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segunda-feira, setembro 16, 2024

“A Câmara está refém de uma briga entre o governador e o prefeito”, diz Luiz Castro no programa ‘Debate Político’

O pré-candidato a vereador de Manaus foi o convidado da semana da nova temporada do programa Debate Político, apresentado pela CEO da empresa Erica Lima

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No último programa “Debate Político” do mês de julho, nessa terça-feira (30), O Convergente recebeu o ex-deputado estadual e pré-candidato a vereador de Manaus, Luiz Castro (PDT), que falou sobre sua vivência na política e comentou sobre o atual cenário político. A nova temporada do programa foi apresentado pela CEO da empresa Erica Lima e exibido pela TV Rede Onda Digital, através do canal 8.2, e pelo canal do Youtube da Rede Onda Digital.

Ao iniciar a entrevista, ele afirmou que iniciou muito novo na trajetória política, sendo eleito prefeito aos 24 anos. “Comecei muito novo, em Envira, me tornei prefeito com 24 anos, na época era o segundo prefeito mais jovem do Brasil e mais jovem da região Norte e Nordeste. Fui por duas vezes prefeito, cinco vezes deputado, concorri ao Senado com uma votação muito bacana, nas não deu para chegar […]. Tive uma vida muito interessante em gestão pública”, disse.

Questionado sobre seu diferencial, ele afirmou que não enxerga a política como modo de enriquecer, mas sim de defender as causas coletivas e fazer o melhor para a população.  “Tenho um verdadeiro compromisso com causas coletivas. Eu não compro voto, eu não regimento votos individuais, eu não fiquei rico na política. Para mim, política não é sobre enriquecimento do ponto de vista material, mas do ponto de vista existencial e fazer coisas boas”, afirmou.

Depois de passar alguns anos sem mandato, o ex-deputado afirmou que decidiu concorrer ao pleito deste ano porque está disposto a servir a população. “Para mim, não é uma questão de interesse pessoal […], se eu estou na política desde os meus 23 anos de idade, eu desenvolvi essa trajetória e não posso enterrar esse talento. Enquanto eu tiver saúde, vontade de trabalhar, eu tenho que me colocar a disposição para a sociedade”, pontuou.

Apoio PDT

Como noticiou O Convergente, o partido de Luiz Castro havia afirmado que apoiaria a pré-candidatura de Roberto Cidade (União Brasil). Porém, dias depois, esse apoio foi direcionado para o pré-candidato do PT, Marcelo Ramos.

Ao falar sobre o assunto, Luiz Castro comentou que houve um diálogo com Roberto Cidade porque ainda não havia uma alternativa para o PDT apoiar. “O processo político tem uma dinâmica e não está sob nosso controle […]. Não é uma decisão que eu tome sozinho, decidimos debatendo, houve uma aproximação com Roberto Cidade, mas essa relação dele com o governador atual, complicou, porque as condições do governador são claramente de uma linha política diferente da nossa do PDT, uma linha para a direita e do presidente Bolsonaro. Nada contra, mas é incoerente o PDT estar associada a uma corrente política diferente daquilo que defendemos”, explicou.

Com o surgimento de Marcelo Ramos definido pelo presidente Lula (PT), o político afirmou no Debate Político que houve uma reunião com a Executiva Nacional do PDT para alinhar as alianças políticas em Manaus.

“O lançamento do nome do Marcelo Ramos mexeu com tudo isso, porque ele tem um percurso com a esquerda […], o nome dele foi um nome de impacto, até então o PT não tinha um nome de expressão, tenho muito apreço pela Anne Moura, mas ela não conseguiu catalisar o seu nome. Tivemos uma reunião com o presidente do partido e ele nos chamou para conversar e demonstrou preocupação com a situação do Amazonas e que mantivéssemos uma aliança que não tinha afinidade programática com a linha do PDT”, disse.

