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segunda-feira, julho 8, 2024

Violência política cresce e acende alerta em ano eleitoral no Brasil

No primeiro semestre deste ano, o Brasil registrou 214 casos de violência política. O número, segundo pesquisa feita pela Unirio é 32% maior que os 161 episódios registrados no primeiro semestre de 2020, último ano eleitoral

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Dados divulgados pelo Observatório da Violência Política e Eleitoral da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) mostram um aumento de 32% nos casos de violência contra lideranças políticas nos seis primeiros meses deste ano. O percentual levou em consideração o comparativo de dados registrados em 2020, último ano eleitoral no país.

Os dados evidenciam uma prática que, infelizmente, está se tornando “comum”, como o fato ocorrido no último final de semana com o guarda municipal e tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT), Marcelo Aloizio, que por “divergências políticas” foi assassinado durante sua festa de aniversário de 50 anos, no sábado, 9/7, em Foz do Iguaçu, no Paraná.

O crime, segundo informações divulgadas pela polícia, foi cometido pelo policial penal federal Jorge Guaranho. Ele, que é apoiador declarado do presidente Jair Bolsonaro (PL), teve a prisão preventiva decretada pela justiça na manha desta segunda-feira, 11/7.

No dia do crime, testemunhas disseram que Jorge Guaranho teria citado o nome do presidente por várias vezes e ameaçado Aloizio e todos os presentes na festa antes de atirar. Guaranho também foi baleado por Aloizio durante o conflito e está internado em estado grave.

O caso não é algo isolado, em termos de Brasil. Na ultima sexta-feira, 8/7, o ex-primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, foi assassinado a tiros enquanto discursava em apoio a um candidato ao Parlamento.

Ao ser preso, o atirador, identificado como Tetsuya Yamagami, de 41 anos, confessou que atirou no ex-primeiro-ministro porque acreditava que Shinzo Abe fazia parte de uma organização “que ele odeia”.

Amazonas – No estado, a proximidade das eleições também já gerou alguns conflitos. No inicio do mês, uma reunião marcada pela liderança nacional do Partido Socialismo e Liberdade (Psol) com filiados da sigla no Amazonas, acabou em pancadaria.

Na reunião deveriam ser divulgados os nomes dos filiados que passariam para a etapa seguinte das prévias do partido para as escolhas dos pré-candidatos ao cargo de governador e vice-governador do Amazonas nas eleições deste ano, entretanto o encontro acabou sendo suspenso após o desentendimento entre alguns presentes.

A confusão, conforme mostrou O Convergente na ocasião, teria ocorrido devido divergências entre alguns integrantes do partido.

Reflexo eleitoral – Para o cientista político Helso Ribeiro a violência em si faz parte do cotidiano da população de um modo geral e nas questões politicas é algo que fica bem mais evidenciado em ano eleitoral.

“Eu diria que todas as eleições tem ânimos exaltados, o que não é de agora. Durante as campanhas eleitorais a tendência sãos esses ânimos aumentarem. O que eu vejo na verdade, é que da última campanha de 2018 para cá, isso começou a ser intensificado. As redes sociais ajudaram muito nesse discurso de ódio. Então virou um discurso realmente maniqueísta, a luta do bem contra o mal. Como se isso de fato existisse”, analisou o especialista.

A prática violenta, porém, na visão de Ribeiro, é incompatível com o desenvolvimento democrático de qualquer lugar. “A democracia ela demanda, ela pede consenso. Ela pede tolerância, pede respeito ao diverso. Isso não tem sido um discurso, principalmente, após as eleições de 2018. Enquanto não houver isso, enquanto insistirmos nesse discurso de ódio, de quem perdeu não tem direito a nada, de quem não esta do meu lado esta do lado do ‘belzebu’, a tendência é a exaltação de ânimos. O que não serve para a democracia”, concluiu.

Pesquisas – O Brasil, segundo os dados do Observatório de Violência Política e Eleitoral da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, registrou 214 casos de violência política nos primeiros seis meses de 2022.

O número, segundo o levantamento, é 32% maior que os 161 episódios registrados no primeiro semestre de 2020, último ano eleitoral. Na maioria das vezes os casos foram relacionados a disputas locais e atingiu militantes de 23 partidos. Sendo os casos mais comuns relacionados a ameaças e agressões.

Em 2020, outro levantamento, realizado pelas organizações sociais de direitos humanos Terra de Direitos e Justiça Global, mostrou que a violência contra a vida de representantes de cargos eletivos, candidatos ou pré-candidatos teve um aumento significativo nos últimos quatro anos.

O estudo mapeou 327 casos ilustrativos de violência política desde janeiro de 2016 a setembro de 2020, quando foi feito o recorte temporal do estudo. De acordo com o levantamento, foram registrados 125 assassinatos e atentados, 85 ameaças, 33 agressões, 59 ofensas, 21 invasões e quatro casos de prisão ou tentativa de detenção de agentes políticos no período pesquisado.

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Por Izabel Guedes com informações da CNN e assessoria de imprensa

Fotos: Divulgação / Ilustração: Marcus Reis

 

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