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domingo, novembro 24, 2024

Vladimir Putin ameaça retomar testes com armas nucleares

Em seu discurso anual na 20.ª reunião do Clube Internacional de Discussão Valdai, o presidente russo voltou a falar sobre armas nucleares

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O presidente russo, Vladimir Putin, voltou a falar sobre armas nucleares na sua disputa com o Ocidente em torno da Guerra da Ucrânia, ameaçando retomar testes de ogivas atômicas para serem empregadas em seus novos mísseis estratégicos.

Em seu discurso anual na 20.ª reunião do Clube Internacional de Discussão Valdai, entidade ligada ao Kremlin, Putin afirmou que a Rússia poderia voltar atrás na ratificação do Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares.

“A Rússia assinou e ratificou o tratado, mas os Estados Unidos só assinaram. Os cientistas dizem que novas armas precisam ter suas ogivas testadas. Eu não sei dizer agora se os testes são necessários, mas diria que podemos ter uma volta atrás na ratificação”, afirmou.

O presidente disse que “isso é com os parlamentares”, o que não significa muita coisa, dado que o Legislativo russo é totalmente alinhado ao Kremlin.

Putin respondia a uma questão sobre o tema, que voltou à baila nesta semana após a influente diretora da rede de TV estatal RT, Margarita Simonian, ter defendido explodir uma bomba atômica em um local desabitado da Sibéria para alertar o Ocidente acerca dos riscos de seu apoio continuado a Kiev.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, negou tal intenção, mas Putin recolocou a bola em campo. Afirmou também que os testes com o míssil de cruzeiro de propulsão nuclear Burevestnik foram completados, como analistas suspeitavam, e que ele está pronto para a produção.

“Faltam apenas detalhes legais e burocráticos”, disse o russo, afirmando, assim, ter encerrado o ciclo de desenvolvimento das seis “armas invencíveis” que havia anunciado ao mundo em 2018, para grande ceticismo de observadores militares.

Aquela de produção mais conturbada, o Burevestnik, é descrita como um míssil que voa com autonomia indefinida, como um drone nuclear esperando para atingir seu alvo. Os mísseis hipersônicos Tsirkon e Kinjal já estão em operação, assim como o modelo balístico intercontinental pesado Sarmat. Completam a lista o torpedo nuclear Poseidon e uma nunca detalhada arma a laser.

O tratado que baniu testes nucleares de todo tipo foi elaborado em 1996, mas não entrou em vigor porque 8 dos 44 Estados que participaram de sua negociação, cuja ratificação do texto era condição para tal, não o fizeram ainda, incluindo os EUA. Acordo anterior, de 1963 e ratificado pelas potências, vetava todos os ensaios, exceto os subterrâneos.

Moscou e Washington detêm 90% das cerca de 12,5 mil ogivas nucleares no mundo, herança da corrida armamentista da Guerra Fria, encerrada em 1991 com o fim da União Soviética. No começo deste ano, Putin suspendeu a participação russa no último tratado de controle de armas estratégicas, aquelas mais poderosas que visam aniquilar cidades e encerrar guerras.

Foi um de seus passos para lembrar os rivais no Ocidente de que a Rússia que combatem, indiretamente, na Ucrânia, fornecendo armas, treinamento e inteligência para Kiev, é uma potência nuclear. Isso tem levado ao ritmo compassado de entregas: tanques pesados só foram dados aos ucranianos após mais de um ano de guerra, e caças ocidentais seguem sendo uma promessa.

A ameaça de Putin ocorre no mesmo dia em que o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, se encontrou com líderes da Comunidade Política Europeia, grupo que reúne os apoiadores de Kiev na guerra, em Granada (Espanha).

Leia mais: Câmara dos EUA destitui presidente da casa pela primeira vez na história

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Por July Barbosa com informações BBC

Revisão textual: Vanessa Santos

FOTO: Divulgação

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