Luiz Castro afirmou que o diretório do PDT em Manaus tomou uma decisão, a qual não poderia ser diferente de acordo com as ideologias do partido. “Tomamos a decisão de fazer uma mudança de rumo, ela foi orientada mas não foi imposta. No entanto, para nós era difícil manter uma linha diferente […], não teria sentido o PDT, que sempre foi um partido progressista, ele se alinhar a ultra direita […]. O Marcelo é muito preparado, pessoalmente, eu apoio ele como pessoa e não se ele é do PT ou de outro partido, é claro que como dirigente de partido eu tenho que levar isso em consideração”, ressaltou.

Anteriormente, Luiz Castro também revelou que houve uma conversa entre a sigla e o pré-candidato a reeleição David Almeida (Avante). De acordo com ele, o diálogo prosseguiu bem, porém, certos pontos foram impostos por David, o que fez com que o PDT recuasse.

“Tivemos uma conversa muito boa com o David Almeida e ia em uma direção boa. Por pressão, os atuais vereadores, não todos, o PDT tivesse que assumir duas filiações de última hora de dois vereadores com mandato, mas construímos no PDT que não aceitaríamos nenhum vereador com mandato porque a impressão que se tem é que são pessoas que já tem estrutura de poder, diferente das pessoas que já estão no PDT […]. Esse foi uma espécie de impacto e gerou esse impacto, não sei se o prefeito por vontade própria ou recebeu a influência, só queria o PDT se fosse assim, mas não teria como ser dessa maneira”, detalhou.

O pré-candidato a vereador ainda destacou que, caso não houvesse o apoio a Marcelo Ramos, o PDT poderia manter o apoio a David Almeida, em outro cenário. “A conversa com o David Almeida não evoluiu, nesse tempo ainda não havia a conversa com o Marcelo, mas se tivéssemos fechado, provavelmente manteríamos até porque havia uma conversa com membros da assessoria, tenho relação com pessoas que trabalham com ele e tenho apreço, mas não quer dizer que eu assino embaixo tudo o que ele faz”, disse.

Câmara Municipal de Manaus

Antes de comentar sobre a sua percepção na Câmara Municipal de Manaus (CMM), Luiz Castro pontuou que o objetivo do PDT no pleito deste ano é eleger de 2 a 3 vereadores.

“Pretendemos fazer 3 vereadores, se não conseguirmos, ao menos pretendemos fazer 2, partindo do pressuposto do quociente mínimo deve ser 27 mil votos. […] Na garantia, a nossa projeção é fazer ao menos 2, mas com chances de fazer o terceiro. Estamos com um bom time, com 42 nomes, com um bom time de mulheres também”, disse.

Ao comentar sobre a atuação dos vereadores na CMM, o ex-deputado opinou que a Câmara tem se dividido entre dois times: um do lado do prefeito David Almeida e o outro do lado do governador Wilson Lima (União Brasil).

“A Câmara está muito refém de uma briga, que pode continuar ou não, entre o atual governador e o prefeito, cada um tentando ganhar o campo no município. Isso adoeceu a Câmara, sendo que no passado tivemos nomes importantes e políticos de grande expressão […]. Houve uma diminuição dessa projeção da Câmara e os grandes temas estão sendo esquecidos”, avaliou.

Para Luiz Castro, questões importantes que deveriam estar sendo debatidas pelos vereadores estão sendo esquecidas. “As questões ambientais são esquecidas, infância e adolescência não são tratadas com deviam, as causas coletivas também não. Há uma pretensão muito maior em trabalhar com base em emendas parlamentares, como se fossem fio condutor para reeleição”, comentou.

Além disso, o pré-candidato ainda disse que é um político independente, o que alguns vereadores de Manaus deixam de lado. “Tem o time do prefeito e o time do governador, e pouco espaço para quem quer ter uma atuação mais independente e propositivo. Gosto de ser um político independente e propositivo, gosto de discutir o problema e apresentar ideias de solução”, afirmou.

Jogo das Cartas

No tradicional ‘Jogo das Cartas’ do Debate Político, Luiz Castro teve como primeira missão avaliar o vereador e presidente da CMM, Caio André (União Brasil). Para ele, a nota média do mandato do parlamentar é 6.

