As viagens pelo interior do Amazonas e os investimentos nas ações feitas nas mídias sociais, de um modo geral, tem sido algumas das estratégias usadas nas campanhas dos dois candidatos ao Governo do Amazonas, que disputam o segundo turno das eleições no próximo domingo, 30/10. Estratégias essas, que aliadas a outras diversas ações de campanha dos candidatos Wilson Lima (União Brasil) e Eduardo Braga (MDB) podem ou não influenciar no voto do eleitor nesses quatro últimos dias antes do pleito.
Além das estratégias, também presentes no primeiro turno das eleições, o apoio de ambos, aos candidatos que disputam a Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), também pode ou não ter “certa” influência na decisão do eleitor nesses últimos dias. Principalmente para os que ainda estão indecisos quanto as suas escolhas.
Porém, ao que tudo indica, segundo alguns especialistas ouvidos pelo O Convergente, essa “parceria” pode trazer mais definições de escolha no cenário presidencial do que governamental.
“O voto do eleitor ele é extremamente egocêntrico. Você observa que às vezes ele vota em um candidato de um partido para governador, que apoia o candidato a presidente X, e para presidente ele vota no Y, que apoia um outro governador. O eleitor, a grande maioria, não segue aquela fidelidade ideológica na hora do voto”, opinou o cientista político Helso Ribeiro.
Já na análise do estatístico e professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Érico Jander Lopes, esse “voto trocado” tem muito haver com a origem do candidato, se ele já apoiava ou recebia esse apoio desde sempre ou não.
“Eu acho que o que influencia mais é a origem. O apoio de ocasião o público não está mais absorvendo dessa forma. Antes se absorvia mais. O voto, ele não está como era antigamente, de cabresto, que ele vai todo de um candidato para o outro. Mas essa transferência de forma presidencial eu acho que ela é mais forte quando é como o que aconteceu com o Coronel Menezes. Que é um candidato clássico e sempre foi daquela chapa”, disse o especialista ao exemplificar o que aconteceu no caso do apoio dado e recebido pelo candidato ao presidente Bolsonaro e outros fatores que acabam não influenciado a decisão do eleitorado em relação a quem o seu candidato apoia ou não.
Campanhas – Sobre as ações e estratégias de campanhas dos candidatos ao Governo do Amazonas nessa reta final, Érico Jander Lopes ressaltou que o foco tem sido redes sociais e viagens para o interior do Amazonas, como ocorreu em todo o período eleitoral. E destacou a diferença entre as ações que dão mais retorno na capital e no interior.
“Na capital você consegue fazer uma movimentação de rede social. No interior a campanha realmente tem força quando ela é feita de forma presencial. O eleitor do interior ele quer ver o candidato. Isso faz uma diferença muito grande. A campanha presencial com o público do interior faz uma diferença enorme. A capital não, ela é muito mais com rede social. Porque a rede social você consegue fazer com que aquilo seja disseminado com uma velocidade muito maior, o que não acontece no interior”, destacou o especialista ao citar algumas situações que notou ao fazer as pesquisas eleitorais nos municípios do Amazonas.
As ações, porém, segundo Helso Ribeiro, podem não fazer muita diferença no Estado, uma vez que o cenário, aparentemente já esta definido.
“Eu entendo que uma grande maioria já definiu o seu voto. Agora é sempre um momento de lutar, né. Talvez um convencimento nessa reta final para algumas pessoas. Isso é sempre bom. A mudança do voto do eleitor, principalmente do mais indeciso, até o dia da eleição. Isso não é impossível. Esses últimos dias deve ter uma tentativa de buscar esses indecisos. Ainda que eu ache que aqui no Amazonas a eleição está definida. Em termos nacionais é que talvez esteja mais apertado (a disputa), então quanto mais esforços forem feitos para levar o eleitor do branco e do nulo a votar, melhor”, pontuou o cientista político.
O que diz o eleitor – As ações de campanha, bem como o apoio dos candidatos ao Governo a Lula e Bolsonaro não foi algo levado em consideração por alguns eleitores ouvidos pelo O Convergente.
A empreendedora Viviane Coelho, 39, por exemplo, não decidiu o voto por influência ou parcerias políticas. Ela, inclusive, já definiu seu voto para o Governo do Amazonas, mas ainda esta analisando os candidatos à Presidência da República.
“Estou avaliando as propostas porque estamos vindo de uma situação muito crítica, economicamente, uma pós-pandemia, e ainda não decidi”, disse ela que também tem avaliado o que tem sido feito pelos candidatos nas campanhas.
“Eu acho que tudo engloba da maneira que eles estão levando as propostas para a propaganda política. Porque o que é a propaganda? É um horário reservado para colocar as propostas sobre o que você quer de melhoria para o país. Consertar, na visão deles o que eles podem, mas não é isso que a gente vê. A gente vê uma troca de farpas, sendo que nenhum e nem o outro são candidatos que nunca tiveram problemas”, exemplificou Viviane ao citar o que tem ocorrido na disputa presidencial.
Confira:
O confeiteiro Sérgio Catuaba, 48, apesar de não ter levando em consideração essa questão de quem está apoiando quem para definir seu voto, destacou que ambos, escolhidos por ele, são aliados nessa campanha.
“Eu voto no Lula porque o meu candidato sempre foi ele. Do jeito que está o Brasil só ele pode trazer a democracia de volta. Já o meu candidato ao Governo é o que apoia o Lula, porque o outro candidato deixou muito a desejar nas propostas dele e no tempo da pandemia ele não assumiu as responsabilidades dele para com as pessoas”, opinou.
Confira:
Eleição – O segundo turno das eleições ocorre no domingo, 30/10, com votação iniciando às 8h e terminará às 17h – horário de Brasília -, quando serão impressos os boletins de urna. A hora de início da votação foi uniformizada pelo horário de Brasília em todos os estados e no Distrito Federal.
Os eleitos, tanto nesse segundo turno, quanto no primeiro turno, ocorrido em 2 de outubro, serão diplomados pela Justiça Eleitoral até 19 de dezembro. Para os cargos de presidente e vice-presidente da República, bem como de governador, a posse ocorre em 1º de janeiro de 2023.
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Por Izabel Guedes
Fotos: Divulgação/ Ilustração: Marcus Reis