O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta quinta-feira, 19, que está disposto a buscar um acordo sobre a guerra na Ucrânia em possíveis negociações com Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos. Durante sua participação na tradicional sessão anual de perguntas e respostas com o público russo, Putin destacou sua disposição para o diálogo, mas reafirmou que as autoridades ucranianas não estão, no momento, preparadas para conversas produtivas.
Veja também: Trump defende fim da ‘loucura’ da guerra na Ucrânia e analisa saída dos EUA da Otan
Putin também mencionou que não conversa com Trump “há anos”, mas que estaria pronto para um encontro com o líder norte-americano. Trump, que se autodenomina um especialista em negociações e é autor do livro “Trump: A Arte da Negociação”, já prometeu acabar rapidamente com o conflito na Ucrânia, embora ainda não tenha detalhado como pretende alcançar esse objetivo.
Postura de força
Ao ser questionado sobre o que poderia oferecer aos Estados Unidos em uma negociação, Putin rejeitou a ideia de que a Rússia está em uma posição vulnerável. Ele argumentou que o país se tornou mais forte desde o início da ofensiva militar na Ucrânia em 2022.
“Sempre dissemos que estamos prontos para negociações e compromissos”, afirmou Putin. Ele também declarou que, em sua visão, as forças russas continuam avançando na Ucrânia e que “em breve não haverá mais ucranianos dispostos a lutar”.
Impasses sobre a Ucrânia e a OTAN
No entanto, Putin descartou grandes concessões territoriais e reafirmou sua exigência de que a Ucrânia renuncie às suas ambições de se juntar à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). No mês passado, a agência Reuters informou que Putin estaria aberto a discutir um cessar-fogo com Trump, mas manteve essas condições como inegociáveis.
Ainda na coletiva, Putin mencionou que qualquer acordo futuro deveria ter como base um projeto preliminar discutido em Istambul, no início da guerra. Embora nunca tenha sido implementado, o esboço é visto por alguns políticos ucranianos como uma capitulação que enfraqueceria as aspirações militares e políticas do país.
Legitimidade política na Ucrânia
Outro obstáculo apontado por Putin é a questão da legitimidade das autoridades ucranianas. Segundo ele, qualquer acordo só poderia ser assinado por representantes legítimos da Ucrânia, posição que o Kremlin atribui atualmente apenas ao parlamento ucraniano. Putin declarou que o presidente Volodymyr Zelensky precisaria ser reeleito para que sua assinatura em um acordo fosse juridicamente válida.
Zelensky, por sua vez, adiou as eleições devido à guerra em curso. Sua continuidade no poder é alvo de críticas de opositores ucranianos, mas também reflete a complexidade do cenário político do país em meio ao conflito.
A disposição de Putin para negociar com Trump, porém, contrasta com seu tom mais rígido em relação a Kiev. “Estamos prontos para negociar com qualquer um, mas o outro lado precisa estar pronto para compromissos”, concluiu o líder russo.
(*) Com informações da CNN