As atenções da população têm se voltado para o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus acusados de participação em uma trama golpista. O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou na última terça-feira, 2, a análise do processo, considerado histórico para a democracia brasileira.
O Convergente realizou uma enquete nas redes sociais para ouvir a opinião das pessoas sobre o caso. A principal pergunta: o processo é justo ou trata-se de perseguição política? As respostas mostraram a divisão de sentimentos entre apoiadores e críticos do ex-presidente.
Em quatro horas de votação, a maioria dos internautas, contudo, tem se mostrado apoiador do julgamento envolvendo o ex-presidente, conforme dados da enquete, que já mostram 70% favoráveis e 30% que consideram perseguição política.
Entre os comentários, estão os que declaram a medida como “pura narrativa” e, outros, que classificam a medida como correta.
“Perseguição política com certeza”, afirmou um participante. “Não deveria nem existir, processo feito somente com narrativas”, escreveu outro.
Em contrapartida, houve quem defendesse a condenação: “Justo seria se ele já estivesse cumprindo pena desde a pandemia”.
Outros reforçaram a crítica ao STF: “Claro, é evidente, julgamento sem provas e por perseguição”.
Houve também ironia: “A pergunta deve ser: É justo? E as opções: Sim ou claro”, declarou uma das internautas.
Confira:
Vozes da rua
Nas ruas da capital amazonense, as opiniões também estão divididas. Uma moradora do bairro Cidade Nova, a aposentada Aneli Maciel, de 72 anos, afirmou que o julgamento é necessário para a democracia.
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“Eu acredito que esse julgamento é necessário para mostrar que ninguém está acima da lei. Se houve crime contra a democracia, tem que pagar”, disse.
Já Gerônimo Neto, de 29 anos, enxerga o processo de forma diferente: “Isso é pura perseguição política. Querem acabar com o Bolsonaro porque ele representa uma força que ainda incomoda muita gente”.
No interior do Amazonas, Ronne Maciel, de 24 anos, por outro lado, também acredita que o julgamento é necessário. “Não sou A, nem B. Mas acredito que o julgamento é necessário. Aquilo foi claramente uma tentativa de golpe”, afirmou, ao lembrar dos atos antidemocráticos de 2022.
O julgamento
Bolsonaro e aliados respondem por crimes como organização criminosa, incitação à ruptura do Estado Democrático de Direito e tentativa de impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2023. O caso é comparado a outros episódios internacionais, como a invasão do Capitólio nos Estados Unidos.
Nesta semana, O Convergente tem acompanhado o julgamento do ex-presidente e conversou com especialistas. Para o pesquisador Renan Albuquerque, professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), o caso marca um momento crucial para a democracia brasileira.
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“Temos um julgamento histórico de Bolsonaro e do grupo que participou, junto a ele, de uma tentativa de golpe. O Brasil fez um trabalho que os Estados Unidos não fizeram. Quando houve a tentativa de quebra do Estado Democrático de Direito no Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, os responsáveis pouco foram condenados. No Brasil, é diferente: muita gente já cumpre pena, e o alto escalão do 8 de janeiro de 2023 está sendo julgado. É uma questão histórica”, destacou.
Políticos do Amazonas também se posicionaram sobre o julgamento. Nesta quarta-feira, 4, o governador Wilson Lima disse que a possível condenação do ex-presidente Bolsonaro seria um “erro grave”.
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Outros parlamentares da direita amazonense também teceram críticas para o processo e questionaram os motivos que levaram o ex-presidente ao centro das atenções.
Próxima semana
O julgamento do ex-presidente e de outros sete réus do núcleo 1 da trama golpista deve retomar na próxima semana. A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu isso na tarde de ontem, e a próxima sessão deve acontecer na terça-feira (9 de setembro) pela manhã, quando serão ouvidos os votos dos ministros.
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