O cenário político para as eleições de 2022, os desafios de fazer jornalismo com credibilidade e os danos causados pelas fake news foram alguns dos temas evidenciados durante o quadro “Erica Lima Conversa”, do Portal O Convergente, com a jornalista e diretora-executiva da revista Cenarium, Paula Litaiff. Na entrevista, a jornalista ressaltou sobre a importância da leitura para agregar conhecimento, embasar o entendimento e promover o discernimento acerca de informações e do atual cenário político e social.
A polarização da política e as propostas dos pré-candidatos à Presidência da República nas eleições de 2022, bem como a briga travada entre os que se dizem apoiadores de direita e esquerda também foram assuntos destacados na entrevista. Tema esse preocupante na visão da jornalista, uma vez que as próprias autoridades políticas confundem a cabeça da população quando causam divisões desnecessárias sobre questões como saúde, meio ambiente, entre outros.
“O que me preocupa muitas vezes é que as pessoas se dizem de direita e de esquerda e muitas vezes nem sabem o conceito disso. O próprio vice-presidente da República, Hamilton Mourão, disse que a questão ambiental é muito mais voltada para o pessoal da esquerda, que se identifica com isso. Em tese a situação ambiental não tem que ser nem direita e nem de esquerda, e a partir do momento que um vice-presidente e um presidente falam isso eles estão legitimando que o Brasil tem que estar dividido”, falou.
No decorrer do bate-papo, Paula falou também sobre algumas omissões do presidente da República em relação ao Amazonas, bem como sobre possíveis apoios políticos à reeleição de Jair Bolsonaro. Assim como as perspectivas dos eleitores do Estado para as próximas eleições presidenciais e governamentais. Para ela, talvez o eleitorado se reserve e evite o “novo”, como ocorreu nas eleições de 2018.
“O eleitorado, com receio do que aconteceu em 2018, pode fazer com que as pessoas deixem o país do jeito que está, mantendo a atual gestão por medo da mudança. Esse comportamento, muitas vezes, está atrelado e é influenciado por informações disseminadas na internet e em grupos de WhatsApp. E detalhe, não é matéria. É arte, é meme, é card. A gente precisa desconstruir isso na vida das pessoas”, disse Litaiff ao exemplificar a disseminação das fake news como forma de informações.
“Uma fake news pode fazer com que pessoas tirem suas vidas”, completou ao criticar o uso de fake News para propagar informações que, muitas vezes, ganham as pessoas apenas porque elas têm preguiça de ler e pesquisar mais sobre o tema.
Crime – A jornalista acredita que a disseminação de fake news nas campanhas eleitorais pode não ser tão intensa como na campanha de 2018 em função das leis mais rígidas em torno do assunto.
“Na eleição de 2018 era natural e não era punitivo espalhar fake news. E agora a gente viu um deputado sendo cassado por disseminar fake news, gente sendo presa por espalhar notícia falsa. Até porque o crime não é só produzir, é disseminar também”, alertou Litaiff ao falar sobre a importância da imprensa nesse aspecto.
A jornalista alertou que quem pratica o crime pode ser facilmente identificado e punido hoje em dia. “É fácil hoje em dia a polícia investigar os IPs do celular, as torres que se comunicam. Então é fácil encontrar quem dissemina fake news. Você pode estar fazendo isso e amanhã estar com a Polícia Federal batendo na sua porta às 6h da manhã”, alertou.
Eleições 2022 – Em relação a leitura que faz sobre o atual cenário de pré-candidatos à presidência da República, mais especificamente sobre a participação do ex-ministro da Justiça e ex-juiz Sergio Moro (Podemos), Paula levantou diversos questionamentos sobre a omissão de Moro durante a pandemia.
“A gente tem que fazer uma análise sem romanização da coisa. Onde estava o Moro na pandemia? Estava em Nova Iorque. Ele fugiu do problema. Outra coisa, você tem um juiz que combinava sentença. Isso no Judiciário onde, em tese, ele teria que ser imparcial. Então quando você tem uma pessoa com um histórico desse, você tem que começar a verificar. O que eu quero colocar para liderar uma nação? Vamos analisar todos os pontos de vista, o que não pode é você normalizar um juiz que combinava sentença. Então se você tinha um juiz que já cometia crimes, você tem que avaliar. Precisa avaliar toda essa questão”, pontuou.
No decorrer da entrevista, a jornalista também fez uma breve análise sobre o cenário político para o governo do Estado, a volta dos caciques da velha política e o que pontam algumas pesquisas para as eleições de 2022.
“Do meu ponto de vista jornalístico, a questão da histórica das eleições no Amazonas é sempre assim. E isso não é de uma eleição pra cá, são das últimas cinco eleições. Incluindo as eleições municipais e estaduais. Então eu acho que está tudo muito indefinido”, destacou ela ao lembrar as situações que podem acontecer no decorrer de uma pré-campanha e na campanha em si.
Litaiff também fez uma análise prévia sobre os impactos da pandemia no meio político e o uso disso como palanque nos discursos nas casas legislativas. Falou ainda sobre articulações em torno da reeleição do atual govenador do Amazonas, Wilson Lima (PSC) e sobre outros possíveis candidatos ao governo do Estado, Senado, Câmara dos Deputados e Assembleia Legislativa do Amazonas.
Confira a íntegra da entrevista:
Fotos dos bastidores:
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Por Izabel Guedes
Fotos: Marcus Reis