Uma ação da Prefeitura de Manaus terminou em confusão, gritos e revolta na tarde desta quarta-feira, 7, no Centro da capital amazonense. Guardas municipais e servidores da Secretaria Municipal de Agricultura, Abastecimento, Centro e Comércio Informal (Semacc) usaram spray de pimenta e força física contra trabalhadores informais — entre eles, uma mulher e um idoso negros — durante a tentativa de fechamento de um depósito na Rua Bernardo Ramos, na Zona Sul.
O local era utilizado por ambulantes como espaço de armazenamento dos carrinhos e materiais de trabalho. Durante a ação, agentes da guarda impediram o acesso dos trabalhadores ao depósito e apreenderam os equipamentos. O resultado foi caos: vídeos compartilhados nas redes sociais mostram cenas de desespero, com gritos, empurrões e violência desproporcional por parte dos agentes públicos.
Em um dos vídeos mais compartilhados, uma mulher negra chega a gritar desesperadamente ao ter seus materiais apreendidos que, possivelmente, eram sua única fonte de renda. “Meus Deus, minhas coisas”, grita, enquanto se afasta aos prantos do local.
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Em outra imagem forte, um idoso negro cai no chão com os olhos ardendo, visivelmente afetado pelo spray de pimenta usado pela guarda para conter a movimentação dos trabalhadores. Ele é socorrido por outros ambulantes, enquanto a ação prossegue com apreensões e gritos de revolta.
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Em outro vídeo, também amplamente divulgado, é possível ver um guarda municipal ferido na região da cabeça. A gravação mostra o servidor com sangramento, aparentemente após ser atingido durante o tumulto. Ainda não há informações sobre como ocorreu o ferimento ou se ele recebeu atendimento médico. O episódio reforça o clima de tensão e confronto generalizado que marcou a ação.
Segundo as informações, o foco da operação era “desarticular carrinhos de comida clandestinos” que não estariam regularizados para o comércio de rua. A ação faz parte do chamado “Mutirão no Centro”, programa lançado pela prefeitura na segunda-feira (5), que prevê o reordenamento urbano da área central de Manaus, mas que, na prática, tem atingido com violência vendedores informais — em sua maioria, pessoas negras e de baixa renda.
Trabalhadores da região criticaram duramente a forma como a ação foi conduzida. “É isso que eles fazem. Essa é a guarda municipal de Manaus”, afirmou um vendedor que presenciou a cena.
A equipe de reportagem de O Convergente entrou em contato com a Prefeitura de Manaus e com a Semacc para esclarecimentos, mas até a publicação desta matéria, não obteve resposta.
