Participaram, na última quinta-feira (25/5), do quadro “Erica Lima Conversa”, do Portal O Convergente, a Socióloga e historiadora, doutora em Sociedade e cultura na Amazônia, Tereza Ramos e a professora doutora Psicóloga Social, Aparecida Martins para falar sobre Sistema Prisional no Amazonas: Reflexões sofre Reestruturação x Reinserção Social.
Questão histórica do sistema prisional do Amazonas: “As prisões não é algo que chame muito a atenção da sociedade, infelizmente, a sociedade não costuma prestar atenção no sistema carcerário, tendo em vista que a ideia que norteia a mente, o imaginário das pessoas é que é um lugar de depósito né, um lugar onde o criminoso precisa ficar separado da sociedade pra que a sociedade viva em segurança”, explica Tereza Ramos.
Falando sobre o seu capítulo do livro Dossiê: História das prisões no Amazonas, a historiadora disse, “a iniciativa da minha pesquisa foi pegar esse material histórico, principalmente na mídia, o que que a mídia da época falava, o que que os jornais de 1905 a 1907 retrataram a respeito da construção do 1° presídio; é claro que já tem pesquisas sobre o tema, sobre o presídio, mas eu queria ver o que os jornais da época falaram a respeito, a cobertura da época”.
“O senso comum no geral não entende quando a gente fala a respeito dos direitos humanos em relação à população carcerária, eles não deixam de ser um cidadão né, e de ainda têm o direito de gozar desses direitos fundamentais por serem humanos, eles têm direito à educação, saúde, da própria segurança la dentro, eles estando no sistema prisional, ainda precisam assumir esses direitos que o Estado assume, essa postura, aí a gente vê as falhas no sistema prisional brasileiro que não dá essa cobertura completa, aí o detento acaba sofrendo com isso”, explicou Tereza sobre os direitos dos detentos
“Eu tenho uma certa experiência dentro do sistema, já trabalhei como psicóloga, como gerente de ressocialização de projetos e de fato de uns 6 anos pra cá, 7 anos pra cá vamos dizer assim, o sistema tem mudado, mudou e tem mudado drasticamente a sua cara por quê? Eu justifico, porque esses direitos de que a Tereza fala estão sendo guardados, eles estão sendo colocados mesmo na prática, não dá para colocar tudo na pratica, na verdade, mas o sistema público mudou muito”, falou Aparecida Martins sobre o sistema carcerário amazonense
“É repensar a política de segurança pública a nível não somente do estado do Amazonas, mas há nível de Brasil né, é claro que essa é uma perspectiva crítica que a gente traz por estar relacionado à desigualdade social, não tem como falar desses fenômenos sem citar que vivemos num país extremamente desigual da criminalização da pobreza “, destacou a historiadora.
“Essa ressocialização seria criar mecanismos nos quais esse indivíduo possa se inserir novamente no mercado de trabalho né, a nossa lei brasileira, ela não se sustenta nem na pena de morte e nem na perpétua, então ela dá essa possibilidade do indivíduo ser inserido no mercado de trabalho e na sociedade; o estereótipo acompanha o indivíduo nesse processo e dificulta até a sociedade. Ela tem uma visão tão preconceituosa em relação aos nossos fenômenos, a ressocialização se torna cada vez mais dificultosa para esse indivíduo, cabe a nós como sociedade repensar nosso sistema de segurança pública, as nossas políticas públicas, e os discursos que chegam até nós principalmente dos detentores do poder”, encerrou Tereza Ramos
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Por July Barbosa
Revisão textual: Vanessa Santos
Fotos / Ilustração: Marcus Reis