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segunda-feira, julho 8, 2024

Em discurso na ONU, Bolsonaro ataca governos petistas, defende pautas conservadoras e afirma que a economia brasileira está em ‘alta’

Bolsonaro atacou gestões petistas e disse que o governo acabou com a "corrupção sistêmica" que, para ele, existia no país, citando as denúncias de corrupção envolvendo a Petrobras, reveladas pelas investigações da operação Lava Jato

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O presidente Jair Bolsonaro (PL) discursou nesta terça-feira, 20/9, na abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York (EUA). Em um pronunciamento de 20 minutos, o presidente abordou temas de campanha, fazendo um balanço das ações de seu governo, atacou as gestões petistas, falou da pandemia da Covid-19, sobre a economia brasileira e defendeu itens da pauta conservadora. Antes de Bolsonaro, discursaram hoje no evento, o secretário-geral da entidade, Antonio Guterres, e o presidente da assembleia, Csaba Korosi.

Candidato à reeleição, Bolsonaro aproveitou o discurso na ONU para citar ações como a criação do Auxílio Brasil; a redução de impostos que levou à queda do preço dos combustíveis; e privatizações de empresas estatais.

Em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, atrás de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Bolsonaro atacou gestões petistas e disse que o governo acabou com a “corrupção sistêmica” que, para ele, existia no país, citando as denúncias de corrupção envolvendo a Petrobras, reveladas pelas investigações da operação Lava Jato.

“No meu governo, extirpamos a corrupção sistêmica que existia no país. Somente entre o período de 2003 a 2015, onde a esquerda presidiu o Brasil, o endividamento da Petrobras por má gestão, loteamento político e em desvios chegou à casa dos US$ 170 bilhões. O responsável por isso foi condenado em três instâncias por unanimidade. Delatores deveram US$ 1 bilhão de dólares e pagamos para a Bolsa americana outro bilhão por perdas de acionistas. Este é o Brasil do passado”, declarou Bolsonaro.

Durante as investigações da Lava Jato, o ex-presidente Lula foi condenado em primeira e em segunda instâncias. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou diversos recursos apresentados pelo petista, mas o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou todas as condenações de Lula e considerou que o então juiz Sérgio Moro atuou com parcialidade.

Esta é a quarta vez que Bolsonaro discursa na Assembleia Geral da ONU. Em 2020, o evento foi virtual em razão da pandemia, e o presidente enviou um vídeo gravado. Em outras ocasiões, os discursos foram marcados pela defesa da soberania brasileira na Amazônia e por fake news sobre a Covid.

Guerra na Ucrânia – Durante o discurso desta terça, Bolsonaro citou a guerra na Ucrânia, se referindo ao tema como “conflito”, e defendeu que haja um “cessar-fogo imediato”. Bolsonaro jamais condenou a invasão do país, determinada pelo presidente russo Vladimir Putin.

Em fevereiro, por ordem de Putin, tropas russas invadiram cidades ucranianas, matando civis e militares, bombardeando áreas residenciais e destruindo comunidades inteiras.

“Diante do conflito em si, o Brasil tem se pautado pelos princípios do direito internacional e da Carta da ONU. Princípios que estão consagrados também na nossa Constituição. Defendemos um cessar-fogo imediato, a proteção de civis e não-combatentes, a preservação da infraestrutura crítica para assistência à população e a manutenção de todos os canais de diálogo entre as partes em conflito”, declarou Bolsonaro nesta terça.

O presidente, que disse defender uma solução “duradoura e sustentável” para a guerra, declarou ainda avaliar que a solução só será alcançada se houver diálogo entre os envolvidos.

“Faço um apelo às partes, bem como a toda a comunidade internacional: não deixem escapar nenhuma oportunidade para pôr fim ao conflito e garantir a paz. A estabilidade, a segurança e a prosperidade da humanidade correm sério risco se o conflito continuar”, completou.

Bolsonaro também disse que o Brasil tem tentado “evitar o bloqueio dos canais de diálogo” entre os envolvidos no “conflito”. E acrescentou que o governo brasileiro é “contra o isolamento diplomático e econômico”.

“As consequências do conflito já se fazem sentir nos preços mundiais de alimentos, de combustíveis e de outros insumos. Estes impactos nos colocam a todos na contramão dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Países que se apresentavam como líderes da economia de baixo carbono agora passaram a usar fontes sujas de energia. Isso configura um grave retrocesso para o meio ambiente”, afirmou.

Ao todo, líderes mundiais de 193 países devem se reunir na Assembleia Geral, incluindo o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, autorizado pelo plenário a participar remotamente em razão da guerra na região.

Pauta conservadora – A uma plateia formada majoritariamente por chefes de Estado e diplomatas, Bolsonaro repetiu o discurso em defesa da pauta conservadora, assim como faz para seus apoiadores em comícios no Brasil.

