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quinta-feira, novembro 21, 2024

Dia do orgulho LGBTQIA+ celebra conquistas, mas relembra luta diária por direitos

A sigla, que começou a ser reconhecida como GLS, hoje tem quase 10 letras e está aberta a reconhecer novas formas de diversidade sexual

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A sigla surgiu pequena e cercada por tabus. Entre meados de 1990, a combinação GLS era usada para reunir gays, lésbicas e simpatizantes da causa homossexual. Anos depois, começou a mudar e se transformou em LGBT, dando visibilidade também aos bissexuais, transexuais e travestis. Logo veio o mais, símbolo matemático que já apontava que a nomenclatura iria aumentar.

O dia 28 de junho é o dia que celebra as conquistas da comunidade LGBTQIA+, mas ainda há muito a ser conquistado. Por isso, o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+ também é uma data para relembrar a luta diária pelo respeito à diversidade, direitos civis fundamentais conquistados e políticas afirmativas focadas em combater a discriminação.

Contexto histórico

O confronto que aconteceu para colocar um ponto final na violência policial contra a comunidade LGBT dos Estados Unidos foi, na verdade, o primeiro parágrafo de uma história de muitas lutas por respeito e direitos. Nos anos 60, tornou-se frequente a invasão de policiais em bares gays de Nova York. Em resposta à onda de agressões e prisões no local, ativistas se reuniram no dia 28 junho de 1969 em frente ao bar Stonewall Inn, em Nova York, e atiraram pedras contra a polícia: a data, também conhecida como Dia da Libertação da Rua Christopher, se tornou um símbolo importante na história da comunidade LGBTQIA+ e marca o Dia do Orgulho.

Dispensado da marinha norte-americana por sua orientação sexual, Harvey Milk foi um ativista norte-americano e o primeiro homem assumidamente gay eleito para um cargo político. Em 1977, ele passou a integrar o Conselho de Supervisores de São Francisco, semelhante ao cargo de vereador. Milk ficou apenas 10 meses na função, antes de ser assassinado por outro membro do Conselho, mas deixou um legado importante para a para a comunidade: foi ele, por exemplo, quem promoveu leis que proibissem atos discriminatórios contra homossexuais em ambientes públicos e privados.

Outra contribuição de Harvey Milk está relacionada à bandeira LGBT. O designer Gilbert Baker também foi dispensado do exército estadunidense. Ao voltar para São Francisco, no início dos anos 70, ele conheceu Milk, que o incentivou a criar algo que seria um símbolo para a comunidade gay. As duas primeiras versões da bandeira com o arco-íris, criadas em 1978, tinham 8 e 7 cores, representando aspectos da vida, como sexo, natureza e serenidade. Foi somente um ano depois que a bandeira ficou com 6 listras coloridas.

Hoje em dia está com quase 10 letras: LGBTQIAPN+ que representam:

  • L – lésbicas: pessoas que se identificam como femininas e se relacionam com outras do mesmo gênero;
  • G – gays: pessoas que se identificam como masculinas e se relacionam com outras do mesmo gênero;
  • B – bissexuais: pessoas que se relacionam com os gêneros femininos e masculinos;
  • T – transexuais e travestis: pessoas que não se identificam com o gênero atribuído no nascimento;
  • Q – queer: pessoas que não se identificam com os padrões impostos pela sociedade e que preferem não se limitar em um único gênero ou orientação sexual;
  • I – intersexo: pessoas que p ossuem características biológicas dos sexos feminino e masculino ao mesmo tempo;
  • A – assexuais: pessoas que não têm atração sexual; não há relação com falta de libido, questões biológicas ou de ordem psicológica, como traumas;
  • P – pansexuais: pessoas que se relacionam com outras de todos os gêneros, incluindo femininos, masculinos e não-binários;
  • N – não binários: pessoas que não se identificam com o gênero feminino ou masculino, podendo se identificar com mais de um ou nenhum.

Depois do Q

Para a socióloga Stela Cristina de Godoi, da Faculdade de Ciências Sociais da PUC-Campinas, a transformação reflete as mudanças sociais e, principalmente, a constante luta por representatividade.

Dessa forma, a segunda metade da sigla é recente. Ganhou força nos últimos cinco anos. Porém, a socióloga explica que tudo o que vem depois do ‘Q’ é resultado de um estudo que começou nos Estados Unidos em 1980. “A teoria queer, de certo modo, cria uma nova forma de interpretar o desejo, a sexualidade, o processo biopsicossocial diante de uma perspectiva nova”.

Exatamente por se tratar de uma construção social, a comunidade LGBTQIAPN+ está sempre aberta às novas formas de diversidade. Isso explica o surgimento de novas letras e até mesmo a mudança das que já existem.

Especialista

A professora Drª. Lidiany de Lima Cavalcante, do Departamento de Serviço Social da Universidade Federal do Amazonas e do Programa de Pós-graduação em Serviço Social e Sustentabilidade na Amazônia, doutora e pesquisadora nas temáticas relacionadas aos direitos humanos, gênero, sexualidades, violências, saúde mental e suicídio, falou a necessidade de Políticas Públicas para o segmento LGBT.

“Eu acho que a temática é extremamente importante para que a gente possa pensar verdadeiramente. O potencial de como é que nós estamos vivenciando a realidade das políticas públicas para o segmento LGBT. Nós estamos praticamente saindo de um processo mais efetivo de obscurantismo na realidade brasileira, de negacionismo e de ausência de políticas públicas para o segmento LGBT em geral, então isso consequentemente fez com que, nos últimos anos, o nosso país fechasse as portas para as políticas públicas que pudessem comtemplar o público LGBTQIA+ e aí o retrospecto disso. A maioria das políticas públicas que nós temos no segmento LGBT não são leis no Brasil, são portarias ministeriais e resoluções conselho, ou seja, são direitos extremamente fragilizados dentro dessa perspectiva de inclusão social, e isso faz com que muitas vezes esses direitos não sejam assegurados, como ficou assim, de forma muito evidente esses anos no Brasil. Então, no cenário de Manaus, se pudesse trazer a importância da temáticas das políticas públicas, a inclusão da população LGBT firma como uma necessidade de uma discussão que precisa verdadeiramente acontecer, que precisa ser debatida, que precisa se levar para a sociedade, a importâncias das políticas públicas para inserção no mercado de trabalho, inclusão da população LGBT na política pública de assistência social na política pública de saúde, na política pública de educação e de tantas outras políticas que perfazem o nosso cenário local, assim também como o cenário nacional, então eu penso que a discussão é relevante. É importante chamar a atenção da sociedade para que a sociedade verdadeiramente possa fazer e possa abrir os olhos quanto à relevância das políticas públicas para esse segmento populacional, que não é um segmento vulnerável, mas é vulnerabilizado pelas políticas públicas”

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Por July Barbosa

Correção textual: Vanessa Santos

Foto: Divulgação / Ilustração: Marcus Reis

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