A subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo afirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o presidente Jair Bolsonaro foi o responsável por insuflar apoiadores para os atos de Sete de Setembro, que tinham no escopo pautas antidemocráticas, como a derrubada do Supremo e intervenção militar. A informação foi revelada pelo jornal “O Globo” nesta sexta-feira, 1º/10 .
A manifestação da PGR foi enviada ao Supremo no dia 4 de setembro e faz parte de um parecer que pediu bloqueio das contas da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) e da Associação Brasileira de Produtores de Soja (Aprosoja Brasil).
A pedido da PGR, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou o bloqueio de contas das entidades que são investigadas pela organização de atos violentos contra as instituições no dia 7 de setembro. Ao STF, a subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo, lembrou que, na entrevista de agosto Bolsonaro, se referiu a “contragolpe” ao que ele entendia como medidas contrárias ao governo.
“A princípio, a organização da realização de prováveis atos de ataque à democracia e às instituições iniciou-se com entrevista do presidente da República informando que haveria contragolpe aos atos entendidos como contrários a sua gestão, em 15 de agosto do presente ano”, escreveu a subprocuradora.
Após a divulgação da reportagem de “O Globo”, a PGR divulgou uma nota em que ressaltou que a data da entrevista é “apenas” um “marco” para indicar o início da organização dos atos (veja a íntegra da nota no final desta reportagem).
“A afirmação de que o presidente da República teria convocado atos antidemocráticos não reflete o que foi mencionado na manifestação da PGR. O documento ministerial apenas aponta uma entrevista dada pelo presidente em 15 agosto, fato público e amplamente já divulgado, para delimitar a data como marco para a possível organização dos atos – objeto da apuração – bem como para fixar o limite temporal para a execução das medidas”, afirmou a PGR.
O próprio Bolsonaro participou dos atos, com discursos a apoiadores em Brasília e em São Paulo. As falas do presidente tiveram conteúdo golpista e de ataque às instituições. Bolsonaro chegou a dizer que não cumpriria mais ordens do STF.
Bolsonaro não é formalmente investigado no inquérito sobre a organização. A entrevista do presidente é apontada pelos investigadores como um marco para os desdobramentos da estruturação dos atos que estão sendo investigados e que envolvem aliados de Bolsonaro.
Veja a íntegra da nota da PGR:
A respeito de matéria publicada na edição de O Globo, a Procuradoria-Geral da República esclarece:
– O texto distorce uma informação que consta em manifestação sigilosa encaminhada em 4 de agosto ao Supremo Tribunal Federal (STF), cujo propósito era a requisição de providências contra pessoas físicas e jurídicas àquela altura apontadas como suspeitas de fazerem repasses financeiros destinados à organização de atos antidemocráticos.
– O presidente da República não figura entre as pessoas às quais se destinavam as medidas cautelares solicitadas.
– A afirmação de que o presidente da República teria convocado atos antidemocráticos não reflete o que foi mencionado na manifestação da PGR. O documento ministerial apenas aponta uma entrevista dada pelo presidente em 15 agosto, fato público e amplamente já divulgado, para delimitar a data como marco para a possível organização dos atos – objeto da apuração – bem como para fixar o limite temporal para a execução das medidas.
– Finalmente, a PGR lamenta que uma informação sigilosa e descontextualizada seja publicada de forma irresponsável, provocando desinformação.
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Com informações Portal G1
Foto: Divulgação