O ex-ministro Anderson Torres prestou depoimento à CPMI dos atos de 8 de janeiro na manhã desta terça-feira (8). Torres era secretário de justiça do Distrito Federal e virou uma das figuras mais importantes da investigação por ser uma das pessoas de confiança do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Anderson Torres diz ter sido pego de surpresa pelo que aconteceu naquele dia. “No dia 8 de janeiro, acompanhei à distância. Fiquei muito preocupado quando vi o vandalismo sendo praticado. Cheguei a passar mensagem do WhatsApp para o secretário em exercício, apelando para que impedisse que os manifestantes se aproximassem do Supremo (Tribunal Federal), uma vez que o Planalto e o Congresso já estavam invadidos”, destacou.
Anderson foi preso suspeito de ter se omitido no dia dos ataques na Praça dos Três Poderes. Durante a depredação, Torres era responsável pela segurança pública da capital federal, mas estava de férias nos Estados Unidos. Ao voltar para o país, por ordem do ministro Alexandre de Moraes (STF), o ex-ministro chegou a ser preso no 4º Batalhão da Polícia Militar do Distrito Federal, mas foi solto quatro meses depois. Outro ponto que pesa contra torres é o fato dele ter voltado ao país sem celular. Segundo ele, o aparelho foi perdido. Atualmente, ele cumpre medidas cautelares impostas pela justiça.
Hoje, em seu depoimento, o ex-ministro afirmou não ter recebido nenhum tipo de alerta que pudesse indicar a gravidade do que estava para acontecer no dia 8 de janeiro. Ao ser questionado sobre a minuta encontrada em sua residência durante operação da polícia federal, Anderson chegou a chamar o documento de “aberração” e disse não saber quem produziu a minuta. Ele chegou a insistir que o material seria jogado no lixo.
Segundo integrantes da CPMI, o objetivo do documento seria instaurar um estado de defesa na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para reverter, ilegalmente, o resultado da eleição que elegeu Lula (PT). A minuta foi incluída na investigação do TSE, por ataque de Bolsonaro ao processo eleitoral durante reunião com embaixadores, e resultou na inelegibilidade do ex-presidente.
Torres disse ainda que jamais colocou em dúvida o resultado do pleito. “Nunca questionei o resultado das eleições. Fui o primeiro ministro a receber a equipe de transição, no meu caso Flávio Dino, que seria meu sucessor”, finalizou.
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Por Karina Garcia
Revisão: Vanessa Santos
Foto: Divulgação