O presidente afirmou serem “valores fundamentais” para a sociedade brasileira “a defesa da família, do direito à vida desde a concepção, à legítima defesa e o repúdio à ideologia de gênero”.

“Outros valores fundamentais para a sociedade brasileira, com reflexo na pauta dos direitos humanos, são a defesa da família, do direito à vida desde a concepção, à legítima defesa e o repúdio à ideologia de gênero”, declarou Bolsonaro.

Fome, inflação e desemprego – Ao fazer o balanço das ações de seu governo, Bolsonaro disse que a economia brasileira voltou a crescer, que a inflação está “em baixa” e que a pobreza no país cai “de forma acentuada”.

Dados do Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19, da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, porém, mostram que 33 milhões de pessoas no Brasil não têm o que comer.

Além disso, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 10 milhões de pessoas estão desempregadas no Brasil. E embora o país tenha registrado deflação de 0,68% em julho, a inflação acumulada nos últimos 12 meses ultrapassa 10%.

“Apesar da crise mundial, o Brasil chega ao final de 2022 com uma economia em plena recuperação. Temos emprego em alta e inflação em baixa. A economia voltou a crescer. A pobreza aumentou em todo o mundo sob o impacto da pandemia. No Brasil, ela já começou a cair de forma acentuada”, afirmou Bolsonaro na ONU.

Pandemia – Logo no começo do discurso, Bolsonaro afirmou que o governo “não poupou esforços para salvar vidas” ao longo da pandemia da Covid-19.

Bolsonaro não mencionou, contudo, que, de cada 100 mortes por Covid-19 no mundo, 11 são de brasileiros.

A atuação de Bolsonaro na pandemia foi criticada por especialistas e autoridades em saúde, uma vez que o próprio presidente negligenciou a gravidade da doença – que chegou a chamar de “gripezinha” – e desestimulou o cumprimento de medidas sanitárias. A gestão do governo durante a crise sanitária chegou a ser alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que atribuiu a Bolsonaro uma série de crimes.

No discurso em Nova York, Bolsonaro disse também que 80% da população brasileira foi vacinada contra a Covid-19, e que isso ocorreu de “forma voluntária”, respeitando “a liberdade individual” de cada pessoa.

De acordo com o consórcio de veículos de imprensa, 79,37% da população recebeu duas doses ou a dose única de imunização contra a Covid. Entretanto, menos de 50% da população recebeu a dose de reforço, recomendada pelo Ministério da Saúde.

O próprio presidente diz não ter se vacinado e, durante a pandemia, levantou dúvidas sobre os imunizantes, comprovadamente seguros e eficazes. Em um dos momentos, Bolsonaro chegou a fazer uma falsa associação entre a vacina e o desenvolvimento da Aids. Para a Polícia Federal, nesse episódio, há indícios de que o presidente incorreu na prática de incitação ao crime.

Políticas para mulheres – Com alta rejeição entre o eleitorado feminino, Bolsonaro aproveitou o pronunciamento na ONU para fazer acenos às mulheres, destacando medidas da sua gestão e a participação da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, no governo.

“Quero também destacar aqui a prioridade que temos atribuído à proteção das mulheres. Nosso esforço em sancionar mais de 70 normas legais sobre o tema desde o início de meu governo, em 2019, é prova cabal desse compromisso”, disse.

“Combatemos a violência contra as mulheres com todo o rigor. Isso é parte da nossa prioridade mais ampla de garantir segurança pública a todos os brasileiros”, completou.

O presidente disse ainda que o governo trabalha para o Brasil ter “mulheres fortes e independentes”, que “possam chegar aonde” quiserem.

Nicarágua – Bolsonaro afirmou também que o governo brasileiro “tem trabalhado para trazer o direito à liberdade de religião para o centro da agenda internacional de direitos humanos”.

“É essencial garantir que todos tenham o direito de professar e praticar livremente sua orientação religiosa, sem discriminação”, declarou.

Bolsonaro disse que o Brasil “repudia a perseguição religiosa em qualquer lugar do mundo” e está de portas abertas para acolher padres e freiras católicos que tem “sofrido cruel perseguição do regime ditatorial da Nicarágua”.

No país da América Central, o governo de Daniel Ortega fechou estações de rádio católicas e proibiu procissões religiosas.

Religiosos foram detidos e freiras da ordem fundada pela Madre Teresa de Calcutá foram expulsas do país.

Ortega acusa bispos do país de “tomar partido” e estarem comprometidos com golpistas, além de terem promovido a criação de “seitas satânicas”. O presidente da Nicarágua conta com apoio de Cuba e Venezuela.

 

Da Redação com informações do G1

Foto: Reprodução

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