O ministro da Economia, Paulo Guedes defendeu nesta sexta-feira, 5/11, em um painel da COP26 a concessão de “20 anos de desoneração” para empresas de tecnologia como Google, Amazon e Tesla a fim de criar uma “Selva do Silício” na Amazônia.
Ele fez a afirmação durante um painel por videoconferência, ao lado do ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, no qual ambos falaram sobre o chamado Programa do Crescimento Verde, divulgado sem detalhes pelo governo federal em cerimônia no último dia 25 no Palácio do Planalto.
O ministro da Economia defendeu novamente que é preciso transformar a “vocação” da Amazônia para que a região se torne a “capital mundial da economia verde e digital”.
Hoje, segundo o ministro, há uma atividade industrial obsoleta na região, que produz cinturões de pobreza e deixa a população vulnerável, como foi visto em Manaus (AM), durante a pandemia de covid-19.
“A Amazônia deve ser capital mundial dos seminários executivos sobre economia verde. Há o Vale do Silício, vamos fazer a Selva do Silício. Temos que vocacionar a região para isso. Tem toda uma economia verde e de baixo carbono que pode se desenvolver na região”, completou.
As declarações causaram reações pelas redes sociais.
Guedes mencionou ainda como exemplo Las Vegas, nos Estados Unidos, transformada, segundo ele, de deserto em “capital mundial do entretenimento”.
“Imagine, não só o turismo, mas ser um polo, a capital mundial, realmente, dos seminários executivos sobre economia verde, digital, sobre carro elétrico. Todos que quiserem se instalar lá [na Amazônia]. É a selva do silício, por exemplo. Tem o vale do silício [na Califórnia, região que reúne empresas de tecnologia], vamos fazer a selva do silício”, declarou.
Segundo Guedes, o exemplo de Las Vegas poderia servir de inspiração para o Brasil transformar a Amazônia na capital mundial da economia verde e digital. De acordo com o ministro, é preciso “trocar a vocação da região, indo para a vocação básica”, que é a economia verde, onde, segundo ele, o Brasil teria vantagem comparativa.
“Imagina se o Brasil dá 20 anos de isenção para ‘corportate tax’ [impostos sobre empresas] para empresas como Tesla, Google, Apple. São empresas digitais, são empresas do futuro, são empresas verdes. Para se instalarem na região e transformarem aquilo na capital mundial da bioeconomia”, propôs.
Dinheiro para preservar – Durante a participação no painel da COP26, o ministro Paulo Guedes também declarou que o Brasil tem que ter “reconhecimento” pela preservação dos seus recursos naturais.
“Temos de achar um jeito de remunerar quem preservou esse estoque de riqueza”, afirmou.
Segundo ele, a chave para a preservação das riquezas naturais do Brasil é o mercado de carbono, que é um estímulo financeiro para os países que reduzirem suas emissões de CO2, já existente em âmbito nacional, mas cuja adoção de regras globais ainda está em andamento.
Guedes citou, também, o Programa de Crescimento Verde, com US$ 2,5 bilhões em recursos do New Development Bank (NDB), o banco dos Brics – grupo de países emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
“Nossos eixos são infraestrutura sustentável, bioeconomia, e tudo que possa reduzir poluentes, mas por outro lado estimular e preservar os recursos ambientais. Vão desde parques naturais e, também, a cédula verde, uma ferramenta que estimula os produtores rurais a preservar os recursos naturais. Uma árvore viva vale mais do que uma árvore morta”, afirmou.
A forma como o Brasil lida com a Amazônia e a devastação do meio ambiente é criticada internacionalmente. O governo tem recordes de destruição do meio ambiente, mas usa dados para enaltecer o governo.
Durante discurso na Organização das Nações Unidas (ONU), em setembro, o presidente Jair Bolsonaro destacou queda de 32% no desmate na Amazônia, mas não citou o aumento da destruição acumulada ao longo de sua gestão.
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