Um dia após ser indiciado pela CPI da Covid por pelo menos dez crimes, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se pronunciou sobre o relatório final da comissão nesta quarta-feira, 27. Em entrevista a Jovem Pan News, novo canal de televisão do Grupo Jovem Pan de Comunicação, Bolsonaro disse que “apesar de fazer estragos na imagem do Brasil, principalmente no exterior, 90% das população não acredita na CPI da Covid”.
“Quem tem um pouco de juízo sabe que aquilo ali foi a CPI do Renan. Muita gente não acredita na CPI, mais de 90% da população não acredita. Para fora do Brasil a imagem é péssima. Gente que quer investir no Brasil não faz. Isso mexe na bolsa, mexe no preço do dólar. O que os senadores do G7 fizeram de bom pro país? Se eles sabiam como resolver por que fizeram? Por que não procuraram o presidente, o Ministério da Saúde. Eles voltaram pra casa. Fui o único que fui pra rua”, falou.
Questionado sobre sua atuação na condução da pandemia, sobre a indicação de uso de remédios sem eficácia comprovada e sobre uma suposta relação entre as vacinas contra covid e a aids (síndrome da imunodeficiência adquirida), Bolsonaro disse que se informou, que pesquisou antes de fazer qualquer afirmação sobre a Covid-19 e voltou a falar sobre a autonomia médica.
“Pesquisei, corri atrás, nos apoiamos no Conselho Federal de Medicina (CFM) antes de falar qualquer coisa. O médico precisa ter autonomia ao receitar um medicamento. Estive em Roraima ontem, você acha que nas condições adversas e com inúmeras dificuldades o médico só vai usar remédio com eficiência comprovada? E as vacinas, não são todas experimentais? O problema é que não se pode desconfiar da vacina, como não se pode desconfiar da urna eletrônica. Eu tenho a minha opinião e mesmo assim disponibilizamos a vacina pra todo mundo. O apavorado morre. Nós fizemos a nossa parte”, afirmou.
Eleições – Sobre a disputa à reeleição e o ingresso em uma sigla política que viabilize sua candidatura, Bolsonaro afirmou que não está preocupado com eleição, que ainda não decidiu se concorrerá e que segue em namoro com o PP e com o PL.
“Não sei se vou disputar as eleições. Estou mais propenso ao PP ou PL. Tenho conversado com as lideranças desses partidos. Tenho interesse de indicar metade dos candidatos ao Senado, em indicar nomes que estejam alinhados com o nosso pensamento. Estou atrasado nisso, mas é igual casamento. Mesmo escolhendo a gente ainda tem problema, imagina com atropelo”, disse.
Emissora – Confirmado na grade da emissora neste dia de estreia, Bolsonaro demonstrou irritação ao participar do programa Pânico, da Jovem Pan. Após o apresentador André Marinho fazer comparações veladas entre o governo Bolsonaro e sua família aos governos petistas, o presidente disse que não iria responder a ironias e disse para Marinho se colocar em seu lugar.
Marinho rebateu: “O PT não pode voltar. Então, por favor, responda à pergunta que te fiz, cara. Por quê? Só quer pergunta de bajulador?”, disse Marinho a Bolsonaro.
Chateado, Bolsonaro se retirou da entrevista.
Agenda em Manaus – O presidente Bolsonaro está em Manaus, onde cumpre agendas políticas. Na noite de ontem, ele foi recepcionado pelo Assessor Especial do Palácio do Planalto, Eduardo Pazuello com um jantar oferecido em sua residência. Ex-ministro da Saúde, Pazuello também foi indiciado no relatório final da CPI da Covid.
Em seguida ele participou de agendas com o governador do Amazonas, Wilson Lima. Nesta quarta-feira, Bolsonaro participou do encerramento da 1ª Consagração Pública de Pastores do Estado do Amazonas, ocorrida, no Centro de Convenções Vasco Vasques e de um almoço no Centro de Instruções de Guerra na Selva (CIGS).
No início da noite, o presidente participa do culto de abertura da Convenção das Assembleias de Deus no Brasil (CADB), que vai ocorrer na Igreja Evangélica Assembleia de Deus (Ieadam), no auditório Canaã, bairro Japiim, zona Sul. Bolsonaro retorna à Brasília ainda nesta quarta-feira.
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Por Michele Gouvêa
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