No programa “Debate Político” dessa terça-feira (16), O Convergente recebeu o vereador de Manaus e pré-candidato a reeleição Rodrigo Guedes (PP), que falou sobre o seu mandato na Câmara Municipal de Manaus (CMM), além de comentar sobre o cenário político manauara. A nova temporada do programa foi apresentado pela COO da empresa Letícia Barbosa e exibido pela TV Rede Onda Digital, através do canal 8.2, e pelo canal do Youtube da Rede Onda Digital.
Ao iniciar a entrevista, Rodrigo Guedes pontuou que tem cumprido com a promessa de campanha, que era fazer um mandato independente. “Eu cumpri o que eu prometi na campanha de ser independente. Desde o primeiro ano eu fui independente, não fui da base. O único hoje que está na Câmara que foi independente, os outros passaram um bom tempo na base, outros saíram antes outros mais recentemente, mas eram da base do prefeito e estavam na relação que eu entendo como toma lá da cá”, disse.
Ao comentar sobre se posicionar contra a atual gestão da Prefeitura de Manaus, que tem como prefeito David Almeida (Avante), o vereador afirmou que está na CMM para ser a voz da população.
“Eu não devo satisfações para o prefeito, eu não preciso bater continência para ele ou ficar fungando no cangote dele como muitos vereadores e políticos ficam. […] Eu tenho que falar em nome da população”, pontuou.
Durante o programa, um dos pontos questionados ao vereador foi se o mesmo sofria perseguição dentro da Câmara. Ao responder, Guedes deu o exemplo das emendas parlamentares que, de acordo com ele, não foram pagas até o momento, diferente das emendas da base do prefeito.
“A maioria dos vereadores, principalmente da base do prefeito, já tiveram suas emendas parlamentares pagas […]. Eles receberam e foram pagas, as minhas nenhuma. Isso para mim é uma prova de como funciona o sistema”, avaliou.
Rodrigo Guedes ainda destacou que, seja quem for eleito o prefeito, continuará atuando de forma independente – caso seja reeleito na CMM. “Independente de quem for o prefeito, não vou ser da base. Eu posso apoiar para a eleição porque faz parte do processo político eleitoral, mas vou continuar sendo independente, não quero ser líder, vice líder, pode ser o David, o Amom, o Cidade”, destacou.
Atuação
Sendo um dos principais nomes da oposição na Câmara Municipal, Guedes destacou que desde o primeiro dia de mandato tem sido independente, mas que alguns colegas de Casa pontuaram que ele não poderia “jogar contra o time”, exemplo disso foi a denúncia sobre o aumento do Cotão.
“Eu entrei com o projeto de lei que revogava o aumento salarial dos vereadores, e projeto que nunca foi votado. A partir daí, eu já passei a virar persona non grata. […]. Muitas vezes eu ouvi que a gente não podia se prejudicar para não ser prejudicado […], teve muita reticências em relação a mim”, comentou.
O vereador ainda reforçou a importância dos parlamentares atuarem como voz da população, pois existem projetos que podem prejudicar a vida da sociedade. Guedes afirmou que não tem inimigos na Casa, mas que já tiveram momentos que outros vereadores resistiram contra ele.
“Se a gente não fala, a própria imprensa não vê, muito menos a população […]. Não é que tenham raiva de mim, mas a galera lá ficou com muita reticências. Não entrei lá para ser amigo da galera, eu gosto, tenho uma relação de cordialidade, mas rolou muita resistência sim”, disse.
Questionado sobre o que poderia mudar na CMM, o vereador respondeu que não adiantaria ‘trocar seis por meia dúzia’, e alegou que o papel fundamental é da população, que deve votar com consciência.
“Não adianta você achar que vai ter uma Câmara melhor se você cidadão usou seu voto em troca de benefício pessoal. […] Sendo vereador já de mandato ou os que querem entrar, não é possível quem em 1.200 candidatos você não ache alguém que aparente ser uma pessoa capacitada e honesta”, afirmou.
Como pré-candidato, Rodrigo Guedes foi questionado sobre o motivo de tentar a reeleição e, ao responder, o atual vereador afirmou que a missão é mostrar que o seu atual mandato teve importância na vida da população.
“Eu entendo que pelo menos uma reeleição você precisa se colocar à prova e ver o que as pessoas acharam, avaliaram […], outra coisa é você ver na urna […] Entendo que eu cumpri uma função importante de ser uma espécie de vigia da população, estar ali com a lupa, fiscalizando as obras, os projetos. Eu te garanto que a maioria ali nem lê os projetos, votam porque são da base ou oposição”, alegou.
PP e Roberto Cidade
Para disputar o pleito em outubro, Guedes se filiou ao Progressistas, que faz parte do arco de alianças do pré-candidato Roberto Cidade. Ao comentar sobre o cenário do partido no pleito, Guedes disse que acredita na possibilidade do PP eleger até quatro vereadores.
“Nosso partido vai ter uma boa participação no pleito, temos chances de fazer uma bancada com três ou quatro vereadores e vamos para guerra”, avaliou. O vereador de Manaus também comentou sobre a proximidade com o pré-candidato Roberto Cidade que, segundo ele, foi quem o ajudou a definir o partido para o pleito deste ano.
“Nosso partido está no arco de alianças. Ele foi uma pessoa que resolveu para mim essa história de partido, eu não conseguia partido para me candidatar, peguei quase uns 20 nãos, todos eu ligava ou me encontrava com o ‘dono’ do partido que me falavam que não dava”, disse.
