Após dois anos sem acontecer, devido à pandemia da Covid-19, a Marcha para Jesus, organizada pela Ordem dos Ministros Evangélicos do Amazonas (Omeam) voltou a ser realizada de forma presencial na tarde e noite deste sábado, 28/5. O evento, que “normalmente” é marcado para exaltar o nome de Deus, misturou fé, religião e política e contou com a presença do presidente Jair Messias Bolsonaro (PL), que cumpriu uma agenda extensa na cidade de Manaus.
Embora Bolsonaro tenha falado em seu discurso que o evento não era para ele, e sim para Jesus, muitos dos fiéis, de diversas congregações religiosas, e apoiadores estiveram no Centro de Convenções Sambódromo, na zona Oeste de Manaus, “exclusivamente” para vê-lo. Logo no início da cerimônia de abertura, Bolsonaro pediu para que tirassem as grades e deixassem o povo chegar mais perto, pois o evento era para Jesus.
Durante seu discurso a evangélicos e apoiadores, o presidente disse que não tem intenção de acabar com a Zona Franca de Manaus, muito embora tenha recorrido da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que pede, liminarmente, a suspensão da redução de 35% do IPI nos produtos fabricados no Polo Industrial de Manaus (PIM).
“Tenho certeza que assim como lá atrás, como a Zona Franca nasceu com o general Castelo Branco para Costa e Silva esta área será preservada. A Zona Franca de Manaus jamais será atingida por este governo. Esse governo reduz impostos em todo o Brasil e a redução de impostos é benéfica para todo o país. Ninguém perderá nada aqui reduzindo impostos, como por exemplo, o IPI. Eu nunca vi um país crescer aumentando ou criando novos impostos. A Zona Franca, a região do Amazonas tem um potencial enorme, como disse, ninguém tem o que vocês têm, como por exemplo, os fertilizantes, em Autazes, e a nossa rica biodiversidade”, destacou o presidente da República.
Além disso, Bolsonaro ainda criticou os partidos considerados de esquerda, dizendo que o Brasil jamais terá sua “bandeira vermelha”, que não aceitará o comunismo e nem o socialismo, afirmando que o povo está mais unido por onde tem passado. Ainda em seu discurso, o chefe da nação disse que é contra o aborto, a ideologia de gênero, a liberação de drogas e a liberação dos jogos de azar.
“Nós sabemos o que o outro lado quer fazer, nós sabemos o que eles fizeram no passado, e nós não queremos retornar a essa época sombria, onde imperava a corrupção, o desmando e o ataque à família brasileira. Não aceitamos a nossa bandeira ser vermelha, não aceitamos o comunismo ou o socialismo. Nós daremos a nossa vida pela nossa liberdade”, disse Bolsonaro enquanto a multidão gritava apoiando o discurso do presidente ao som de “mito”.
Apoio – O governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil) e prefeito de Manaus, também estiveram no evento e discursaram ao lado de Bolsonaro.
Em breve discurso, David Almeida disse que é a 15ª Marcha que participa e que todos os eventos desse tipo têm um propósito e agradeceu a todos os presentes. “O meu propósito é pela paz no mundo, o meu pedido é para que Deus dê unidade para este país, para este estado e para esta cidade. Que o Senhor possa ser o nosso guia, louvado seja o nome do Senhor! Que Ele abra as mentes de todas às autoridades, a nível federal, estadual e municipal para que todas se unam para o bem comum, que é o bem da nação”, disse Almeida.
Já o governador Wilson Lima agradeceu pela oportunidade de estar no local e falou sobre a importância da presença de Jair Bolsonaro. “Quero agradecer a Deus por esta oportunidade e quero agradecer ao presidente Bolsonaro pela sua vinda. É importante a sua vinda porque demonstra o compromisso que o senhor tem pelo nosso estado”, disse Wilson desejando um bom evento ao público no Sambódromo.
Apoiadores – Ainda durante o evento, além das lideranças religiosas de todo o estado, a Marcha para Jesus também teve a presença de outros políticos amazonenses que apoiam Bolsonaro, como: os deputados federais Delegado Pablo (União Brasil), Capitão Alberto Neto (PL) e dos deputados estaduais delegado Péricles (PL) e Fausto Jr. (União Brasil). Além das primeiras-damas, Taiana Lima e Michelle Bolsonaro.
Fé, religião e política – A presença de vários políticos no local e a forma como a presença do presidente foi enaltecida no local, não agradou a todo mundo que esteve na Marcha para Jesus e dividiu opiniões.
Uma participante assídua do evento, mas que preferiu se identificar apenas como A. F., de 49 anos, disse que não concorda com essa mistura, que se o evento é para Jesus não precisa o presidente participar.
“Não concordo com o presidente aqui. Se é uma marcha e é para Jesus não teria porque ter a política no meio, eu não concordo. Eu vim especificamente para a Marcha”, disse a autônoma.
Já Gerard Fernandes, 51 anos, que trabalha na rede de hotelaria em Manaus, disse ser a favor de que todos participem da política, inclusive os evangélicos.
“Eu concordo que os evangélicos participem, porque o político é funcionário do povo, simples, funcionário do povo! Político não faz favor para o cidadão, jamais, nunca na história do Brasil. O que existia era um nome ‘sistema’, que deixava o povo fora da política. Política o povo tem que estar envolvido com política sim, simples, porque ele é funcionário do povo, exemplo, vão gastar R$ 7 bilhões, se o povo estar passando fome e necessidade porque não dar este dinheiro para o povo”, disse Gerard se referindo ao fundo que é destinado para as campanhas eleitorais, que neste ano será de R$ 4,9 bilhões.
Evento – Organizadores do evento afirmaram ao Portal O Convergente que o movimento contou com aproximadamente 800 mil participantes, entre evangélicos e apoiadores do presidente Bolsonaro.
Neste ano, os cantores gospel Fernandinho e Anderson Freire foram chamados para entoar os louvores ao público presente.
Confira algumas fotos do evento:
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Da Redação
Fotos: Divulgação / Arthur Castro / Secom
