O ex-presidente Michel Temer (MDB) afirmou nesta quinta-feira, em entrevista ao canal CNN Brasil, que foi procurado por um interlocutor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para tratar de um eventual apoio à candidatura do petista à Presidência da República. Segundo Temer, ele declinou do convite para um encontro com Lula, mas disse ser “natural” haver diálogo.
Temer respondia sobre a intenção de quadros do MDB de apoiar a candidatura de Lula, a exemplo do senador Renan Calheiros (AL) e do ex-senador Eunício Oliveira (CE). Na versão do ex-presidente, ele próprio foi procurado recentemente por uma “pessoa muito elegante” ligada a Lula para discutir a campanha deste ano.
O emedebista, porém, disse ter recusado o convite porque dias antes o pré-candidato do PT havia criticado publicamente sua gestão, durante discurso em um sindicato. Temer assumiu a Presidência após o impeachment de Dilma Rousseff (PT), em agosto de 2016, de quem era vice.
“É natural que haja diálogo entre os vários setores. Com o presidente Lula não estive. Num dado momento fui procurado por uma pessoa, uma pessoa muito elegante ligada a ele”, relatou Temer.
“Eu senti que ele [Lula] falou para a base dele, ele disse ‘o presidente Temer e o presidente Bolsonaro destruíram o país’. Eu disse [para o interlocutor]: ‘Você veja que fica mal’. Eu compreendo o presidente Lula ao dizer isso. Ele não está falando para mim, falou para a base dele. Mas evidentemente que nesse momento nós vamos conversar como conversei no passado”, complementou.
O MDB trabalha atualmente com a pré-candidatura da senadora Simone Tebet à Presidência. Na entrevista, Temer disse apostar no crescimento da senadora nas pesquisas de intenção de voto (nas sondagens mais recentes ela registra 1%), mas falou que é natural que lideranças regionais, em especial no Nordeste, sinalizem intenção de apoiar Lula.
Temer afirmou que ainda é cedo para definir alianças e que não recusará convite para conversas no futuro, mas sinalizou que os diálogos serão feitos com base em propostas. “Quero a coisa escrita”.
“Conversar é o que tipifica a democracia. Não pode se recusar, se alguém te procura, porque, vamos dizer, ‘não vou com a cara dele’. Simplesmente tem que dialogar. Pode tentar influenciar. Quero a coisa escrita. Conversar não condena ninguém, pelo contrário, enaltece”, disse.
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Da Redação com informações do Valor Econômico
Foto: Divulgação


