da Panasonic, ela está se concentrando em atividades que não são aquelas dos televisores, porque nos televisores a Samsung e a LG se tornaram imbatíveis. Não tem nada a ver com corte de incentivos e isso afeta muito pouco a Zona Franca porque isso é um movimento mundial”, explicou ele ao citar o fechamento da Sony, ocorrido em março, e afirmar que outras empresas virão no lugar das que estamos perdendo.
Assim como ele, outros parlamentares do Amazonas têm a mesma opinião, mas afirmam que ainda assim isso pode passar uma imagem negativa quanto ao modelo Zona Franca, mesmo não tendo sido ocasionado pela perda de tributos. “Não acredito que esteja relacionado a tributos, mas à política da empresa que, ao perceber a queda na venda do produto, diversificou e partiu para a produção de outros produtos. Agora, afeta sim a ZF porque perderemos empregos e também porque passa a imagem de que estamos em declínio”, opinou o senador, Plínio Valério (PSDB).
Bancada em Brasília – Opinião semelhante tiveram os deputados federais Marcelo Ramos (PL) ao dizer “a saída da Panasonic é uma combinação de perda de competitividade mundial das empresas japonesas em relação as chinesas e coreanas com incertezas quanto ao modelo ZFM e instabilidade do país” e o deputado Bosco Saraiva (Solidariedade) ao apontar que vê “O fechamento da fábrica como uma estratégia de mercado da companhia em razão da perda de competitividade” já que os demais produtos de linha branca seguirão sendo produzidos no PIM.
Já o deputado, José Ricardo (PT) atribuiu o fechamento da linha de produção na Panasonic e da fábrica da Sony no Amazonas à situação econômica do Brasil, que já impactou no fechamento de outras industrias no país, como a LG e a Ford que também fecharam suas fábricas em outros estados.
“Muitas empresas hoje não têm nenhuma perspectiva porque a política do Governo Federal na área econômica é de favorecer as importações. E é isso que o ministro da Economia faz o tempo todo. Reduz as alíquotas de imposto de importação para favorecer as importações, gerando emprego fora do país, quando aqui as indústrias precisariam ser valorizadas e incentivadas. Constantemente, ele ataca a ZFM. É um inimigo da indústria e dos empregos do Brasil, incluindo a Zona Franca de Manaus, com ataques constantes”, criticou o parlamentar.
Entidades representativas – Além dos parlamentares, o Portal O Convergente procurou as entidades representativas da indústria no estado para falar sobre o assunto.
Para o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Nelson Azevedo a situação acende sim um alerta, apesar da motivação da empresa ser estritamente econômica com base de mercado e não sinalizar, por enquanto, a migração para outros estados ou países.
“Esse parece não ser o motivo da Panasonic para encerrar a produção de TV, mas de qualquer forma é um alerta para nós. Lamentamos pelos 130 postos de trabalho diretos que serão desativados e acreditamos que outros fabricantes de TV instalados na Franca de Manaus irão abastecer as prateleiras das lojas, que até então são ocupadas pelas tevês da marca Panasonic”, explicou.
Em nota, a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) disse que a decisão da Panasonic de encerrar a produção de televisores no PIM é resultado de questões estratégicas internas da empresa japonesa e que estão fora do alcance de intervenção do órgão.
Afirmou ainda que autarquia faz votos para que a perda de 5% do total de funcionários no Brasil seja temporária, acreditando que a retomada de contratações por parte da empresa possa vir de investimentos nas linhas de produção que seguirão funcionando no PIM ou em operações com novos produtos.
Fechamento fábricas – Em março deste ano a Sony, empresa japonesa fabricante de produtos eletroeletrônicos, fechou a sua única fábrica no Brasil, localizada em Manaus. Em comunicado, a multinacional afirmou na época que a decisão “visava fortalecer a estrutura e a sustentabilidade de seus negócios, para responder às rápidas mudanças no ambiente externo”.
Já a fábrica da Canon na ZFM encerrou as atividades em junho. O fechamento, segundo o anúncio oficial feito pela própria empresa, não afetaria nenhum serviço ou estratégias de vendas da multinacional no país.
Após avaliação da matriz da Canon, no Japão, os executivos avaliaram que a pandemia do novo coronavírus, além de outras dificuldades geradas, geraram dificuldades estratégicas a longo prazo e por isso decidiram fechar a unidade no Amazonas.
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Por Izabel Guedes
Foto: Divulgação