Ao falar sobre o apoio à pré-candidatura de Roberto Cidade, o vereador afirmou que o pré-candidato age com diálogo e afirmou que é deste tipo de política que o Executivo precisa. “Ele foi uma pessoa que no final acabou conseguindo resolver […]. Ele tem uma qualidade política muito legal que é o diálogo, muito acessível. A política, principalmente no Executivo, tem que ter alguém que consiga dialogar e receber as manifestações contrárias sem ficar com birrinha ou tratar como inimigo”, comentou.
Presidência da CMM
Como vereador finalizando o mandato, Guedes passou por duas presidências na Câmara: David Reis (Avante) e Caio André (UB). Questionado sobre a opinião em relação a gestão do vereador do Avante, o parlamentar avaliou como “catastrófica”.
“Acho que a do David Reis é a pior da história, muitos escândalos, ele quase nem ia na Câmara, aliás, ele quase não vai. […] Foi catastrófica a gestão dele, muitos escândalos, foi um período muito ruim na história da Câmara e tinha um lado bem ruim que, sem falar nada, ele me perseguia: não botava meu projeto para votar, eu quase não aparecia nas redes sociais da Câmara”, pontuou.
Sobre a atual gestão de Caio André, ele afirmou que existem pontos que ainda é preciso melhorar, mas destacou que o atual presidente da CMM é bastante democrático. “Vejo que o Caio é muito mais democrático, ele dá espaço para todos, mesmo os que não votaram nele. Melhorou muito”, disse.
Prefeitura de Manaus
Apesar de ser oposição declarada da gestão de David Almeida, Rodrigo Guedes avaliou a Prefeitura de Manaus, nos últimos anos, com a nota 7. De acordo com ele, a gestão atual fez um bom trabalho, mas pecou em alguns pontos.
“Não sou daqueles que vê tudo negativo, só acho que a gente não atacou os pontos mais caóticos da cidade, aqueles problemas históricos”, afirmou.
Ao falar sobre os problemas, ele afirmou que a gestão de Almeida trabalhou superficialmente e fez uma gestão analógica. “Os problemas não foram atacados na raiz, foi feito só um paliativo, coisas superficiais. Acho que se fez usar muito pouco a tecnologia, é uma gestão muito analógica”, disse.
Jogo das Cartas
Ao iniciar o Jogo das Cartas do Debate Político, Guedes comentou sobre o vereador Sassá (PT), o qual ele já teve alguns embates na tribuna da CMM. O vereador afirmou que ambos tem uma boa relação, mas apontou que Sassá é da “ultra base” do prefeito.
“Pessoalmente tenho uma relação bem cordial com ele, a gente até foi atacante no mesmo time. Agora, ele é um vereador da base do prefeito, eu o classifico como ultra base, isso não vai mudar a vida de ninguém, com todo respeito a ele, mas se tiver uma denúncia, ele não vai querer investigar e vai querer blindar o prefeito”, avaliou.
O vereador Capitão Carpê (PL) foi o segundo político a ser avaliado pelo entrevistado da semana. De acordo com Guedes, o mandato do parlamentar é bom e o mesmo tem exercido, de fato, a função.
“Temos uma relação muito boa, ele no início foi da base do prefeito e depois começou a atuar de forma mais independente. Hoje, entendo que ele tem atuado de uma forma que eu entendo como importante para a cidade […], ele tem um bom mandato, gosto do mandato dele, me copia de vez em quando, mas tudo bem”, comentou.
O governador Wilson Lima (UB) foi outra personalidade política comentada por Guedes. Ao falar sobre, ele destacou pontos positivos da gestão do governador, mas afirmou que o mesmo precisa se atentar com a saúde e a segurança pública no Amazonas.
“O governador tem um ponto bem positivo na área social, alguns programas bem interessantes. Ele tem dado um olhar diferenciado para o interior do Estado […], ele é muito diplomático, não fica perseguindo. Eu entendo que ele precisa ter um foco na questão da saúde e segurança pública, esses dois ainda estão um gargalo”, alegou.
O pré-candidato a prefeito Amom Mandel (Cidadania) também foi sorteado por Guedes no Jogo das Cartas. O vereador relembrou os tempos em que ambos dividiram cadeira na CMM, mas disse também que Amom esqueceu de cumprir seu mandato como deputado federal e focou mais nos problemas de Manaus do que no do Brasil.
“Tive uma relação muito próximas, teve uma espécie de aliança política, tínhamos um acordo para ele disputar como federal e eu como estadual, mas meu partido não deixou e ali tivemos uma espécie de rompimento. Mas, ele tem pautas muito próximas a mim e visão de mandato muito próximos ao meu. Ele é muito inteligente e tem uma visão muito aguçada […]. Só tenho uma consideração em relação a ele, até para ser pré-candidato a prefeito, ele negligenciou um pouco o mandato de deputado federal”, afirmou.
A última carta sorteada foi a do presidente da CMM Caio André. Para Guedes, a gestão do vereador a frente da Mesa Diretora é democrática e ele dá espaço para todos os vereadores. “Ele é democrático com os 40 vereadores, ele divulga os vereadores, dá espaço, não persegue os que não votaram nele, dá espaço para a base do prefeito, isso é uma característica bem interessante como presidente. Alguns pontos, acho que a Câmara poderia melhorar, mas se formos observar, a gestão dele foi bem positiva”, disse.
Confira a entrevista na íntegra:
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Por Camila Duarte
Foto: Marcus Reis
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