Uma Ação Popular protocolada nesta segunda-feira (24) na 3ª Vara da Fazenda Pública de Manaus pede a suspensão imediata do funcionamento da roda-gigante instalada no complexo turístico da Ponta Negra. O pedido ocorre em meio a dúvidas sobre a legalidade do processo, os alvarás de segurança e um incidente ocorrido no final de semana.
A iniciativa, apresentada pelo vereador Coronel Rosses (PL), exige que a Prefeitura de Manaus, o Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb) e a empresa responsável pela operação apresentem todos os documentos que autorizam a exploração do espaço público e comprovem as condições de segurança do equipamento.
De acordo com o parlamentar, o pedido judicial foi a única forma encontrada para obter acesso às informações sobre a autorização de instalação e funcionamento do equipamento.
Ausência de documentos oficiais
A ação aponta que não há registro no Diário Oficial, no Portal da Transparência ou em qualquer publicação oficial do município que apresente o processo administrativo, termo de cessão, permissão, licitação ou laudos técnicos referentes à instalação e operação da roda-gigante. A falta de transparência levanta suspeitas sobre a regularidade da concessão do espaço público e do funcionamento do equipamento de grande porte.
Outro ponto que chamou atenção é a constituição da empresa Wheel Manaus J.P. Diversões Ltda., criada apenas dois dias antes do anúncio oficial da instalação da roda-gigante, em 18 de novembro de 2025, conforme relatou a ação. Apesar disso, uma nota da Prefeitura citou outra empresa, a H. M. Diversões Ltda., como permissionária da atração.
A divergência entre as empresas reforça a necessidade de esclarecimentos sobre quem, de fato, firmou contrato com o município e quem é legalmente responsável pela operação. A Wheel Manaus, recém-criada, publicou recentemente material publicitário oficial de venda de ingressos, mesmo não constando como permissionária nos documentos que vieram a público.
Incidente reforça preocupações
A Ação Popular também destaca o incidente registrado no sábado (22), quando a roda-gigante travou e deixou usuários presos na parte superior da estrutura, supostamente por falta de energia.
O episódio ampliou as cobranças por documentos técnicos, como laudos de vistoria, Anotações de Responsabilidade Técnica, relatórios de manutenção preventiva, Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros e licenças ambientais.
Segundo a Prefeitura, a administração estaria sob responsabilidade da H. M. Diversões Ltda., proprietária do parque Nene Park. No entanto, a ação destaca que a exploração comercial estaria sendo feita pela J. P. Diversões Ltda., que atua sob o nome fantasia Wheel Manaus.
A sobreposição de empresas, a criação recente da Wheel Manaus e a ausência de publicações oficiais reforçam o pedido de suspensão até que todos os documentos exigidos por lei sejam apresentados e auditados.
Outro lado
Anteriormente, O Convergente havia buscado posicionamento da Prefeitura de Manaus e da empresa H. M. Diversões Ltda., porém não houve retorno.
A equipe do O Convergente voltou a buscar contato com ambas as partes, para obter um posicionamento a respeito.
O Convergente também solicitou uma nota de esclarecimento da empresa Wheel Manaus, citada pela ação popular.
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