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terça-feira, maio 20, 2025

Após prisão de falsa médica, prefeitura e HUGV negam alegações de vínculo; ‘Nunca atuou como médica no hospital’, diz nota

Unidade hospitalar negou vínculo com a mulher, que vinha se apresentando como médica nas redes sociais

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A Polícia Civil do Amazonas prendeu preventivamente, nessa segunda-feira, 19, uma mulher suspeita de atuar como falsa médica em Manaus. Identificada como Sophia Livas de Morais Almeida, de formação em educação física, ela vinha se apresentando como médica em redes sociais e atendendo pacientes há pelo menos dois anos, segundo investigações. Um dos hospitais que ela estaria supostamente atuando negou vínculo com Sophia.

A prisão aconteceu em uma academia na Zona Centro-Sul da capital. A operação, batizada de Azoth, apura o exercício ilegal da medicina e foi deflagrada após denúncias graves, incluindo prescrição de medicamentos controlados a crianças autistas e atendimento a gestantes com fetos cardiopatas.

Durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão, foram encontrados na casa da investigada receituários médicos, documentos falsificados, jalecos e crachás com nomes de hospitais públicos como o HUGV (Hospital Universitário Getúlio Vargas). Após a prisão, a unidade hospitalar emitiu uma nota negando vínculo com a mulher.

Na nota, o HUGV afirmou que Sophia Livas nunca atuou como médica no hospital e nem constam registros de atendimento médico feito por ela na unidade hospitalar, mas enfatizou que ela foi aluna de um Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal do Amazonas como educadora física, ocasião em que teve acesso na unidade apenas por ser aluna.

Veja a nota na íntegra:

“O Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV-UFAM/Ebserh) esclarece que Sophia Livas de Morais Almeida nunca atuou como médica no hospital e nem constam registros de atendimento médico feito por ela na unidade hospitalar. Ela foi aluna do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal do Amazonas como educadora física. O acesso às instalações da UFAM, incluindo o HUGV, se dava apenas na condição de mestranda. E, por já ter concluído o mestrado na Universidade, a ex-aluna não tem nenhum vínculo com a instituição.
O HUGV está à disposição das autoridades policiais para ajudar no que for necessário.”

Entenda o caso

Nas redes sociais, Sophia Livas mantinha uma imagem cuidadosamente construída: afirmava ser “pesquisadora, mestre e doutoranda em medicina”, publicava fotos em ambientes hospitalares e interagia com seguidores como se fosse uma profissional de saúde qualificada. Contudo, segundo a polícia, tudo era parte de uma farsa elaborada.

Para dar mais credibilidade à sua falsa atuação, Sophia Almeida alegava nas redes sociais ser sobrinha do prefeito de Manaus, David Almeida (Avante). Em publicações, ela chegou a usar uma foto antiga, na qual o prefeito aparece com uma criança no colo, afirmando ser ela mesma. Em outra imagem, aparece ao lado de David Almeida, sugerindo proximidade.

Com a deflagração da operação, e a prisão de Sophia, o perfil pessoal do Instagram de Livas foi fechado apenas para seguidores e a foto dela retirada da capa, conforme a mostra a imagem abaixo:

Na noite dessa segunda-feira, 19, o prefeito de Manaus, David Almeida, também negou qualquer relação familiar com a investigada e divulgou nota oficial:

“A foto publicada por ela nas redes sociais, afirmando ser uma imagem dela criança sendo carregada por mim, é, na verdade, uma foto minha com a minha filha, Fernanda Aryel. Já a outra imagem, em que apareço ao lado dela, foi uma selfie tirada em local público — como acontece com frequência”, declarou o gestor, na nota.

Confira a nota na íntegra:

Vítimas em risco

Entre os casos investigados, há o de duas crianças autistas que teriam recebido medicamentos de tarja preta prescritos por Sophia. Segundo as informações, há também relatos de pacientes com problemas cardíacos e gestantes em situação de risco que buscaram atendimento acreditando estar em mãos de uma especialista.

Sophia pode responder por uma série de crimes, incluindo exercício ilegal da medicina, falsidade ideológica, estelionato e uso indevido de identidade alheia.

A prisão foi autorizada pelo juiz Fábio Lopes Alfaia, que também expediu a ordem de busca e apreensão. A Polícia Civil do Amazonas deve divulgar novas informações em coletiva de imprensa ainda nesta semana.

Investigação

A investigação contra Sophia Livas teve início neste mês de maio, após denúncias surgirem durante a Operação Hipócrates, que prendeu outro falso médico em Manaus. A partir daí, a polícia encontrou provas de que Sophia se apresentava como profissional do HUGV e atendia pacientes com diagnósticos graves.

A defesa de Sophia não foi localizada pela reportagem para um posicionamento sobre a prisão. O Convergente tentou falar com a mulher pela rede social privada dela, mas a plataforma informa que Shopia não aceita mensagens de novos contatos. A redação esclarece, contudo, que o espaço segue aberto para devidas manifestações.

 

 

 

 

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