A proposta que viabiliza a desestatização da Eletrobras aprovada na Câmara dos Deputados na noite desta segunda-feira, 21/6, foi duramente criticada pelos deputados estaduais na sessão plenária da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) desta terça. Além das críticas, os parlamentares denunciaram a falta de assistência e o desserviço por parte da empresa, principalmente no interior do Estado.
A privatização, na opinião do deputado Serafim Corrêa (PSB), não traz nenhum benefício econômico para o país. “Eu entendo que existem situações, existem empresas que precisam e devem ser privatizadas. Agora há privatizações e privatizações. No caso da Eletrobras, a situação é muito diferente. A privatização dela em si já tinha complicações, mas o objetivo final do governo era arrecadar R$ 60 bilhões. Só que no Congresso colocaram tantos jabutis, penduraram tantos jabutis que o governo vai arrecadar R$60 bilhões, mas para isso vai gastar R$90”, opinou o deputado afirmado que além de perder R$ 30 bilhões o Governo Federal também vai ficar sem a empresa.
Além das críticas, os deputados aproveitaram para falar sobre o serviço de má qualidade prestado pela empresa no Estado, principalmente em comunidades do interior do Amazonas.
O deputado Sinésio Campos (PT), que é presidente da Comissão de Geodiversidade, Recursos Hídricos, Minas, Gás, Energia e Saneamento (Cgeodiversidade) da Aleam, afirmou que o Governo Federal está fazendo um desmonte da Eletrobras em todo o país.
“A Amazonas Energia foi privatizada e nós vimos demissões em massa e o desserviço aos clientes. No interior, os municípios estão sofrendo blackouts com frequência. E o programa, que é o programa referência, o Luz para Todos não funciona. Muitos municípios passam semanas sem energia porque se quer está acontecendo manutenção nas empresas da rede que passa energia para as comunidades”, denunciou o parlamentar.
Além das críticas, o deputado Sinésio sugeriu que a casa legislativa investigue as ações executadas pela Eletrobras Amazonas Energia no Estado. Sinésio também lamentou que a proposta de instalação da CPI da Energia tenha sido arquivada na Câmara Municipal de Manaus (CMM).
“A gente tem que fazer uma CPI, uma diferente do que tentaram fazer na Câmara Municipal. Até porque a Amazonas Energia hoje deve muito. Tem um passivo muito grande para o povo amazonense. Ela está fazendo o desmonte no interior do Estado. Os preços estão abusivos. E parece que agora virou um grande monopólio, sai um monopólio do governo e agora se constitui um monopólio privatizado”, sugeriu o parlamentar.
A sugestão para instalação de uma investigação na Aleam teve o apoio do deputado Carlinhos Bessa (PV), que afirmou já ter entrado com requerimento na Casa pedido explicações da empresa quanto aos serviços prestados na comunidade Caiambé, no município de Tefé (a 525 quilômetros de Manaus).
“Na comunidade existem outras comunidades que foram contempladas com o Luz para Todos e não funciona porque a energia para essas comunidades vem da sede dos municípios, onde se passa por um ramal que não tem manutenção. Inúmeras pessoas já sofreram acidentes tentando resolver o problema de energia porque a empresa não faz a manutenção adequada. Então que ela venha aqui prestar os esclarecimentos do porque não estar prestando um serviço de qualidade”, disse o deputado ao lembrar que já reclamou sobre a empresa na tribuna em outras oportunidades.
Apesar das declarações, nenhum dos deputados informaram se iriam formalizar a instalação de uma CPI na Casa ou se tomariam outras providências quanto a má qualidade do serviço prestado em todo o estado do Amazonas.
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Por Izabel Guedes
Foto: Divulgação