Enquanto os holofotes da política nacional seguem apontados para os polos da polarização, entre discursos inflamados e disputas nas redes sociais, o ex-presidente Michel Temer (MDB) reaparece de forma silenciosa, mas não menos estratégica, nos bastidores do poder. Sem disputar cargo, sem pedir voto, Temer volta ao jogo político como conselheiro de governadores, articulador de alianças e defensor de uma nova proposta de regime: o semipresidencialismo, é o que aponta o marqueteiro político Mateus Sani, nas redes sociais
Temer, hoje com 83 anos, assumiu definitivamente a Presidência da República em 31 de agosto de 2016, após o impeachment de Dilma Rousseff, de quem era vice. Antes disso, ocupou a interinidade do cargo por 111 dias. Governou o Brasil até dezembro de 2018, num período marcado por reformas impopulares, crises políticas e baixa popularidade. Ainda assim, sua atuação é vista com respeito entre lideranças partidárias.
“Enquanto todos olham para os nomes da polarização, um ex-presidente desacreditado volta ao jogo sem pedir voto e sem disputar cargo”, resumiu o marqueteiro político Mateus Sani, nas redes sociais. Segundo ele, Temer tem reunido nomes como Romeu Zema (MG), Tarcísio de Freitas (SP), Eduardo Leite (RS) e outras lideranças da política, articulando uma possível “nova via” com menos barulho e mais cálculo político.
Um coronel político
Mesmo com o ex-presidente José Sarney ainda atuante, Michel Temer surge como uma espécie de último “coronel” da velha política com influência prática no atual cenário. Conhecido pelo estilo formal, institucional e discreto, ele tem atuado, segundo os bastidores, em frentes como mediação de crises, consultoria política e debates sobre reforma de regime de governo.
Em fevereiro, Temer chegou a defender a adoção do semipresidencialismo no Brasil, com validade a partir de 2030. Em entrevista à CNN, afirmou que o modelo atual precisa ser debatido com responsabilidade:
“O Congresso ganhou extraordinário protagonismo. Controla praticamente o orçamento e não tem nenhuma responsabilidade executiva. Deve-se, primeiro, ter um projeto discutido e aprovado pelo parlamento. Depois, sim, submetido a referendo popular”, disse.
A proposta foi formalizada na PEC 2/2025, apresentada pelo deputado Luiz Carlos Hauly (Pode-PR), que também propõe o voto distrital misto. O texto será avaliado pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara e, se aprovado, será analisado por uma comissão especial. O semipresidencialismo prevê um sistema onde o presidente divide o poder com um primeiro-ministro escolhido entre os deputados, seguindo modelo semelhante ao da França.
Crítico aos EUA e defensor da diplomacia
Nessa terça-feira, 23, Temer voltou à cena internacional ao publicar um vídeo em suas redes sociais criticando as ações do governo dos Estados Unidos, como a taxação de produtos brasileiros e o cancelamento de vistos de ministros do STF. Para ele, as atitudes são “injustificáveis e inadmissíveis” e devem ser tratadas com diplomacia, e não com bravatas.
“São inadequações que não se resolvem com ameaças, com retruques ou agressões. Resolve-se pelo diálogo que se faz entre nações, especialmente nações parceiras”, afirmou.
Futuro da política
Diferentemente da nova geração política que aposta em engajamento digital e confronto direto, a política de bastidor, feita em salas fechadas, com papéis na mesa e articulações silenciosas, podem ser o futuro da política, conforme apontam analistas.
“E se o futuro da política brasileira não estiver nas redes sociais, mas nas salas fechadas onde Temer sempre gostou de atuar? Esse carrossel revela como ele voltou ao jogo. E por que você deveria prestar mais atenção”, concluiu o marketeiro Mateus Zani.
Por: Bruno Pacheco
Revisão Jurídica: Letícia Barbosa