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quarta-feira, janeiro 15, 2025

Amazonas registra os maiores preços de combustíveis do País com refinaria privatizada

Para a economista Denise Kassama, dois pontos centrais explicam os valores elevados dos combustíveis no Amazonas

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Em 2024, segundo dados obtidos com base em relatórios das empresas, os preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha (GLP) comercializados pelas refinarias da Petrobras apresentaram quedas em relação a 2022, quando vigorava a política de paridade de importação (PPI). Em contraste ao do cenário nacional, contudo, no Amazonas, onde a refinaria Ream (do grupo Atem) foi privatizada, os preços dos combustíveis permaneceram entre os mais altos do país.

O diesel da Petrobras, por exemplo, sofreu uma queda de 21,6%, com o litro passando de R$ 4,5279, em 31 de dezembro de 2022, para R$ 3,5490 no fim de 2024, segundo informações do portal A Tarde.

Veja também: Preço do litro da gasolina aumenta e varia de R$ 6,99 a R$ 7,95 em cidades do AM

Já no GLP, o botijão de 13 quilos registrou uma redução de 16,9%, sendo vendido por R$ 34,9490 no final do ano passado na estatal, sendo a empresa que mais reduziu preços, sem comprometer sua lucratividade. Já na gasolina, a redução foi mais modesta, de 0,9%, com o preço do litro caindo para R$ 3,0550.

A Contramão das Refinarias Privatizadas

Na contramão da Petrobras, as refinarias privatizadas, como a de Mataripe (Acelen), da Bahia, e a Ream (grupo Atem), do Amazonas, mantiveram valores elevados. No estado amazonense, a refinaria Ream apresentou um dos preços mais altos do país. O diesel, por exemplo, sofreu apenas uma redução de 14,3%, encerrando 2024 a R$ 4,1295 por litro – bem acima do preço praticado pela Petrobras.

O GLP, processado pela refinaria Atem, alcançou R$ 55,8142 por botijão de 13 quilos, um aumento de 2,6% em relação a 2022. Já a gasolina subiu 4,8%, com o litro chegando a R$ 3,7171 no estado.

Na bomba

A disparidade no preço dos combustíveis no Amazonas gera preocupação para consumidores e especialistas. Apesar dos avanços da Petrobras no controle de preços, a privatização de refinarias no estado tem mantido os combustíveis em alta, afetando diretamente o custo de vida da população local.

Para a economista e professora Denise Kassama, membro do Conselho Federal de Economia (Cofecon), existem dois motivos que explicam a diferença de preços e que deixam o combustível mais caro no Amazonas.

“O primeiro, é o custo logístico. O combustível, como todos os itens que vêm de fora, são mais caros por conta do custo logístico muito alto. E o segundo é que nossa refinaria é privatizada. Ou seja, ela não está mais no sistema das refinarias da Petrobras, onde uma ajuda outra; em que falta item em uma e a outra repassa a um preço acessível. Nós temos uma refinaria privatizada, que é a única e a que dita o preço”, explicou.

A realidade levanta debates sobre a regulação do setor e o impacto das privatizações no Amazonas, cujos valores pesam no orçamento do consumidor, que sente ainda mais no próprio bolso.

Para se ter uma ideia, na maioria dos postos de combustíveis de Manaus, o preço do litro da gasolina chega a R$ 6,99. No interior do Amazonas, o valor é ainda mais caro, sendo registro a R$ 7,19 somente no município de Itacoatiara (a 270 quilômetros da capital).

Na análise da economista Denise Kassama, as empresas almejam o lucro e isso explica os preços elevados. “Como uma empresa privada, ela almeja lucro. É diferente de uma empresa mista ou pública, aqui ela objetiva lucro e por isso ela majora o preço da gasolina”, disse.

A especialista afirma ser contra o processo de privatização e acredita que o modelo não vai funcionar. “Funcionaria se a gente tivesse outra concorrência, mas aqui a única refinaria que tem e tem o monopólio, e por isso pratica um preço diferenciado por não estar dentro do sistema Petrobras”, concluiu.

Outro lado

A reportagem entrou em contato com a refinaria Ream, do grupo Atem, e solicitou um posicionamento sobre o preço dos combustíveis no Amazonas. A redação também pediu nota da refinaria Mataripe, administrada pela Acelen, e da Petrobras. Até a publicação, sem retorno.

 

Por: Bruno Pacheco
Ilustração: Marcus Reis
Revisão Jurídica: Letícia Barbosa

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