Uma análise feita pelo sociólogo Gilson Silva, mostra o desempenho de nomes para o cargo de governador do Amazonas que estão cotados para o pleito deste ano. A pesquisa, que teve como base os números das pesquisas eleitorais divulgadas de fevereiro até agora, foi feita a pedido do Portal RralTime1.
De acordo com informações do Supremo Tribunal Eleitoral (TSE), desde fevereiro até nesta terça-feira, 14/6, 14 pesquisas eleitorais para o Governo de Amazonas foram registradas e, segundo o sociólogo, há várias diferenças e similaridades nos levantamentos, independentemente do instituto que as realizaram.
A análise de Gilson Silva foi dividida em dois blocos, com pesquisas realizadas entre o dia 3 de fevereiro deste ano, até 9 de maio, oito pesquisas foram divulgadas e predominantemente o pré-candidato Amazonino Mendes (Cidadania) com números entre 30,1% e 40%. O atual governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), fica bem abaixo, com uma média de 22,4%; Eduardo Braga (MDB) já aparece em terceiro e Ricardo Nicolau (Solidariedade) surgiria como o quarto.
No segundo bloco, estão as pesquisas divulgadas entre 11 de maio e agora em junho, com cinco levantamentos. Ou seja, há praticamente um mês: Pontual (18/5), Iveritas (23/5), Realtime BigData (30/5), Perspectiva (31/5) e Icepam (1º de junho). Os resultados destas cinco pesquisas apresentaram uma certa lógica e coerência, apesar de algumas diferenças nos detalhes. Seriam os retratos mais atualizados do cenário eleitoral.
Análise das diferenças – Primeiro, a margem de erro. No bloco 1, elas oscilaram entre 2% (Perspectiva) e 3% (CM7, Iveritas e Realtime BigData). No bloco 2, elas variaram pouco, oscilando entre 1,9% (Pontual) e 3% (Iveritas e Perspectiva).
A importância maior está na leitura dos dados. É incorreto dizer que alguém tem 10%, com uma margem de erro de 3%. O mais adequado é dizer que esse candidato possui entre 7% e 13%. É assim que tais números precisam ser lidos, pesquisa por pesquisa.
Além disso, também variaram na amostra entrevistada. No bloco 1, variaram entre 1.200 (Realtime) e 5.094 (Iveritas), passando por 3.600 (Perspectiva) e 5.000 (CM7). No bloco 2, algo similar ocorreu. As amostras vão de 1.550 (Realtime) até 5.688 (Iveritas).
Outro ponto diferente foi a quantidade de cidades onde foram feitas as entrevistas. Só pensando no bloco 2, houve uma pesquisa feita em 14 municípios e outra realizada em 26.
Como explicar tais diferenças na coleta dos dados? Os custos do serviço e o orçamento disponível explicam tais diferenças nesses detalhes metodológicos.
Vale a pena registrar que não adianta elevar tanto a amostra, pensando no caso da Iveritas (5.688 entrevistas). O custo da pesquisa fica alto demais e os resultados não mudam significativamente.
Com um número bem menor de entrevistas, Realtime BigData (1.500) e Perspectiva (3.000) obtiveram margens de erro iguais ou próximas.
É bom ressaltar que boas pesquisas se fazem através da divisão da amostra pelas cidades e bairros, conforme os critérios estatísticos vigentes e que devem estar bem transparentes no registro oficial e na divulgação.
Sem divulgação – Ainda vale a pena destacar que duas pesquisas foram registradas, mas não divulgadas (Eficaz e Castro Mkt). Por que isso?
Há algumas suposições: por exemplo, a empresa apenas pode ter registrado a pesquisa, mas não a fez por falta de patrocínio. Contudo, geralmente, isso ocorre porque os números não agradam ao cliente e este solicita à empresa para não divulgar a pesquisa.
Amazonino cai, Wilson sobe e Braga pode ganhar fôlego – O fato inicial a destacar é que Amazonino Mendes lidera todas essas pesquisas. No bloco 1, apresenta a média simples de 33,4%. Em 2 pesquisas do IDP obteve 39% e 40%, seus resultados mais altos. Nas outras, oscilou entre 30,4% e 33,4%.
