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sábado, novembro 23, 2024

Violência nas escolas é tema de debate no programa ‘Erica Lima Conversa’ e discussão precisa ser ampliada

Especialistas destacaram durante o bate-papo que é necessário ampliar a discussão para todas as instituições sociais e combater as causas e não as consequências, principalmente com a efetivação da Lei Federal Nº 13.935, de 11 de dezembro de 2019, que determina a presença de psicólogos e assistentes sociais no espaço escolar em todo o Brasil

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O programa “Erica Lima Conversa” dessa terça-feira 11/4, do Portal O Convergente, trouxe um tema que vem se tornando recorrente em todo o país, no caso, a violência nas escolas e os atentados praticados dentro das unidades escolares em todo o país, quer sejam cometidos por alunos, quer sejam por pessoas externas.

No mês de março e agora em abril vários ataques ocorreram em algumas cidades, em um deles quatro crianças foram mortas, o referido ataque ocorreu em uma creche em Blumenau, em Santa Catarina, inclusive nessa segunda-feira, 10/4, um adolescente fez um ataque a colegas e a professora em uma escola privada de Manaus.

Durante a conversa, estiveram participando a assistente social e mentora de carreira, Isabela Nunes e o professor e gestor escolar Jezanias Souza, com a mediação da apresentadora Erica Lima, que também é assistente social.

Para o gestor escolar, estas questões estão claramente orquestradas e que os indivíduos por trás disto quando querem ferir uma sociedade pegam os pontos mais vulneráveis, como as crianças.

“Eu acredito que está tudo muito bem orquestrado e a gente vai discutir aqui algumas situações, mas que nada aparece por acaso e aí você vai pegar os pontos, principalmente para atingir uma determinada sociedade, você vai pegar os mais sensíveis, os mais vulneráveis e onde estão, estão nas nossas crianças. Mexer com criança, você mexe com o brio do pai e da mãe. Essa é uma questão preponderante que devemos partir dela, que é o medo instaurado para paralisar a sociedade, agora, o alcance e o objetivo de quê, é que está a questão, aí eu acho que o Poder Público tem que se preparar para combater, para dar uma resposta ou não deixar que isso aconteça”, pontuou Jozenias Souza.

Jozenias Souza também falou do papel social da escola e que a violência nas escolas é um tema para ser discutido em todos os canais de comunicação.

“A escola era vista como uma casa e ela tem essa simbologia, ela deve ser um local de segurança em primeiro lugar, de acolhimento, de paz e um local sobretudo de aprendizagem, esse é o papel social da escola. Há dez anos atrás não tinha esse patamar de situações e de uma hora para outra você vê acontecendo em vários lugares ao mesmo tempo, uma coisa coordenada. No Brasil, fora do Brasil, você via nos Estados Unidos com muito mais frequência e lá a questão é tão mais brutal como as que estão acontecendo aqui”, pontuou o professor, analisando que a discussão da situação da violência na escola, que segundo ele, não é um fato que começou a ter visibilidade e assiduidade só agora, é um tema que precisa ser amplamente discutido.

A assistente social Isabela Nunes ressaltou que embora estas ações pareçam assustadoras, o momento é de se adotar “medidas racionais” e de que os pais também precisam refletir sobre os cuidados com os filhos.

“A gente tem que ser muito racional neste momento e entender que, embora pareça muito assustador, a gente precisa tomar medidas efetivas. Não adianta a gente ficar nos grupos de WhatsApp discutindo e encaminhando notícias se a gente não se posicionar de fato, como estamos fazendo aqui, seja cobrando das escolas, do meio público e dos governantes um posicionamento, e, também de nós mesmo como pais, fazemos a nossa autorreflexão”, destacou Nunes, ponderando que é preciso saber e identificar de onde estão vindo estes problemas.

A mediadora desta entrevista, Erica Lima também defendeu a questão da necessidade de uma equipe multidisciplinar nas escolas, principalmente quanto ao cumprimento da Lei Federal Nº 13.935, de 11 de dezembro de 2019, que determina a presença de psicólogos e assistentes sociais no espaço escolar em todo o Brasil e que nem todas as redes educacionais possuem a presença destes profissionais, que poderiam e muito, amenizar os impactos da violência nos espaços escolares.

“Há também necessidade, principalmente das mudanças societárias que a gente está tendo, que são os mesmos problemas, mas com outra roupagem. A gente está na era digital e a gente precisa de uma equipe multidisciplinar para trabalhar dentro das macros e da micros necessidades que são também a inserção de assistentes sociais e a psicólogos nas escolas, porque o professor ele já está fazendo milagre, mas ele é um educador, ele tem a competência pedagógica e técnica de seu conhecimento e ele já faz tanta coisa ali, mas existem outros profissionais que podem somar”, destacou Erica Lima.

Situação complexa 
“Existe a ponta do iceberg que é a questão do bullying parental, existe tudo que está por baixo, nunca é só uma causa, nunca é por um único fator, são a soma de vários fatores. A questão social, a mudança social e toda essa questão do acesso à informação, a internet é a acessibilidade que nossos filhos têm, esses discursos, enfim, tudo isso e muito mais. Então não pode jamais tratar uma situação tão complexa dessa por um único viés, a segurança pública ou é tudo culpa dos pais, na parentalidade ou é tudo culpa do bullying, não são. Cada pessoa, eu acredito, que vai responder por exemplo, uns talvez não sofram bullying, mas vão ser acessados por algum grupo de extrema, que vai de alguma forma captá-lo ou cooptá-lo. Enfim, outros já vão ser por uma questão ali do acesso a Darkweb, hoje em dia esses meninos têm acesso a tudo, então são várias possibilidades e várias portas se abrem para que uma coisa dessas chegue a acontecer”, disse Isabela Nunes.

O gestor Jezanias Souza, destacou que se a mente está desocupada outros vão ocupar esta mente de alguma forma e pode ser da pior forma possível, o mesmo também comentou sobre os perfis dos agressores.

“Os perfis são geralmente de jovens, homens do sexo masculino, de 10 a 25 anos, essa faixa etária me chamou atenção e também o fato da grande maioria ou casos que se apresentaram serem do sexo masculino. As causas iniciais, porque agora parece que a coisa já não é mais tanto o bullying, já é um disparo que já ultrapassou, mas inicialmente tinha como o “carro-chefe” o bullying. Depois o isolamento social, outro também, pessoas que sofrem ou apresentam transtornos mentais diagnosticados e não diagnosticados, mas em tese sim, pegando assim a grosso modo, seriam essas as pessoas, desses perfis que se apresentam como agressores, como pessoas violentas dentro das escolas”, disse o gestor.

Os especialistas também defenderam a adoção de medidas estruturais imediatas, como a segurança nas escolas, mobilização das instituições educacionais e universitárias nesta questão, além de, políticas públicas educacionais e recursos para implementação dessas medidas.

Mais temas 
Outros temas também foram discutidos durante o programa “Erica Lima Conversa”, como a instalação de botão de risco nas escolas; a suspensão de aulas pedida por parlamentar do Amazonas; interlocução entre a comunidade escolar e a família; saúde mental, física e psicológica; disseminação do Nazismo, era tecnológica, acesso às redes sociais; terapias, métodos para tratar o emocional; garantias educacionais; medidas de segurança, dentre outros.
Confira mais detalhes desta discussão sobre violência nas escolas:

 

Leia mais: Especialistas alertam sobre a segurança das escolas, após o ataque a creche em Blumenau

 

Por Edilânea Souza

Foto e Ilustração: Marcus Reis

Revisão textual: Érica Moraes

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