Um relatório técnico, contendo os principais dados coletados sobre o serviço prestado pela Amazonas Energia, apontou que mais da metade dos municípios do Estado tem sofrido constantemente com apagões, racionamentos, e preços abusivos na conta de energia. O assunto foi destacado pelo diretor-presidente da Associação Amazonense de Municípios (AAM), Jair Souto (MDB), em depoimento na CPI da Amazonas Energia, nesta quarta-feira, 3/11.
Na ocasião, Souto que também é prefeito de Manaquiri, falou sobre as irregularidades na geração e distribuição de energia elétrica apontados pelos moradores do interior do Amazonas. Durante a oitiva com os integrantes da comissão, ele apresentou um relatório técnico contendo os principais dados coletados relacionados à concessionária.
O documento, com detalhes repassados pela população, destacou os principais problemas na prestação dos serviços executados pela Amazonas Energia.
“No que tange à qualidade dos serviços de energia elétrica prestados aos municípios, tanto nas áreas urbanas quanto nas áreas rurais, destacou-se o maior grau de insatisfação com relação ao serviço prestado na área rural, em que 69,4% declararam insatisfação, enquanto a área urbana apresentou 56,4%”, declarou Jair Souto.
O relatório técnico mostrou que com relação ao racionamento de energia, 59,2% dos entrevistados responderam que a prática ocorre de forma frequente. Quando questionados sobre os blecautes, 75,5% disseram que os apagões são corriqueiros.
Já em relação a cobranças indevidas ou abusos na cobrança da tarifa de energia, 72,1% afirmaram ser uma prática muito frequente. Quando perguntados sobre a manutenção e ampliação da rede elétrica pela concessionária de energia, 52,4% responderam que raramente ocorre.
Ação judicial – Quando questionado, pelo presidente da CPI, deputado Sinésio Campos (PT), sobre a atuação da AAM em ajuizar ações contra a concessionária, Souto explicou que a entidade não tem legitimidade para esse tipo de atuação.
“Nós promovemos representatividade, mas quem pode ajuizar ações são os próprios municípios e até o presente momento nenhum nos procurou em busca de apoio ou orientação para isso”, esclareceu.
Na ocasião o deputado Dermilson Chagas ( Podemos ) questionou qual o impacto que as prefeituras tem em relação ao mau serviço prestado pela empresa.
“O mesmo grau de insatisfação da sociedade, que é grande. O que podemos mensurar é o aumento da tarifa, que tem um grande impacto no interior, especialmente nos pequenos e micro empresários, que arcam com um custo elevado e recebem um serviço de distribuição irregular”, respondeu Souto.
A Comissão pediu que o prefeito envie os relatórios, com dados adicionais solicitados durante o depoimento, nos próximos dias.
Pesquisa – O questionário utilizado para a pesquisa foi elaborado com base em informações solicitadas pela CPI e em alguns critérios empregados na pesquisa de satisfação aplicada, periodicamente, pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). A mesma é feita para avaliar a qualidade na prestação desse serviço em todo o país.
O instrumento utilizado foi composto por dez perguntas, sendo nove objetivas e uma subjetiva. Nas questões objetivas foi utilizada a escala Likert, metodologia bastante usada em perguntas de opinião e satisfação. Já a subjetiva com o intuito captar a opinião dos entrevistados de forma qualitativa.
A pesquisa foi feita pela AAM entre os dias 25/10 e 1/11 deste ano, com 144 pessoas, entre prefeitos, vereadores, funcionários públicos e consumidores dos 61 municípios do interior
População – Nas oitivas desta quinta-feira, 04/11, a comissão vai ouvir os consumidores Venceslau de Araújo Botelho e Marcelo Medeiros, que sofreram arbitrariedades dos terceirizados da Amazonas Energia. Além dos dois, o vereador de Iranduba Luís Carlos Velho (Republicanos), será ouvido pela comissão.
“Vamos convocar cidadãos comuns porque queremos que a população tenha voz nesta CPI. O senhor Wenceslau, por exemplo, teve um vídeo repercutido na internet após filmar funcionários da Amazonas Energia verificando a rede de energia de um cliente sem autorização. No vídeo os funcionários disseram que bateram palma e ninguém atendeu, entretanto, subiram e verificaram da mesma forma”, explicou o parlamentar
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Da Redação com informações da assessoria de imprensa
Foto: Danilo Mello/Aleam