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quinta-feira, novembro 21, 2024

Fake News nas eleições: Um mal disfarçado em falsas verdades para causar danos aos adversários

Para o sociólogo Luiz Antônio é preciso deixar claro que as fake news não são apenas a disseminação de conteúdos falsos ou duvidosos por quem as divulgam. As fake news são notícias falsas criadas com a intenção de causar dano e dolo a algo ou a alguém. Em períodos eleitorais, as fake news têm o propósito de causar danos aos adversários e impedi-los de participar de uma disputa justa e igualitária

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A palavra fake news é de origem inglesa e quando traduzida no sentido literal ela quer dizer notícias falsas e já se tornou popular em todo o mundo. Embora tenha se ouvido falar mais da palavra recentemente, ela já era usada desde o final do século XIX, para referenciar quando informações falsas são publicadas e disseminadas, principalmente, em redes sociais.

Mas o termo ganhou mesmo o mundo justamente em um período eleitoral, em 2016, nos Estados Unidos (EUA), quando a imprensa internacional começou a usar com mais frequência à palavra fake news. Neste mesmo ano, Donald Trump foi eleito presidente dos EUA.

Na ocasião daquela eleição, empresas especializadas em checagem de informações identificaram uma série de sites com conteúdos duvidosos, em que a maioria das notícias divulgadas exploravam conteúdos sensacionalistas que envolviam nomes de personalidades importantes, como a adversária de Trump, Hillary Clinton.

No Brasil, o tema veio à tona com a instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito das Fake News (CPMI), no Senado Federal, em setembro de 2019, que apurou e investigou a propagação de notícias falsas, desinformação, além de assédio e a incitação a outras práticas criminosas na internet, durante as eleições de 2018. Entre as investigações estiveram no centro das atenções, a criação de perfis falsos e os ataques cibernéticos nas diversas redes sociais, com possível influência no processo eleitoral e debate público.

Ainda na CPMI, a deputada federal Joice Hasselmann (PSDB-SP), que na ocasião das eleições de 2018 foi eleita com apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL), testemunhou na CPMI das Fake News e escancarou um esquema que ficou conhecido como “gabinete do ódio”. Segundo ela, havia um grupo de pessoas dentro do governo Bolsonaro, integrado por assessores especiais da Presidência da República, que participavam do “gabinete do ódio”, que tinha como objetivo a propagação de notícias falsas e campanhas difamatórias.

Além disso, a deputada denunciou, naquela ocasião, que havia uma estrutura que funcionava dentro do Palácio do Planalto para a disseminação desses conteúdos. A parlamentar acusou, ainda, os filhos do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL) e o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PL), de comandarem o que chamou de “milícia digital”.

Fake news e o seu real propósito – Para o professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e sociólogo, Luiz Antônio, é preciso antes de tudo deixar claro que as fake news não são apenas a disseminação de conteúdos falsos ou duvidosos por quem quer que as divulguem. As fake news são muito mais que isso, são notícias falsas criadas com a intenção de causar dano e dolo em algo ou em alguém. Luiz Antônio também destacou que em períodos eleitorais as fake news têm o propósito de causar dano eleitoral aos adversários e impedi-los de participar de uma disputa justa e igualitária.

“Eu penso que é preciso à gente começar a destacar um aspecto bastante importante: fake news não é só uma notícia falsa. Um produto falso ou algo falso, ele não é necessariamente mentiroso, por exemplo, você tem uma bolsa e uma bolsa falsificada, as duas têm a mesma função, elas cumprem a mesma função. No caso das fake news a gente está falando de uma outra coisa, a gente está falando de uma notícia intencionalmente fraudulenta, não é ser falso, há uma fraude, e é intencional. Ela tem a finalidade de causar dano, de provocar dolo, de causar prejuízo para alguém, é disto que a gente está falando”, pontuou o sociólogo ao Portal O Convergente.

Luiz Antônio também pontuou que quando se há intenção em prejudicar outrem com notícias falsas, principalmente em período eleitoral, há graves elementos que precisam ser analisados como fraudes eleitorais.

“Quem produz as fake news, o fazem com esta intenção de causar dano, e no caso de processos eleitorais, causar dano eleitoral aos adversários. Portanto, eles têm dois elementos graves aí: que é a fraude como o objetivo de conquistar votos e, portanto, fraudar também o processo eleitoral, eliminar o outro não pelo argumento, pelo convencimento de que suas teses são mais adequadas para o povo brasileiro ou coisa parecida, mas por você destruir o outro, você eliminar o outro antes que o outro chegue ao campo”, disse o sociólogo exemplificando que as fake news são como uma partida de futebol, em que um time coloca laxante na comida de seus adversários, impedindo que eles cheguem a campo.

“As fake news têm a finalidade de impedir que o adversário jogue com as mesmas condições, com as mesmas condicionalidades eleitorais. As pessoas divulgam e produzem fake news por causar danos ao processo eleitoral, para causar prejuízo aos adversários eleitorais e que, portanto, deveriam ser denunciados e deveriam estar presos, porque eles conspiram no limite contra a democracia brasileira”, ressaltou o sociólogo.

Checagem – Ao receber uma notícia, ela precisa ser checada, independentemente de quem a enviou e por onde ela foi enviada, não é porque a mensagem chegou por meio de um amigo ou familiar, que ela é verdadeira. A informação, assim como no Jornalismo, quando se divulga uma notícia, precisa ser checada se é verdadeira ou falsa. O Portal O convergente esteve nas ruas de Manaus para saber se a população consegue identificar quando recebem uma notícia falsa por meio da internet.

Para o camelô João Batistas, de 67 anos, produzir ou inventar mentiras por meio de fake news é vergonhoso e que quem fosse pego produzindo e disseminando conteúdos duvidosos ou mentirosos deveria ser punido. João Batista classificou as fake news como péssimas para o desenvolvimento do Brasil.

“Sempre tem, o cara quer isso ou aquilo e inventa uma coisa ou outra. A fake news tinha que acabar, isso é uma safadeza no país. Tinha que o brasileiro, que inventa essas coisas, criar vergonha e ser sincero, né! Porque não adianta mentir para você que amanhã alguém vai saber que estou mentindo. Então a fake news, ela é péssima para o nosso país, gente que usa esse tipo de coisa tinha que ser punido”, disse.

Já o comerciante Milton Filho, 46, disse que não tem costume de checar se as mensagens que recebe são verdadeiras ou falsas, confirmou que as fake news existem, que são propagadas nas redes sociais e que tanto ele quanto a população precisam ficar mais atentos a estes conteúdos.

“Não, eu não verifico, porque ninguém tem tempo para isso, mas é lógico que isso está muito comum hoje em dia, as fake news, principalmente se tratando de eleições. O pessoal leva muito para esse lado de tentar manipular as pessoas através de falsas notícias. Isso aí é o que mais rola nas redes sociais, na internet e tem que ficar atento a isso”, declarou o comerciante.

Por Edilânea Souza

Fotos: Divulgação / Ilustração: Marcus Reis

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