26.3 C
Manaus
sábado, abril 12, 2025

“Mete o cacete”: Indígenas denunciam ameaça antes ataque violento na marcha em Brasília

Gravação com fala de ameaça antecedeu repressão com bombas à marcha “A Resposta Somos Nós”; deputada indígena ficou ferida

Por

Um áudio com de incitação à violência contra indígenas antecedeu o ataque sofrido por manifestantes durante a marcha “A Resposta Somos Nós”, em Brasília, nessa quinta-feira, 10. A denúncia foi feita pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), que aponta a conivência e a responsabilidade de autoridades do Distrito Federal pelo episódio.

A ameaça teria sido feita durante uma reunião online com a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF), realizada na véspera da marcha, no dia 9 de abril, segundo a Apib. O encontro deveria servir apenas para definir o trajeto do protesto indígena, mas, de acordo com o áudio, uma pessoa não identificada afirmou que a secretaria deveria deixar os indígenas marcharem até a Praça dos Três Poderes e, então, “meter o cacete”.

“Deixa o pessoal descer logo. Deixa descer e meter o cacete se fizer bagunça, pronto”, diz o homem, em trecho do áudio.

Por meio de nota, a Apib repudiou a incitação à violência e disse que tomará todas as medidas cabíveis contra o episódio. “A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) repudia todo o ato de racismo e incitação de violência contra os povos indígenas. A organização indígena solicitou a gravação do momento e tomará todas as medidas cabíveis”, declarou a articulação, em nota.

Ataque violento

Os atos de violência ocorreram na noite desta quinta-feira, 10, em frente ao Congresso Nacional. Segundo lideranças indígenas, a polícia jogou bombas de gás de efeito moral contra manifestantes que participavam da marcha “A Resposta Somos Nós”, que faz parte da programação do Acampamento Terra Livre (ATL).

Vídeo: Deputada Célia Xakriabá é atingida por gás de pimenta durante manifestação indígena em Brasília

De acordo com a Apib, a deputada indígena Célia Xakriabá (PSOL) e várias pessoas ficaram feridas ao serem recebidas com bombas de gás de pimenta e efeito moral.

“Lamentamos o uso desnecessário de substâncias químicas contra os manifestantes, mulheres, idosos, crianças e lideranças tradicionais”, lamentou a Apib.

(Foto: @tukumã.pataxó/Apib)

Por meio das redes sociais, a deputada afirmou que, mesmo após se identificar como deputada, foi impedida de deixar o local da manifestação pelas forças de segurança e precisou de atendimento médico na Câmara dos Deputados.

“Esse episódio escancara o que temos denunciado há muito tempo: a violência do Estado contra os povos originários e o racismo institucional que marca as estruturas de poder deste país. Também é violência política de gênero, num país em que ser mulher indígena no parlamento é resistir diariamente ao apagamento”, declarou Célia Xakriabá.

(Foto: @tukumã.pataxó/Apib)

Nota

Em nota ao O Convergente, a Câmara dos Deputados disse que as Polícias Legislativas Federais da Câmara e do Senado Federal usaram agentes químicos após após cerca de mil indígenas que participavam da marcha do Acampamento Terra Livre romperam a linha de defesa da Polícia Militar do Distrito Federal, derrubaram os gradis e invadiram o gramado do Congresso Nacional.

Confira a nota na íntegra:

Cerca de mil indígenas que participavam da marcha do Acampamento Terra Livre romperam a linha de defesa da Polícia Militar do Distrito Federal, derrubaram os gradis e invadiram o gramado do Congresso Nacional. As Polícias Legislativas Federais da Câmara dos Deputados e do Senado Federal usaram agentes químicos para conter a invasão e impedir a entrada no Palácio do Congresso.

O acordo com o movimento indígena, que reúne lideranças de diferentes etnias do país, era que os cerca de 5 mil manifestantes chegassem apenas até a Avenida José Sarney, anterior à Avenida das Bandeiras, que fica próxima ao gramado do Congresso. Mas, parte dos indígenas resolveu avançar o limite.
 
A situação foi controlada e o policiamento das duas Casas Legislativas, reforçado.”
Por: Bruno Pacheco
Revisão Jurídica: Letícia Barbosa

Fique ligado em nossas redes

Você também pode gostar

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

spot_img

Últimos Artigos

- Publicidade -