A polêmica envolvendo a possível construção do 2º prédio anexo à Câmara Municipal de Manaus (CMM) no valor, aproximado, de R$ 32 milhões causou indignação em parte da população. Apesar de ter sido temporariamente barrada pela Justiça, após ação popular dos vereadores Rodrigo Guedes (PSC) e Amom Mandel (Sem partido), o presidente da Casa, David Reis (Avante) não abriu mão de seguir com a obra que, segundo ele, tem o objetivo de garantir mais isonomia entre os parlamentares.
O projeto contou com a aprovação de todos os vereadores membros da mesa diretora, com exceção do ouvidor Amom Mandel e do corregedor Jaildo Oliveira. Desta forma, não apenas o presidente David Reis, como os demais parlamentares coniventes com a realização da obra do “puxadinho milionário” estão recebendo cobranças da sociedade. Pela imprensa e pelas redes sociais, os eleitores vêm criticando a falta de compromisso dos vereadores com a sociedade em um momento de pandemia, desemprego, inflação e problemas sociais de toda espécie.
A totalidade dos entrevistados mostrou desaprovar a intenção dos vereadores e apontou que o valor milionário poderia ser direcionado para setores que beneficiassem, diretamente, a população.
“Não é uma prioridade. Eles têm zero prioridade com a população que votaram neles. Eu achava melhor investir a verba em segurança pública, Manaus tá muito perigosa, as notícias policiais estão parecendo filme de terror. Eu pegaria essa verba e compraria várias viaturas para guarda municipal, colocava várias rondas dentro da periferia, mas os vereadores só pensam neles”, disse a autônoma, Gisele Morais.
“Não, o anexo não é prioridade. Essa verba deve ser empregada em novas instalações escolares, em novas iniciativas educacionais como conservatórios escolares e também podemos inaugurar novas casas de saúde (UPPS)”, disse o Técnico em Mecatrônica, Rubens Soares.
“Isso me faz sentir luto pelos profissionais de saúde. Ver esse tipo de investimento enquanto muitos profissionais de saúde lutam por condições decentes de salário e um reconhecimento pelo trabalho prestado para a sociedade nessa pandemia é um tremendo absurdo e descaso da Câmara Municipal de Manaus com todos os servidores da Secretaria Municipal de Saúde”, falou o técnico do Samu, Denison Vilar.
“Poderia ser destinada à saúde pública do nosso Estado. Creio que a maioria da população que utiliza o SUS concorda plenamente. Afinal a pandemia veio mostrar o quanto a saúde é ineficiente há vários anos e parece que ninguém se importa realmente com isso, entra e sai governo e continua tudo na mesma. O SUS precário com a população padecendo na fila de espera para uma consulta ou exame”, reclamou a desempregada, Suelem Said.
Em resposta aos questionamentos sociais, uma parcela dos parlamentares que apoiaram a decisão do presidente desativaram ou apagaram os comentários dos seguidores. Entre os vereadores mais incisivos na defesa da construção estão: Wallace Oliveira (Pros), Mitoso (PTB), Glória Carratte (PL) e Diego Afonso (PSL).
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Da Redação
Foto: Aguilar Abecassis