A nova edição da revista Trabalho, Educação e Saúde (TES) traz como temas de destaque o programa Mais Médicos, a atenção psicossocial a usuários de álcool e outras drogas, o uso de tecnologias digitais na saúde e a luta e resistência quilombolas na produção de saúde e defesa da vida. A publicação é editada pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz).
O programa Mais Médicos foi criado em 2013 com o objetivo de atender a população brasileira nos serviços de atenção básica do Sistema Único de Saúde (SUS) mediante modalidades formativas de ensino, pesquisa e extensão. Esvaziado nos últimos governos, foi retomado no início de 2023, agora denominado Programa Mais Médicos para o Brasil (PMMB), por meio da medida provisória (MP) n. 1.165/2023. A MP ampliou o escopo do programa ao instituir a Estratégia Nacional de Formação de Especialistas para a Saúde, conforme salienta a nota de conjuntura A retomada do Programa Mais Médicos em 2023, de autoria de Geraldo Cunha Cury e Angélica Ferreira Fonseca, publicada na TES.
O texto publicado naTESem outubro acentua que o PMMB se torna necessário em razão da persistência dos vazios assistenciais e da necessidade de médicos no SUS, que são problemas crônicos, principalmente nas regiões mais vulneráveis do Norte e Nordeste e em áreas periféricas de centros urbano. Em face dessa demanda, a atual recomposição tem sido realizada em uma ação interministerial envolvendo os ministérios da Saúde, da Educação e da Fazenda. Em julho deste ano, o presidente Lula sancionou a Lei do Programa Mais Médicos do Brasil com a criação de 15 mil novas vagas. Os principais eixos do programa são a provisão de médicos na Atenção Primária em Saúde e o apoio ao aprimoramento da sua formação acadêmica.
A TESapresenta ainda uma seção de artigos, dentre os quais se destacam o de Beatriz de Oliveira Lavezzo et al., intitulado “Atenção psicossocial a usuários de álcool e outras drogas: um estudo dos profissionais de um município sul-brasileiro”, oriundo de pesquisa que identificou estratégias de profissionais da atenção básica à saúde e fatores dificultadores e facilitadores no cuidado a pessoas com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas. Com foco em tecnologia na saúde (André e Ribeiro, 2020), o artigo “O uso de tecnologias digitais nas práticas de trabalhadores comunitários de saúde: uma revisão internacional de escopo”, de Romário Correia dos Santos et al., mapeou a literatura sobre aplicações e percepções do emprego desse tipo de tecnologia nas práticas de trabalhadores comunitários de saúde em 24 países. O suporte à saúde materno-infantil é a condição com maior predomínio das práticas, numa pesquisa que concluiu pela irreversibilidade do uso de tecnologias de informação e comunicação no mundo do trabalho, destacando contudo a necessidade do uso racional com a garantia do acesso integral, universal e equitativo.
Outro artigo a destacar nesta edição da TES é o assinado por Hayda Josiane Alves et al., Saúde da Família, territórios quilombolas e a defesa da vida, que retoma elementos históricos de luta e resistência quilombolas na produção de saúde e defesa da vida nesses territórios. O estudo teve início em junho de 2020, em pleno período da pandemia de Covid-19 (Soares et al., 2021). Trata também dos limites da Estratégia Saúde da Família (ESF) no reconhecimento, valorização e integração de saberes e práticas de comunidades quilombolas ao cuidado profissional em saúde, que muitas vezes não são valorizados, o que os distancia de uma política pública de direitos.
*Com informações da FrioCruz
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