Já no bloco 2, iniciado em 11 de maio, os números de Amazonino baixaram um pouco, variando entre 28,9% e 30%. Tirando uma média simples desses resultados, ele abriria junho com 29,2%.
Se pensarmos, num cálculo razoável, que 2.105.961 eleitores comparecerão no dia da eleição (uma abstenção de 19,35%), podemos imaginar, de maneira aproximada, que ele possuiria, hoje, cerca de 614 mil votos e que teria “perdido”, em relação ao primeiro grupo de pesquisas, mais de 80 mil votos.
Outro fato que podemos ressaltar é como Wilson Lima vem subindo e se consolidando na segunda posição. No bloco 1, ele iniciou com 13,7%, chegando a 35,1%, em março, baixando depois para 16,6%. Teria entrado em maio com uma média simples de 22,4%.
Contudo, nestes últimos 30 dias, de 23,3%, passou para 28,1% e chegou em junho a 26%. Possuiria, hoje, aproximadamente, um quarto do eleitorado. Nesse período, sua média ficou em 25,4%.
No mesmo cálculo anterior, ele estaria hoje com cerca de 534 mil votos. Entre os 2 blocos, teria conseguido arrebanhar mais de 60 mil novos votos.
Há uma polarização entre ele e Amazonino que vem se firmando. Se fizermos uma leitura das médias do bloco 2, a partir de uma hipotética margem de erro de 2%, poderíamos especular que Amazonino teria algo entre 27,2% e 31,2%, enquanto Wilson estaria com números entre 23,4% e 27,4%.
Mas não podemos esquecer Eduardo Braga. Sua regularidade é impressionante. Nas 8 primeiras pesquisas ficou com a média simples de 17,7%, oscilando entre 14,2% e 20,3%.
No bloco 2, iniciou maio com 17,7% e abre junho com 17%. Sua média aritmética nesse período ficou em 17,8%, praticamente a mesma do início do ano. É quase um quinto do eleitorado. Hoje, possuiria mais de 370 mil votos. É um competidor que não pode ser descartado. Na hipotética margem de erro de 2%, estaria com algo entre 15,7% e 19,7%.
Qualquer oscilação de Amazonino ou Wilson e ele pode surpreender, indo ao segundo turno.
Não podemos esquecer que ele está firmando alianças com prefeitos do interior (Parintins, por exemplo) e, provavelmente, será o candidato de Lula no Amazonas. Com a polarização federal crescendo, ele será beneficiado, caso se atrele à figura de Lula.
O pleito parece estar se fechando em torno desses três nomes citados.
Outros, como Ricardo Nicolau e Carol Braz (PDT), estão estabilizados em uma faixa de 3% a 5%. Isso lhes dá visibilidade e os habilita a tentarem outras eleições ou negociarem apoios no segundo turno, mas, por ora, é insuficiente para surpreender os favoritos.
Cenários – Por enquanto, vemos Amazonino e Wilson disputando o segundo turno, usando todos seus recursos – máquina, memória do eleitor, passado disposição física, capacidade de viajar e propaganda, entre outros.
Eduardo está um pouco atrás, mas possui um bom número de eleitores fiéis e pode se aproveitar de qualquer descuido dos líderes e surpreender, pois está bem aceso e em campanha aberta.
Os números estão se ordenando, com poucas diferenças, excetuando-se a CM7 de março que dava a vitória a Wilson sobre Amazonino (35,1% x 31,5%) e a da IDP de 9 de maio, cuja vantagem de Amazonino sobre Wilson seria de 40,1% x 16,6%.
No mais, vemos que Amazonino segue líder, mas caindo de uma faixa de mais de 33% para outra, com pouco menos de 30%, enquanto Wilson teria subido de aproximadamente 20% para algo em torno de 25%.
E atenção aos indecisos, pois a média deles no bloco 2 está em 7,1%, ou seja, mais de 140 mil eleitores. A chave da ida ao segundo turno pode estar nesse segmento.
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Da Redação com informações RealTime1
Fotos: Divulgação