Os deputados membros da CPI da Saúde na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam), que silenciaram ontem, 29/6, durante o depoimento do deputado estadual Fausto Júnior (MDB), na CPI da Covid, no Senado, hoje resolveram fazer duras críticas ao colega durante a sessão plenária desta quarta-feira, 30/6. As críticas ocorreram após a repercussão da fala de Fausto Júnior, relator da CPI da Saúde, ao dizer que propôs o indiciamento do governador Wilson Lima (PSC), mas que os demais membros da comissão não teriam aprovado.
A fala foi considerada infeliz e bastante criticada pelos demais parlamentares, além de ter sido desmentida pelo presidente da CPI da Saúde, deputado Delegado Péricles (PSL). Diferentemente do que publicou ontem em suas redes sociais, quando teceu elogios ao depoimento de Fausto Júnior, hoje, após apagar a postagem, Péricles afirmou que a declaração de Fausto não corresponde à verdade.
Veja a postagem apagada:
Já na postagem desta quarta-feira, Péricles cobrou Fausto e afirmou que não foi proposto pelo relator o pedido de indiciamento do governador do estado do Amazonas, Wilson Lima no relatório final e em nenhum momento na CPI da Saúde.
“Com a exceção, infelizmente, de um único deslize, que eu acredito que por conta da pressão daquela CPI da Pandemia no Senado, de quem vai ali, da forma que aconteceram os fatos de ontem, ele falou algo que não corresponde à verdade dos fatos que corresponde à CPI da Saúde. E eu tenho a obrigação, como presidente da CPI, de repor a verdade em relação a esse fato. Não foi proposto pelo relator o pedido de indiciamento do governador do estado do Amazonas no relatório final e em nenhum momento na CPI da Saúde”, afirmou o deputado durante discurso na assembleia.
Veja a postagem sobre o tema:
Contestação – Péricles em seu discurso destacou que Fausto Júnior até se retratou sobre a fala no decorrer de seu depoimento, mas apenas a fala inicial viralizou na mídia nacional e por isso o esclarecimento foi necessário.
“Na verdade há um entendimento por se tratar de crime comum, que não cabe o indiciamento do governador, assim como não cabe o indiciamento do presidente da República no seio da CPI do Senado. Portanto, é uma questão jurídica e os fatos, havendo indícios do crime do governador, foram encaminhados à procuradoria que o denunciou com base no nosso trabalho. Então é importante o esclarecimento desses fatos, porque em nenhum momento houve o pedido de indiciamento do governador”, afirmou.
O deputado Serafim Corrêa (PSB), que também foi membro da CPI da Saúde no Estado, disse entender a pressão ao qual estava sendo submetido o deputado Fausto Júnior, mas também usou sua fala para esclarecer os fatos em torno do indiciamento de Wilson Lima.
“Não é fato que ele tenha proposto o indiciamento do governador e que nós, outros membros da CPI, eu, Péricles, Wilker e Gomes tenhamos derrubado em votação. Essa proposta nunca ocorreu e essa votação também não. Eu quero que isso fique claro, porque se não amanhã nós seremos os vilões. Nós não podemos assumir esse ônus de uma coisa que não ocorreu. Eu entendo que ele ontem sob pressão, pancadaria de todo lado, terminou fazendo aquela afirmação que no último ato, respondendo à senadora, terminou dizendo que não tinha proposto. Mas o problema é que as redes sociais são implacáveis e pegaram só o trecho em que ele diz que propôs”, concluiu o parlamentar.
Demais membros – O assunto foi levantado e desmentido por outros integrantes da CPI da Saúde, como o deputado Wilker Barreto (Podemos), que também fez críticas ao colega e cobrou mais uma vez um posicionamento da Assembleia em torno das ações do governo do Estado no âmbito da pandemia.
“O colega Fausto errou em dois pontos, no que diz respeito a ter passado publicamente que propôs o indiciamento do governador, que para mim, líder da oposição seria um sonho. Isso não aconteceu. E o segundo ponto dizendo que o objeto da CPI da Saúde não está claro. Pelo contrário, está claro. Tem propostas aqui. A Assembleia Legislativa ontem passou vergonha nacionalmente. Nós fomos cobrados no Brasil. Todos os senadores da República questionaram o porquê desta Casa não estar investigando o governador”, lamentou o deputado.
Para ele, a Assembleia poderia ter tido outras ações, principalmente após a Procuradoria Geral da República (PGR) ter denunciado o governador Wilson Lima. “Aqui vai minha crítica. Quando o governador foi denunciado pela PGR esta Casa não poderia ter feito ouvido de mercador. Por isso, nós precisamos investigar a pandemia. É um pedido da República. Na medida que o STF analisou e falou que cabe as assembleias investigar os gastos. Se a Aleam não abrir a CPI da pandemia, ainda nesta semana, o recado que dará ao Brasil é que aqui existe um pacto com o governo e não com o povo”, reforçou Wilker.
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Por Izabel Guedes
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