“Eu acredito, como cidadão, que o Caio André é um presidente mais razoável do que o anterior, com isso, não quer dizer que eu concorde com todas as atitudes dele, mas ele tem mais consenso, talvez de maturidade que o ex-presidente não tinha”, alegou.

O próximo a ser analisado por ele foi o governador Wilson Lima. Em pontos positivos, ele destacou o temperamento do governador e, no negativo, o modo como Wilson Lima escolheu seu campo político.

“Acho que a grande qualidade dele é o seu temperamento, ele não é afável, não é arrogante […]. Mas a linha política atual, é equivocada, temos um aparelhamento muito grande do governo, muitas secretarias fatiadas entre deputados, mas acho errado como se fez o loteamento do governo”, avaliou.

Ao ser questionado sobre o apoio do governador para Roberto Cidade, Castro disse que o atual chefe do Estado é ‘pragmático’. “Acho que o Roberto correu atrás, ele precisa de apoio e fez o dever de casa dele. O governador está apostando nele, até o momento em que ele crescer politicamente e nas pesquisas, o governador é bastante pragmático e ele pensa muito bem naquilo que é conveniente para ele”, pontuou.

O ex-presidente da CMM David Reis (Avante) foi o outro político comentado por Luiz Castro, o qual ele afirmou que está entre os vereadores que estão divididos nos ‘times’ da CMM. “Acho que o David não foi um bom presidente na Câmara, isso prejudicou até a eleição do atual prefeito, que bancou a eleição do David Reis para deputado federal […]. Ele está nesse mesmo hall do pessoal do lado do prefeito, pessoal do lado do governo, um ataca o outro. Discutir os problemas da sociedade não está acontecendo”, disse.

O vereador William Alemão (Cidadania) também foi analisado e, de acordo com Luiz Castro, está acima da média dos demais parlamentares. “Ele tem um pouco mais destaque, começou meio exagerado e depois ele foi pegando um certo rumo e talvez esteja acima da média. Não vejo um grande expoente, mas ainda é o primeiro mandato dele e se for reeleito, pode melhorar o mandato”, afirmou.

O pré-candidato a prefeito Alberto Neto (PL) também recebeu uma avaliação do convidado do Debate Político. De acordo com Luiz Castro, o bolsonarismo não é uma boa linha para Alberto Neto e o mesmo acredita que o político está apenas por conveniência.

“Alberto Neto pessoa é uma ótima pessoa, boa de se conversar, ele é de direita, mas ele conversa com todo mundo […]. Do ponto de vista político, eu divirjo totalmente, ele está em um campo político e eu estou em outro […]. Eu acredito que ele não é um político de ultradireita, mas que está talvez por uma conveniência de interesses”, detalhou.

Do mesmo modo, Luiz Castro avaliou o vereador Capitão Carpê (PL), que disse acreditar que o parlamentar é ‘muito mais bolsonarista’ que Alberto Neto. “Ele é parecido com o Alberto Neto, parece até ser muito mais bolosnarista […]. Ele começou com posições interessantes, mas caiu nesse campo do Bolsonaro, mas é uma pessoa que conversa e que não é agressivo”, disse.

A última carta a ser comentada foi a do deputado estadual Wilker Barreto (Mobiliza). Luiz Castro afirmou que foi bastante prejudicado pelo deputado, quando estava a frente da Secretaria de Educação do Estado.

“Ele foi uma das pessoas que mais me prejudicou e nunca teve humildade de pedir desculpas de mim depois de todas as acusações que ele fez […]. É um deputado de altos e baixos […], acho que o Wilker tem essa postura mais de aparecer, mas é um direito dele, ele tem conteúdo, mas se alinhou a essa política bolsonarista”, comentou.

Confira a entrevista na íntegra:

Leia mais: “Nada contra o prefeito, mas falta muito a ser feito”, diz pré-candidato a prefeito de Autazes, Thomé Neto, no ‘Debate Político’

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Por Camila Duarte

Foto: Marcus Reis

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