A participação das mulheres na política do Amazonas e os direitos das mulheres no meio social como um todo foram alguns dos assuntos tratados com a assistente social, mestra em Sociedade e Cultura na Amazônia, Michelle Vale, no quadro “Debate, Política e poder”, do Portal O Convergente, desta terça-feira, 8/3. A entrevista foi a primeira das três, que fazem parte de uma série de entrevistas feitas em alusão ao Dia Internacional da Mulher, comemorado dia 8 de março.
No debate, Michelle Vale, que também é especialista em antropologia social, falou sobre o livro que escreveu contando a história de Eunice Michiles, que foi a primeira mulher eleita como senadora do Brasil e representante do Amazonas e também sobre o que de fato é a sororidade.
“Quando falo de sororidade me vem na cabeça nos colocarmos no lugar do outro. O que você gostaria de receber que você também poderia oferecer. E essa união de mulheres, ou seja, essa troca de experiência, essa troca de afinidade, de respeito, é na verdade uma luta feminista que temos tido diariamente, infelizmente. Quando a gente fala em sororidade a gente precisa partir do pressuposto que nós mulheres ainda não conseguimos atingir o ápice, porque nós vivemos em uma sociedade muito machista em que o comportamento machista é reproduzido por muitas mulheres”, disse a especialista.
Para ela, é preciso fortalecer a união das mulheres e aproveitou para explicar o significado do movimento feminista e o que esse movimento conquistou ao longo dos anos. Como o direito ao voto e as críticas, feitas por algumas mulheres ao termo e as ações praticadas em alguns casos.
“É bem curioso isso. A gente escuta muito esse bombardeio de críticas sobre o movimento porque as pessoas entendem que ser feminista se resumi a mulher com estilos mais masculinizados, mulheres que querem se sobrepor aos homens, mulheres lésbicas e não uma procura sobre o que é feminismo de fato. O feminismo não é uma maneira louca de falar besteira, são estudos, é uma corrente de pensamentos de discussões políticas que envolvem a natureza do feminismo”, explicou ela ao citar que o movimento foi taxado como uma forma de mulheres quererem tomar o lugar do homem.
Ela também fez uma análise da visibilidade em torno do ser feminista no decorrer dos anos, explicando a diferença do entendimento da época com o que é associado ao movimento hoje em dia, principalmente com o crescimento da disseminação de informações por meio das redes sociais. Além de falar sobre o cenário político e social vivenciado na época em que as mulheres começaram a se inserir na política.
“Nós precisamos entender que na década de 60 e 80, quando a Eunice Michiles entrou no Senado, por exemplo, nós não tínhamos rede social como temos hoje. A imprensa antigamente era a revista Manchete e só iam cobrir, naquele momento como era a vestimenta o cabelo e o sapato usado. A indumentária e quando ela se atrasava era esculhambada, por ser a única mulher. Hoje você vê os deputados faltando sessão”, exemplificou ela a citar o que era o foco na época e as dificuldades em se divulgar o que uma mulher no parlamento fazia no cenário político na época.
No decorrer da entrevista a especialista fala um pouco das vivencias, que a ajudaram a escrever o livro “Mulheres no Poder: a trajetória política de Eunice Michiles”, os direitos das mulheres e as movimentações das mulheres no cenário político, judiciário e cultural atualmente. Além dos avanços que ainda precisam ser alcançados no contexto social, político e econômico nesse sentido.
Confira:
Confira fotos da entrevista:
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Por Izabel Guedes
Foto: Marcus Reis