“Se ele é capaz de fazer isso com um cara que ele chamava de amigo, quem dirá com vocês que ele só quer o voto”. O desabafo é de Driely Miranda, filha de Gargarim Correa de Miranda, assassinado a tiros, em 2018. O principal suspeito do crime é José Roberto Viana Costa, conhecido como Zequinha do Pereira (Avante), candidato a prefeito de Careiro Castanho (a 112 quilômetros de Manaus).
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Driely lembrou do caso nas redes sociais na última terça-feira, 1º, e se emocionou ao cobrar por Justiça. Para a filha da vítima, Gargarim Miranda foi morto em um “ato covarde”, deixando órfão uma criança de sete meses, e mais dois filhos.
“Em um ato covarde, [Zequinha do Pereira] atacou meu pai em um posto de gasolina, efetuou vários tiros na cabeça, na costa e na perna, no que veio a ocasionar o óbito do meu pai no dia 6 de novembro de 2018. Zequinha do Pereira, candidato a prefeito do Careiro, em um ato covarde, porque meu pai estava sozinho, desarmado, atacou o meu pai e o matou por motivos banais”, declarou a filha da vítima.
O crime aconteceu no dia 3 de novembro de 2018, em um posto de combustíveis de Careiro Castanho, no bairro Centro. Zequinha foi acusado de acertar quatro tiros contra Gargarim Miranda, de quem era sócio.
Na época, Gargarim ainda foi encaminhado com vida ao Hospital e Pronto Socorro João Lúcio, em Manaus, mas não resistiu aos feridos e veio a óbito. De acordo com o então delegado titular da Delegacia do município, Mário José Júnior, o sobrinho de Zequinha tentou impedir o crime, mas também foi baleado na mão. O jovem, por outro lado, não correu risco de vida.
“Zequinha do Pereira não só destruiu a minha família, como deixou minha irmã de apenas sete meses sem conhecer o pai biológico, a minha filha sem a oportunidade de conhecer o avô e um cara que teve vários processos de corrupção está sendo candidato a prefeito do Careiro. Eu me pergunto, se ele é capaz de fazer isso com um cara que ele chamava de amigo, quem dirá com vocês que ele só quer o voto”, declarou a filha de Gargarim, Driely Miranda.
Zequinha Preso
Zequinha do Pereira e Gargarim Miranda eram amigos e sócios que já foram presos durante a operação “Apagar das Luzes”, deflagrada em 2016 pelo Ministério Público do Estado do Amazonas (MP-AM), por meio da Promotoria de Justiça do Careiro Castanho, e a Polícia Civil do Amazonas (PC-AM).
A ação conjunta teve como objetivo desarticular uma organização criminosa formada por ex-secretários municipais e empresários que suspeitos de fraudes em licitações e desvios de dinheiro da prefeitura, onde Zequinha foi secretário de administração.
De acordo com o Promotor de Justiça João Guimarães, titular da Promotoria na época, as investigações iniciaram ainda no período eleitoral, em 2015. Segundo informa do MPAM, o esquema envolvia desvio milionário dos cofres públicos, com ações intensificadas depois das eleições.
As equipes da polícia civil cumpriram 5 mandados de condução coercitiva e 5 mandados de prisão preventiva. As prisões foram efetuadas no Careiro, em Maués e na capital, todos por suspeita de cometerem os crimes de corrupção passiva e ativa, fraude em licitação, extravio de documentos e peculato.
O ex-prefeito do município, Hamilton Villar (PMDB), também foi suspeito de envolvimento com a quadrilha, mas não foi preso porque obteve na justiça um salvo-conduto na época, segundo o MPAM. Porém, em 2018, a a juíza titular da Comarca do Careiro, Sabrina Cumba Ferreira, condenou o ex-gestor a 27 anos, 7 meses e 10 dias de reclusão pelos crimes de organização criminosa, fraudes em processos licitatórios e desvio de recursos públicos.
Na mesma sentença, Zequinha do Pereira e outras 11 pessoas, foi condenado pelos mesmos crimes a 9 anos e 6 meses de reclusão e a 6 anos de detenção. Leia mais aqui.
Candidato
Candidato a prefeito pela primeira vez, Zequinha do Pereira concorre o pleito 2024 pelo Avante, na coligação DC/AGIR/Avante. À Justiça Eleitora, segundo o DivulgaCand, o empresário declarou ter apenas um terreno no valor de R$ 350 mil.
Outro lado
O Convergente entrou em contato com Zequinha Pereira, por meio das redes sociais, e solicitou um posicionamento sobre o caso. Até a publicação, sem retorno.
