Mudanças estruturais no Avante indicam que o atual presidente da Câmara Municipal de Manaus (CMM), vereador David Reis, será um dos nomes cotados pela sigla para disputar uma vaga na Câmara dos Deputados, em Brasília. Reis, antes anunciado como possível pré-candidato ao cargo de deputado estadual, acumula uma série de ações duvidosas à frente da gestão da CMM. Como contratos superfaturados e inapropriados, que já viraram até alvo de denuncias nos órgãos fiscalizadores do Estado.
A alteração, segundo fontes consultadas pelo O Convergente, teria ligação com a provável mudança em torno da candidatura do ex-vereador, Chico Preto (Avante). Isso porque, ao que tudo indica, ele em vez de disputar uma vaga ao Senado pelo partido, deverá seguir na disputa das eleições deste ano, mas para o cargo de deputado federal. Uma mudança intencional do Avante para que ele, junto com David Reis, fortaleça a base do Avante no Amazonas no cenário nacional. A informação ainda não foi oficializada pelo partido e nem pela assessoria do parlamentar.
Gestão de “duvidosa” – A ideia de ter David Reis concorrendo a uma das vagas na Câmara dos Deputados levanta uma série de questionamentos quanto à “capacidade” e idoneidade do parlamentar. Isso porque à frente da CMM, o vereador teve o nome envolvido em uma série de denúncias quanto a contratos superfaturados e duvidosos.
Um deles, um contrato milionário para instalação de painéis solares na Câmara Municipal, virou alvo de investigação no Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM) após indícios de irregularidades.
A medida, feita pelo órgão de contas em maio, foi tomada após uma denúncia, firmada por meio de representação no órgão de contas, afirmar que a empresa vencedora do procedimento licitatório, no valor de mais de R$ 5,1 milhões, não tinha capacidade técnica para implementar o sistema e ainda assim ter sido contratada pelo presidente da CMM.
Em outro procedimento, já em abril deste ano, o TCE-AM acatou uma representação com medida cautelar, para apurar as possíveis irregularidades em uma licitação feita pelo presidente da Câmara Municipal de Manaus (CMM), para a compra dos equipamentos de fotografia, apelidado de “kit selfie”, por mais de R$ 630 mil. O caso ganhou grande repercussão nacional.
Cancelados após pressão – Entre as polêmicas que envolveram o nome de Reis, em meio a sua gestão à frente da CMM, está o procedimento licitatório para o aluguel de 41 picapes para os vereadores da Casa Legislativa pelo valor de R$ 8 mil mensal.
O procedimento, iniciado no ano passado, levantou muita polêmica entre a população da capital, que não concordavam com essa aquisição. Após a pressão popular à época, David Reis foi “obrigado” a cancelar o processo licitatório.
Além da licitação para o aluguel das picapes, a construção de um prédio anexo à CMM, que custaria cerca de R$ 32 milhões aos cofres da Casa também gerou uma grande comoção popular. A construção só não foi adiante após o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) barrar o andamento da licitação, após uma ação judicial impetrada pelos vereadores Amom Mandel (Cidadania) e Rodrigo Guedes (Republicanos) que discordavam do valor que seriam empenhados nesta obra.
Além das licitações já citadas, outros vários contratos suspeitos foram firmados na gestado do David Reis. Muitos dos casos foram, inclusive, denunciados pelo O Convergente desde o ano passado.
Bem como a aprovação, na última sessão plenária de 2021, do aumento da Cota para o Exercício Parlamentar (Ceap), mais conhecida como “Cotão”, que passou de R$ 18 mil para mais de R$ 33 mil.
O ato também repercutiu de forma negativa na gestão de David Reis e virou alvo de ação no Tribunal de Justiça do Amazonas. Ação essa já reivindicada pela CMM por diversas vezes.
— —
Da Redação
Fotos: Divulgação/ Ilustração: Marcus Reis
