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domingo, novembro 24, 2024

Em “luto”, bolsonaristas alegam que não há motivo para comemorar o Dia da Independência

Da política do "fique em casa" a doações de PIX, bolsonaristas pretendem boicotar as comemorações do 7 de setembro

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As bandeiras do Brasil e as camisas da seleção brasileira não devem ser parte da vestimenta dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro neste 7 de setembro. Nas redes sociais, os bolsonaristas organizaram uma manifestação e pretendem “boicotar” as comemorações do Dia da Independência.

A imagem que circula na internet desde o começo da semana estampa o “luto” dos bolsonaristas no dia 7 de setembro. Além das cores preto e branco, os apoiadores ainda alegam que “não há nada para comemorar” e ainda pregaram o “fique em casa”, na data em que ficou marcada pelos atos de patriotismo dos apoiadores de Bolsonaro, no ano passado.

No Amazonas, os apoiadores não devem agir diferente. Movimentos de direita compartilharam a manifestação e destacaram que não haverá comemorações pelo Dia da Independência do Brasil.

Ao Portal O Convergente, a socióloga e historiadora Dra. Tereza Ramos explicou que o ex-presidente Bolsonaro transformou o Dia da Independência em símbolos nacionais para fortalecer o eleitorado, mas que as comemorações ganharam forças nos governos de Getúlio Vargas e no Regime Militar.

“Os períodos históricos onde mais se laureava a data foram nos governos de Getúlio Vargas e no Regime Militar, que inclusive atribuiu ares de ato político ao Sete de Setembro. Antes desses governos, os festejos aconteciam de forma espontânea. O que o ex-presidente Bolsonaro fez com as datas e símbolos nacionais foi usá-los no sentido de fortalecer a coesão no eleitorado específico dele, que eram seus apoiadores”, afirmou.

A Dra. Tereza Ramos ainda comentou que o dia 7 de setembro acabou se tornando um ato político para os apoiadores do ex-presidente Bolsonaro. Com a saída dele da presidência, não há mais motivos para comemorações.

“Eles estão sem motivos para comemorar, porque o 7 de setembro acabou se tornando um ato político para esse grupo. Como não tem mais esse ato, então eles deixam de ter um motivo relevante para fazer essa comemoração”, explicou.

Doação de PIX

Outro ponto que surgiu como forma de “protesto” dos bolsonaristas foi a arrecadação de dinheiro para o ex-presidente Bolsonaro via PIX. A ideia é enviar o valor de R$ 1 para o ex-presidente, no intuito de mostrar que “ninguém se arrependeu de seu voto”.

“Cada PIX deve ser postado nas redes no dia 7. Esta será a mais nova manifestação do dia 7 de setembro para a nação brasileira”, diz uma mensagem nas redes sociais. O Portal O Convergente entrou em contato com um dos membros de um grupo bolsonarista em que a mensagem circulou. Ele informou que não sabe a origem da mensagem, apenas compartilhou.

No primeiro semestre de 2023, aliados bolsonaristas fizeram uma campanha de arrecadação de PIX para o ex-presidente fazer o pagamento de multas. Na época, ele recebeu mais de R$ 17 milhões, que devem ser investigados pela Polícia Federal, para saber se houve fraudes e suspeita de lavagem de dinheiro.

Segundo a socióloga Dra. Tereza Ramos, não há problemas em fazer uma arrecadação para o ex-presidente Bolsonaro. “Partindo do princípio de que todo ser humano tem liberdade de pensamento, então todo ser humano é livre para pensar e para manifestar seu pensamento, isso está tanto na declaração universal quanto na própria Constituição Federal”, justificou.

“Então, se o Bolsonaro entendeu que isso também era um meio de manter a coesão social entre o seu grupo, seu eleitorado, fazendo essas doações, se ele entende que isso é uma das estratégias políticas dele, então ele está exercendo seu direto”, explicou.

A também historiadora ainda ressaltou que o Código Civil Brasileiro explica sobre o princípio da doação, o que se relaciona com os ideais do eleitorado. “O eleitor que entende que pode doar, também não há nada que impeça, inclusive tem no Código Civil Brasileiro um artigo que fala sobre o princípio da doação, da liberdade de doação de bens, e isso se relaciona na própria questão de o eleitorado fazer uma doação ao ex-presidente, consciente do que está fazendo”, destacou.

Políticos bolsonaristas

O Portal O Convergente procurou os principais políticos bolsonaristas do Amazonas para questionar sobre as comemorações do 7 de setembro. A assessoria do deputado federal Alberto Neto (PL) não esclareceu a agenda do parlamentar no Dia da Independência, porém, as redes sociais do político não fazem alusão ao dia.

A deputada estadual Débora Menezes (PL) tem usado vestimentas nas cores da bandeira brasileira e estampado o rosto do ex-presidente Bolsonaro em algumas publicações. A assessoria da deputada informou que a mesma deve cumprir ações no interior do Amazonas.

Já Coronel Menezes está em viagem e deve passar o dia 7 de setembro fora do Amazonas, de acordo com a assessoria do político. Ele também deve aderir à manifestação do “fique em casa”, uma vez que é amigo íntimo de Bolsonaro e um dos principais defensores do ex-presidente no Estado.

No cenário nacional, políticos bolsonaristas também aderiram à manifestação no dia 7 de setembro. A deputada federal Bia Kicis (PL) usou a tribuna da Câmara para falar sobre o protesto que ganhou força em todo Brasil.

“Infelizmente, nós não temos o que comemorar politicamente no dia 7 de setembro. Eu não irei para as ruas. E se tiver algum brasileiro que queira ir para as ruas, que não seja apoiador do desgoverno, que vá de preto”, disse.

Em vídeo publicado nas redes sociais, o deputado federal Zé Trovão (PL) destacou que a data será um dia para manifestar “insatisfação e indignação através do luto e do silêncio”. “Vamos mostrar que nós não apoiamos esse desgoverno, que esse desgoverno não representa nosso país e que nós queremos o impeachment em breve de Luiz Inácio Lula da Silva”, frisou.

Além de apoiar o boicote, o senador Magno Malta (PL) ainda criticou as Forças Armadas, que farão o tradicional desfile pelas ruas de Brasília. “Será um 7 de setembro das Forças Armadas, que hoje fazem continência para bandido, junto com o MST, junto com a CUT (Central Única dos Trabalhadores), dando continência para bandido, para ex-presidiário. E vai ser o nosso fique em casa. Eu soube até que as Forças Armadas estão chateadas conosco. Mamãe, me acorde, estou sem dormir por causa disso”, ironizou.

Segurança reforçada

Nessa terça-feira (5), o Ministério da Justiça e Segura Pública autorizou o apoio da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) ao governo do Distrito Federal, durante o desfile cívico-militar de 7 de setembro.

Segundo a publicação do Diário Oficial da União, a Força Nacional atuará em conjunto com a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal para auxiliar na proteção da ordem pública e do patrimônio público e privado, da União e do Distrito Federal.

Este ano, o slogan das festividades é “Democracia, soberania e união”. A Esplanada dos Ministérios já conta com estruturas montadas de palanques e arquibancadas, além de banners decorativos nas fachadas dos prédios públicos.

O início do desfile está previsto para as 9h, horário de Brasília, desta quinta-feira (7), com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outras autoridades.

Leia mais: MP pede ao TCU que ordene que Bolsonaro entregue todos os presentes recebidos em seu mandato

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Por Camila Duarte

Revisão textual: Vanessa Santos

Ilustração: Marcus Reis

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