Entre um discurso e outro de vereadores questionando o engavetamento da CPI da Energia, que pretende apurar práticas abusivas com a população amazonense cometidas pela concessionária, o vereador Raiff Matos (DC) usou da tribuna nesta terça-feira, 25/5, para criticar um livro de português que suspostamente é usado nas escolas de ensino médio e que trata da temática LGBTQIA+.
Da tribuna, o parlamentar mostrou páginas do livro em que se refere a uma notícia considerada não tradicional. Com título, “Suprema Corte dos EUA reconhece legalidade do casamento gay”, o vereador defendeu a suspensão do conteúdo com teor LGBTQIA+ das escolas. De acordo com o vereador, o tema deve ser debatido entre os pais e o corpo docente das escolas deve se limitar as disciplinas escolares.
“Eu sei que existe uma grande militância no Brasil sobre esses temas e eu creio que isso prejudica a família, prejudica o crescimento do caráter do adolescente, do jovem. Quando ele tiver 18, ele escolhe o que ele bem entender, mas enquanto ele estiver dentro da escola, a escola precisa realmente ensinar o que é correto. […] Não cabe a escola querer formar e doutrinar o caráter de ninguém. Quem forma o caráter e doutrina sobre esses temas são os pais”, defendeu Raiff Matos.
Comentários – O tema debatido na Câmara Municipal de Manaus (CMM) dividiu opiniões na barra de comentários no canal do YouTube da casa. Para um internauta, o discurso do vereador é “atrasado e distorcido”. Outro cidadão comentou que ”a escola precisa se ater a ciência e técnicas das matérias”.
Em defesa, um internauta disse que a Secretaria Municipal de Educação (Semed) é responsável pelo ensino fundamental. “Prezado sr. vereador Raif, se o senhor for ao galpão da Semed não encontrarás nenhum exemplar desse livro. A Semed-Manaus é responsável até o ensino fundamental (até o 9º ano)”, disse.
Segundo a autora do comentário, o ensino médio é de competência do Estado. A prefeitura adotou um caderno de atividades do “Aula em Casa”. As críticas ainda seguem para que o vereador chamou de educação transversal. “Sobre o que o sr. chama de ‘educação transversal”, os livros sempre vão pontuar temas da atualidade. É no meio escolar que os jovens se sentem mais à vontade de falar”, explicou.
Confira a imagem:
Meios legais – O vereador informou em plenário que pretende fazer um abaixo-assinado para mandar ao presidente, ministros, secretários e Ministério Público. “Vou usar as ferramentas que forem necessárias. Realmente me deixa indignado essa doutrinação que uma certa militância tem feito dentro das escolas de Manaus, não somente de Manaus, mas como do Brasil todo”, afirmou o vereador.
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Por Juliana Freire
Foto: Divulgação