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terça-feira, julho 9, 2024

Lula afirma: ‘É preciso elevar o nível do debate político neste país. Bolsonaro não é um cidadão normal’

Em uma entrevista a uma rádio local, o ex-presidente Lula falou sobre uma possível disputa com Bolsonaro em 2022, meio ambiente, BR-319, Zona Franca de Manaus, economia nacional e sobre candidatura própria do PT ao governo do Amazonas

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou em entrevista na manhã desta sexta-feira, 28/5, que não tem pressa em decidir por sua candidatura à presidência, apesar de dar todos os indícios de que ela deve ser confirmada e ele será o adversário direto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que deve buscar a reeleição.

Em uma entrevista de cerca de 40 minutos ao radialista Ronaldo Tiradentes e ao jornalista Neuton Corrêa, Lula falou sobre uma possível disputa com Bolsonaro, meio ambiente, BR-319, Zona Franca de Manaus, economia nacional e sobre candidatura própria do PT ao governo do Amazonas.

Conforme Lula, o que o motiva a uma candidatura é a vontade de recuperar o Brasil para o povo brasileiro. “Não tenho pressa de decidir por uma candidatura. Tenho muita vontade de recuperar o Brasil para o povo brasileiro. Recuperar a nossa soberania, a nossa primazia e o orgulho de ser brasileiro. Se eu puder ser candidato eu serei candidato. Tenho muitas chances de ganhar. É isso que eu quero”, afirmou.

Sobre uma possível disputa com Bolsonaro e a possibilidade de ser hostilizado por ele e pelo grupo político dele, com incentivos de levantes pelo país, Lula falou não temer e que se manterá o “Lula paz e amor”.

“Não tenho duas caras. Desde 1975 tenho uma coerência política, isso não acontece com o atual presidente da República. O que ele gosta mesmo é de miliciano. Esse cidadão fica fomentando a distribuição de armas. Sendo candidato ou não eu vou viajar esse país. Vou ser o Lula paz e amor de sempre. É importante as pessoas saberem que, se eu voltar à presidência, será para melhorar a vida dos pobres desse país”, afirmou.

O ex-presidente falou sobre as articulações e conversas que vêm estabelecendo com os mais diversos segmentos da sociedade nos últimos tempos. Conforme Lula, é preciso conversar com todas as pessoas, se tem identidade ideológica ou não.

“Não é possível fazer as mudanças que o país precisa sozinho. Você precisa saber conviver democraticamente na sociedade. Vou continuar conversando com todos os segmentos. Com o FHC conversamos sobre democracia. Temos e sempre tivemos nossas divergências, mas somos de partidos civilizados. Nunca saímos do campo da normalidade política. O Bolsonaro busca milicianos para dar legitimidade ao que ele está fazendo. Não vou fazer o jogo rasteiro dele, isso não ajuda o Brasil. Democracia é bem construir uma nação soberana”, disse.

Lula continuou suas críticas ao presidente Jair Bolsonaro sugerindo que não há salvadores da pátria e afirmando que não há saída fora da política. “Vai quebrar a cara como quebrou com Jânio Quadros, com Fernando Collor e agora, com o Bolsonaro. É preciso elevar o nível do debate político neste país. Bolsonaro não é um cidadão normal. Ele é parte de uma mentira que nega a política”, externou.

Amazonas – Sobre o Amazonas, Lula disse ser indiscutível a manutenção do modelo Zona Franca, ser a favor da BR-319 e que os índios precisam ser envolvidos no processo de desenvolvimento regional e social.

“A Zona Franca não foi criada para contemplar político e sim para o povo do Amazonas ter acesso a dignidade que todo o povo deve ter. A ZFM vai continuar. Sou favorável à rodovia 319. É possível construir a rodovia com segurança, cuidar de todas as questões ambientais, permitir que ela seja uma rodovia ambientalmente correta. Precisamos recomeçar a discutir essa estrada para o bem do desenvolvimento da região. Vamos retomar essa obra para o bem da Amazônia”, disse.

Para o ex-presidente é preciso discutir a Amazônia e o seu desenvolvimento de uma forma ambientalmente justa. “Isso não se faz xingando, mas conversando com os atores envolvidos. Temos um presidente grosseiro, chucro. Parece que o Brasil está em guerra todo dia. A concessão de terra paro o índio não pode ser vista como algo anormal. A Amazônia não deve ser vista como um santuário intocável, mas precisa ser explorada de forma consciente. Temos muitas coisas pra discutir sobre a Amazônia. Vamos cuidar ambientalmente e cientificamente da Amazônia”, afirmou.

Lula falou ainda sobre uma possível candidatura própria do PT ao Governo do Amazonas. De acordo com Lula, o diretório estadual tem autonomia para fazer suas escolhas quanto a candidaturas, porém, ele avalia que se o candidato não tiver chances reais de vitória é melhor ao partido assegurar uma vaga na Câmara Federal. “Se for necessário o PT vai apresentar candidato. Uma tese minha é que se não tiver condições tem que fazer deputado federal”, opinou.

Brasil – Sobre as investigações da CPI da Covid, o ex-presidente opinou que os culpados precisam ser punidos. “Não quero me precipitar e dizer o que a CPI tem que fazer, até porque você sabe como ela começa, mas não como termina. O que temos que garantir nesse momento é a vacina, o auxílio emergencial e o crédito à média e à pequena empresa. Garantir que as coisas funcionem e o governo tem instrumentos para fazer isso. São quase 15 milhões de pessoas desempregadas nesse país. Está aumentando o número de pessoas morando nas ruas e a fome voltou. O povo trabalhador quer pão”, lamentou.

Lula falou ainda que é preciso construir uma nação soberana, garantindo os direitos mínimos previstos pela Constituição Federal. “Esse povo quer fazer refeições, quer ter acesso a moradia, educação, emprego, salário digno. Sendo candidato ou não eu vou viajar esse país. Quero que as pessoas vivam bem nesse país, que ele seja mais humanitário, mais solidário. A minha causa é essa”, finalizou.

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Por Michele Gouvêa

Foto: Ricardo Stuckert e reprodução da Internet

 

 

 

 

 

 

 

 

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