O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vai depor na tarde desta terça-feira, 16/5, à Polícia Federal (PF) no âmbito da investigação das supostas fraudes em cartões de vacinação da Covid-19, após a realização da Operação Venire. O depoimento está marcado para às 14h, em Brasília.
Há duas semanas, quatro militares assessores de Bolsonaro foram presos suspeitos de fazerem parte de um esquema. Além disso, também foram cumpridos mandados de busca e apreensão na casa de Bolsonaro, que teve o celular apreendido.
A PF quer saber de Bolsonaro se ele tinha conhecimento dos cartões de vacina no nome dele e de familiares, como a filha de 12 anos e da mulher, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
O depoimento será prestado na sede da PF, na Asa Norte, região central de Brasília. Por conta disso, a Polícia Militar do Distrito Federal vai reforçar a segurança do prédio, seguindo o esquema dos outros dois depoimentos anteriores do ex-presidente.
No dia da operação, Bolsonaro negou participação no esquema e supostamente deverá prosseguir negando, durante o depoimento, que conhecia esse suposto esquema, que nunca se vacinou e que não poderia ter cartão de vacina. A PF, no entanto, também quer saber se o ex-presidente se beneficiou da fraude.
A declaração foi feita enquanto ele deixava sua casa, no Jardim Botânico, em Brasília — endereço que foi alvo de busca e apreensão da PF.
“O objetivo da busca e apreensão na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro: cartão de vacinação. O que eu tenho a dizer para vocês: eu não tomei a vacina. Nunca me foi pedido cartão de vacina em lugar nenhum. Não existe adulteração da minha parte”, disse à imprensa.
Operação Venire
A Polícia Federal prendeu, em 3 de maio, o ex-ajudante de ordem de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, em Brasília. O celular do ex-presidente foi apreendido pela PF.
As ações fazem parte da Operação Venire, que investiga a prática de crimes na inserção de dados falsos sobre vacinação contra Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde (sistemas SI-PNI e RNDS).
Max Guilherme e Sérgio Cordeiro, assessores de Bolsonaro que trabalhavam no Planalto, também foram presos. O secretário municipal de Governo da cidade de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sousa Brecha, também foi alvo de prisão preventiva.
A cidade de Duque de Caxias é envolvida na investigação porque um dos registros encontrados no sistema da Saúde sobre a vacinação de Bolsonaro foi feito em um posto de saúde do município fluminense. Nesse posto, houve um registro de que o ex-presidente teria se imunizado contra a Covid-19 no local, e a investigação apontou que era um dado adulterado.
Ainda no âmbito do inquérito, Mauro Cid será chamado para depor na quinta-feira, (18) e a mulher dele, Gabriela Santiago Ribeiro Cid, na sexta-feira (19). Cid trocou de advogado na semana passada. Saiu Rodrigo Roca e assumiu Bernardo Fenelon. No primeiro depoimento, Cid ficou em silêncio.
Depoimentos à PF
Desde que voltou ao Brasil, em março, Jair Bolsonaro já foi à sede da PF duas vezes. Primeiro, para prestar esclarecimentos sobre as joias da Arábia Saudita avaliadas em R$ 16,5 milhões com a tentativa ilegal de entrar com elas no Brasil. E depois sobre os atos de 8 de janeiro, no inquérito em que o ex-presidente é investigado como instigador.
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Da Redação com informações da CNN
Foto: Breno Esaki / Metrópoles