A Polícia Federal confirmou as mortes do indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, e o encontro de restos mortais que podem ser da dupla que estava desaparecida desde o último dia 5 de junho. Segundo a PF, Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como “Pelado”, que está preso, confessou a participação no crime. Nesta quarta-feira, 15/6, Amarildo indicou as equipes de segurança o local onde os corpos foram enterrados. O irmão de Amarildo, Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como “Dos Santos”, que também está preso, nega o envolvimento no delito. As informações foram repassadas pela PF na noite desta quarta-feira, durante coletiva de imprensa.
Bruno e Dom foram vistos pela última vez na manhã do último dia 5 de junho, quando chegaram na comunidade São Rafael, por volta das 6h. De lá, eles seguiram rumo a Atalaia do Norte, viagem que dura aproximadamente duas horas, mas não chegaram ao destino.
na região do Vale dO jornalista era colaborador do jornal The Guardian e o indigenista era servidor licenciado da Fundação Nacional do Índio (Funai).
Na ocasião da coletiva, o superintendente da PF no Amazonas, Eduardo Fontes, destacou que há a possibilidade de uma outra pessoa estar envolvida no crime e que novas prisões podem ocorrer a qualquer momento. “Tem duas pessoas presas atualmente, apesar de um ter negado a prática delituosa, nós temos provas em seu desfavor. E nós temos indícios da prática [do delito] por outra pessoa, que nós estamos investigando”, disse o superintendente da PF.
Além disso, Fontes ressaltou que as diligências em torno do caso seguem para descobrir as circunstâncias do crime e a real motivação do delito. O superintendente da PF no Amazonas acrescentou que os restos mortais encontrados seguem para perícia. “Em sendo comprovados que os remanescentes são relacionados ao Dom Phillips e ao Bruno Pereira, serão entregues à família”, declarou.
Ainda durante a coletiva, as autoridades informaram que Amarildo narrou com detalhes o crime e apontou o local onde os corpos foram enterrados. Segundo Eduardo Fontes, o local indicado pelo infrator é em uma área de difícil acesso. Nas buscas de hoje, foi realizada uma reconstituição do crime, e Amarildo também mostrou as equipes onde afundou a embarcação usada pela dupla.
“Foi realizada toda a reconstituição do crime, com autorização judicial, devidamente filmada. E depois nós fomos até o local onde ele [Amarildo] anunciou que havia enterrado os corpos”, disse Fontes na coletiva.
Detenções – Amarildo da Costa Oliveira, o “Pelado”, está detido desde o dia 7 de junho. Segundo a polícia. Ele foi visto por ribeirinhos no dia do desaparecimento, em uma lancha logo atrás da embarcação de Pereira e Phillips. Ja Oseney. O Dos Santos foi preso temporariamente nessa terça-feira, 14/6. Os dois tiveram as prisões temporárias estendidas para 30 dias, prorrogáveis por mais 30 dias. O processo tramita sob segredo de Justiça.
Em depoimento, Amarildo afirmou que ajudou a enterrar os corpos do jornalista e do indigenista brasileiro, que teriam sido mortos a tiros. Ele disse que não efetuou os disparos e também não ouviu os tiros. O suspeito afirmou ainda que Bruno trabalhava para combater a pesca ilegal na região e este teria sido o motivo do crime. Amarildo teria dito aos policiais que os corpos de Dom e Bruno foram queimados, esquartejados e enterrados.
Sobre as causas das mortes, Eduardo Fontes informou que só será possível definir após o resultado da perícia.
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Por Lana Honorato
Fotos: Divulgação/ Ilustração Marcus Reis