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sexta-feira, novembro 22, 2024

Brasil tem oportunidade de projetar política externa no G20

Estima-se aproximadamente 120 eventos durante o ano. A cúpula final dos líderes do G20, está agendada para 18 e 19 de novembro no Rio de Janeiro (RJ)

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Pela primeira vez na história, o Brasil, que atualmente preside o bloco, será o anfitrião das reuniões do G20, com início na quinta-feira (18). Estima-se aproximadamente 120 eventos durante o ano. A cúpula final dos líderes do evento, está agendada para 18 e 19 de novembro no Rio de Janeiro (RJ).

Este ano, com a presidência do G20, o Brasil tem a oportunidade de destacar seus objetivos de política externa. Isso inclui a defesa da reforma do Fundo Monetário Internacional (FMI) e o esforço para estabelecer o país como um líder na batalha contra as mudanças climáticas e na transição energética.

Conhecido como o fórum global mais importante para questões de finanças e economia, o G20 foi estabelecido como a principal prioridade na agenda internacional do governo brasileiro. De acordo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), assumir a presidência do grupo pode ser considerado o maior compromisso internacional do Brasil.

“É a importância política de uma projeção da própria imagem do Brasil, do próprio papel que o Brasil pode ter no cenário internacional. O G20 é hoje considerado o principal fórum multilateral de debate de economia política, de temas sociais e dos temas que tangenciam a transição climática. E o Brasil liderar isso, e poder trazer também a sua marca, acho que é uma questão de grande relevância”, destacou a Tatiana Berringer, que coordena a relação da sociedade civil com a Trilha de Finanças do G20, do Ministério da Fazenda.

Instituído em 1999 com o propósito de coordenar estratégias em face das crises financeiras que afligiam nações como o México e a Coreia do Sul, o G20 consolidou sua presença após o colapso financeiro de 2008. Atualmente, configura-se como um fórum que congrega as 19 principais economias globais, juntamente com a União Europeia e a recém-integrada União Africana, que ingressou no grupo no ano passado. Com a adição dessas nações, o G20 engloba agora aproximadamente 100 países participantes.

Prioridades

O Brasil estabeleceu três metas prioritárias no G20: a erradicação da fome, a redução da pobreza e da desigualdade, abrangendo as três esferas do desenvolvimento sustentável (econômica, social e ambiental), e a promoção da reforma na governança global.

Roberto Goulart Menezes, coordenador do Grupo de Reflexão sobre o G20 na Universidade de Brasília (UnB), tem convicção de que o Brasil utilizará as reuniões para destacar seus objetivos de política externa. No entanto, ele ressalta que essa projeção encontra limites, estabelecidos pelos compromissos assumidos em encontros anteriores e pelas expectativas para a próxima reunião do bloco, agendada para 2025, na África do Sul.

“A agenda do G20 não pode sofrer um cavalo de pau. Ou seja, a margem de manobra para o Brasil utilizar o G20 financeiro como palco para seus objetivos de política externa é bem limitada”, alerta o professor de Relações Internacionais da UnB.

O coordenador explicou ainda que o estabelecimento de consensos dentro do bloco é um procedimento gradual. “Os países estão tentando coordenar posições. Então, às vezes você tem um tema novo na agenda, mas que demora 6 ou 10 anos para esse tema se materializar porque não há consenso”.

FMI e Banco Mundial

Durante seu pronunciamento na Assembleia Geral da ONU em setembro de 2023, o presidente Lula advogou pela reforma do FMI e do Banco Mundial. Ele criticou dizendo que “no ano passado, o FMI disponibilizou US$ 160 bilhões em direitos especiais de saque para países europeus, e apenas US$ 34 bilhões para países africanos. A representação desigual e distorcida na direção do FMI e do Banco Mundial é inaceitável.”

O professor Roberto Menezes sustenta a perspectiva de que o Brasil, em colaboração com outras nações como China, Rússia, Índia e África do Sul, deve persistir na busca por uma reforma nos bancos internacionais, que tradicionalmente têm seus dirigentes oriundos dos Estados Unidos ou de países europeus.

“Ou seja, tentar quebrar essa dobradinha dos poderosos, entre Estados Unidos e a União Europeia. Os Estados Unidos não, mas a Europa está sub-representada no FMI. Já passou o tempo de a Europa perder essa posição”, destacou o especialista, lembrando que os bancos refletem o poder econômico dos países, com os Estados Unidos com poder de veto no FMI.

Menezes complementou que o Brasil deve colaborar com a recentemente integrada União Africana nesse esforço. “É claro que o Brasil vai trabalhar para que a União Africana ajude a aumentar a pressão sobre a União Europeia e sobre os Estados Unidos”, avalia.

Mudanças climáticas

A transição energética é outra área prioritária para o Brasil. Segundo Menezes, o país deveria advogar pela simplificação do acesso aos recursos dos fundos climáticos.

“Existem quatro fundos globais, que têm cerca de U$S 11 bilhões, que são exatamente para financiar a mitigação das mudanças climáticas. O Brasil, então, diz ‘olha, os fundos estão lá, mas para conseguir acessar o fundo é muito difícil’”, destacou.

Esse tópico ganha ainda mais relevância, visto que a presidência brasileira no G20 se encerra alguns meses antes do início da presidência do Brasil na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), que será realizada em Belém.

G20 Social

O Brasil estabeleceu como uma prioridade a promoção da participação da sociedade civil no G20. Para alcançar esse objetivo, está prevista a realização de uma cúpula exclusiva para a sociedade civil organizada, programada para ocorrer antes da cúpula dos chefes de Estado.

Encarregada de orquestrar o diálogo da sociedade civil acerca das questões financeiras debatidas no grupo, Tatiana Berringer expressou a intenção de ampliar a discussão para alcançar um público mais abrangente.

“Temos essa prioridade de traduzir também os temas financeiros, que são o núcleo duro do debate, para a população, a sociedade civil, os movimentos populares, as organizações não governamentais, de uma maneira mais clara, mostrando, inclusive, o impacto que existe na vida cotidiana dessas decisões, dessas discussões”, destacou a representante do Ministério da Fazenda.

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