O encontro da Cúpula de Líderes do G20, realizado entre esta segunda-feira (18) e terça-feira (19) no Rio de Janeiro, tem três pautas principais em que o Brasil busca debater: o combate à fome e pobreza, a transição climática e a taxação de super-ricos. Segundo especialistas, se o Brasil obtiver êxito em uma das demandas, o país terá avanço importante com reflexos econômicos.
“O Brasil, que está no momento na presidência do G20, vai tentar emplacar suas pautas, que são a questão do combate à fome e à pobreza, a questão do clima e a taxação dos super-ricos, com bastante reflexos, inclusive, na economia. […] Se o Brasil conseguir êxito em algumas dessas pautas, vai ser um avanço muito importante”, destacou a professora e economista Denise Kassama, membro do Conselho Federal de Economia (Cofecon).
A Cúpula de Líderes do G20 reúne as principais economias do mundo, como chefes de estado e representantes de 18 países membros do grupo, além da União Africana e da União Europeia. Este ano, o governo brasileiro ocupa a presidência rotativa do G20.
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Para a economista Denise Kassama, a preocupação do Brasil deve ficar com a falta de alinhamento com os governos da Argentina e dos EUA, embora participem da cúpula os presidentes Javier Milei (Argentina), que já teve desavenças com Lula, e Joe Biden (EUA), que vai deixar o mandato para o presidente norte-americano eleito Donald Trump assumir.
Em jornal da Unesp, o professor e especialista em Relações Internacionais do Departamento de Ciências e Politicas Econômicas da instituição pontua que, em meio à vitória de Trump nas Eleições dos EUA, é difícil prever futuro próximo do cenário internacional no G20.
“É muito difícil dizer quais ideias poderão ou não ser aprovadas, em especial devido aos resultados das eleições norte-americanas. Trump simplesmente se nega a tratar, como por exemplo, a questão da transição energética, pois ele é um negacionista ambiental. E o Brasil trabalhou bastante durante esse ano, durante sua presidência no G20, para que esses temas sejam tratados. E o mesmo vale para as questões envolvendo combate à fome e a inclusão social. Na visão liberal adotada pelo Partido Republicano, e pelo próprio Trump, os países não têm muito a fazer nesses quesitos”, diz.
O professor de Relações Internacionais da ESPM, Roberto Uebel, também acredita que será difícil construir consensos no G20. Em entrevista à rádio e TV Câmara, Uebel lembrou que os Estados Unidos serão anfitriões do G20 em 2026, já sob a presidência de Donald Trump, o que pode fragmentar o grupo.
O G20
A Cúpula de Líderes do G20 começou nesta segunda-feira, 18, após a passagem do presidente norte-americano Joe Biden em Manaus no domingo, 17. O evento ocorre em meio tensão internacional provocado pela primeira-dama Janja, que chamou palavrão para o bilionário Elon Musk.
O presidente Lula ainda tentou consertar gafe da esposa, pontuando que “ninguém precisa xingar ninguém”, mas o bilionário Elon Musk já havia respondido Janja e disse que o governo de Lula vai “perder a próxima eleição”.
No G20, Lula recebeu os principais líderes mundiais, entre eles, os presidentes da França, Emmanuel Macron, dos EUA, Joe Biden, da Argentina, Javier Milei, e outros que também estiveram no evento no Rio de Janeiro.