A Petrobras voltou a anunciar aumento de preço de combustíveis. Desta vez, reajustou a gasolina e o gás liquefeito de petróleo (GLP), o gás de cozinha, em 7%. Essa é a segunda alta anunciada em dez dias. Na terça-feira da semana passada, a empresa revisou o valor do óleo diesel em 9%.
Novos aumentos ainda podem vir pela frente, já que os preços internos não estão completamente alinhados aos do mercado internacional. A empresa, em nota, admite que repassou apenas parte das oscilações do preço do petróleo, afetado pelo crescimento da demanda mundial, e do câmbio.
“Esses ajustes são importantes para garantir que o mercado siga sendo suprido em bases econômicas e sem riscos de desabastecimento pelos diferentes atores responsáveis pelo atendimento às diversas regiões brasileiras: distribuidores, importadores e outros produtores, além da Petrobras”, complementou a empresa. Esse argumento tem sido recorrentemente usado para justificar suas altas de preços, em meio às pressões políticas.
Nesta sexta, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do País, subiu 1,16% em setembro, a maior desde o início do Plano Real, sob pressão dos aumentos na energia elétrica, gasolina, passagem aérea e gás de botijão. No acumulado em 12 meses, a inflação já chega a 10,25%.
Os reajustes da Petrobras estão no alvo do debate em Brasília. A empresa até segurou o preço da gasolina por 58 dias e o do GLP por 98 dias. Mas, frente às oscilações externas do petróleo e do câmbio e da cobrança do mercado financeiro para que não ceda a intervenções do governo, como no passado, a petrolífera anunciou os novos reajustes nesta sexta-feira.
Na semana passada, o presidente da companhia, Joaquim Silva e Luna, convocou uma coletiva de imprensa às pressas para dizer que, apesar das pressões, manterá a política de Preço de Paridade de Importação (PPI), por meio da qual mantém os preços dos seus produtos equiparados aos de concorrentes importadores. Após sua fala, os presidentes da República, Jair Bolsonaro, e da Câmara, Arthur Lira, passaram a direcionar o ataque ao ICMS cobrado pelos Estados, esses sim, segundo eles, os verdadeiros responsáveis pelos altos preços dos combustíveis.
Na composição do preço dos combustíveis entram, além do ICMS, a fatia da Petrobras; a cobrança dos tributos federais Cide e PIS/Pasep e Cofins; a fatia da distribuição e revenda; e ainda o custo do etanol anidro, no caso da gasolina, e do biodiesel, no caso do óleo diesel.
Defasagem -Apesar da alta desta sexta-feira, a gasolina ainda está mais barata no Brasil do que nos principais mercados externos de comercialização, segundo o presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Sérgio Araujo. Isso significa que novos reajustes ainda podem ser anunciados. Ele estima uma defasagem média de R$ 0,55 por litro. “Com o aumento anunciado, as janelas para importações continuam muito fechadas”, afirmou.
Para a gasolina A (sem adição de álcool anidro), o preço médio de venda da Petrobras, para as distribuidoras, passará de R$ 2,78 para R$ 2,98 por litro, no sábado, 9. Considerando a mistura obrigatória de 27% de etanol e 73% de gasolina A para a composição da gasolina comercializada nos postos, a parcela da Petrobras no preço da gasolina na bomba passará a ser de R$ 2,18 por litro em média. A variação é de R$ 0,15 por litro, segundo a empresa.
O preço médio de venda do GLP da Petrobras, para as distribuidoras, passará de R$ 3,60 para R$ 3,86 por kg. Com isso, o gás de cozinha (botijão de 13 kg) sairá das refinarias da estatal custando R$ 50,15 para as distribuidoras.
O reajuste do GLP nas refinarias será de 7%, mas, para o consumidor final, o aumento deve ser maior, segundo a Associação Brasileira das Entidades Representativas da Revendas de Gás LP (Abragás). Além de uma possível recuperação da margem das distribuidoras, os revendedores dizem que precisam cobrir altas de custos, entre eles, o do combustível utilizado no transporte do botijão.
“Os aumentos de preços além de pesar muito aos consumidores atingem diretamente o capital de giro dos revendedores, quanto mais caro o gás, mais dinheiro precisamos colocar no caixa para sustentar o fluxo”, afirmou a entidade em nota.
O Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de GLP (Sindigás) também vê pressão de custos sobre a revenda, com possível repercussão para o consumidor. “Com este percentual, vemos pressão muito forte sobre as revendas, que terão dificuldade de repassar seus custos, já elevados pelo preço do diesel e gasolina, insumos importantes para eles. Temos que observar se haverá retração na demanda”, diz o presidente da entidade, Sérgio Bandeira de Mello.
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Com informações O Estado de S.Paulo
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