Uma forma não muito comum, mas que vem sendo evidenciada nas últimas eleições é a candidatura por meio de uma bancada coletiva, em que mais de um nome se agrupa a outros e decidem concorrer a uma vaga em um determinado cargo político. Embora essa não seja uma prática legalizada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a candidatura de um grupo é possível, desde que se realize um acordo informal entre os integrantes, no intuito de ter maior visibilidade política e quiçá vencer um pleito.
Nas eleições deste ano, em que serão escolhidos os nomes para presidente, senador, deputados estaduais, federais e distritais, algumas bancadas coletivas se formaram no Amazonas. Nesta quarta-feira, 21/9, representantes de três bancadas que estão concorrendo ao pleito deste ano participaram de entrevista ao quadro “Debate Político”, do Portal O Convergente. A mediação da conversa foi feita pela pesquisadora e apresentadora do portal, Erica Lima.
Participaram do bate-papo Alessandrine Silva, representante da bancada das Manas (PCdoB); Professora Elisiane, representante bancada Amazônida (PT), e Ana Célia Santos, representante da bancada das Conselheiras Tutelares (Patriota).
Durante a entrevista, foram debatidos temas como candidaturas femininas, questões de gênero, igualdade, educação, saúde, mulher nos espaços de poder, meio ambiente, além das propostas de cada bancada, tanto em nível estadual quanto federal, dentre outros assuntos.
Para a advogada Alessandrine Silva, que representou a bancada das Manas na entrevista, a melhor forma de defender os interesses de todos os amazonenses é por meio das candidaturas coletivas, que vão abranger todas as camadas sociais.
“A compreensão nossa sobre a bancada é de que não é só uma estratégia para a gente ocupar um lugar político. Nós temos trabalhado há muitos anos aqui na cidade, demandas de movimento social, de movimento de mulheres, de movimento de ativistas e aí a gente entendeu que o que a gente precisa, muitas vezes, a gente vai poder se organizar muito, vai poder ir para às ruas, fazer várias manifestações, mas quando chega na hora de votar e decidir sobre determinadas pautas é quem está eleito”, pontuou Alessandrine.
A professora Elisiane também defendeu a candidatura coletiva para representar a etnicidade do povo do Amazonas.
“As mulheres por muitos anos vem se organizando, se reorganizando e se reconfigurando para enfrentar e para adentrar em um espaço que a elas, a nós, por muito tempo foi negado, às mulheres viviam na invisibilidade, então nós dissemos: nós não queremos mais essa invisibilidade, nós não queremos mais ficar ali como coadjuvantes, nós queremos ser protagonistas desse espaço e desta história. Então nós estamos nessa luta não por que queremos os espaços dos homens, nós queremos um espaço que também é nosso por direito”, destacou a representante da bancada Amazônidas.
A conselheira tutelar da zona Sul de Manaus, Ana Célia Santos, destacou as dificuldades da profissão e do convite para a candidatura coletiva.
“Quando a gente recebeu o convite, a gente percebeu que esse era o momento de fala, é o lugar de fala para a gente falar pela criança e pelo adolescente, pelos desafios que a gente tem encontrado todos os dias e levantar a bandeira das políticas públicas para a criança e o adolescente no cenário federal”, disse Ana Célia, pontuando que falta representatividade feminina amazonense na Câmara dos Deputados.
Propostas – Criar uma Delegacia da Criança e Adolescentes para a proteção, destinar emendas para a melhoria dos atendimentos às crianças e adolescentes tanto na capital Manaus quanto no interior do Estado, criação de grupos de mães e mais creches, são algumas das propostas da bancada das Conselheiras Tutelares.
Já a bancada das Manas defende a pauta em favor de mulheres, do povos negros e indígenas, direitos para a comunidade LGBTQIAP+, saúde gratuita de qualidade, alimentação para crianças com prioridade absoluta.
A bancada Amazônida também tem como propostas criação de espaços de cultura e lazer, mais escolas de tempo integral, educação pública de qualidade e equitativa, economia solidária, enfrentamento ao racismo e a violência de todas as classes, e a defesa do meio ambiente, entre outras propostas.
As candidatas também responderam questionamentos sobre meio ambiente, política, mulheres na política e poder, dentre outros temas.
Formação das três bancadas – A bancada das Manas (PCdoB) é representada por Michelle Andrews, Alessandrine Silva, Marklize Siqueira, Patrícia Andrade e Val Fontes; a bancada Amazônida (PT), é representada pelas candidatas, Florismar Ferreira, Francy Azevedo, Francy Junior, Luzanira Varela, Professora Elisiane, Marinete Almeida e Mariana Ferreira. As duas bancadas estão na disputa por uma das 24 cadeiras da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam).
A bancada das Conselheiras Tutelares (Patriota) é representada pelas candidatas Tânia Mara Ferreira, Ana Célia Santos, Iolene Oliveira e Nazaré Àrcris, que buscam assento na Câmara dos Deputados em Brasília.
Confira mais detalhes da entrevista
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Por Edilânea Souza
Fotos: Marcus Reis