A secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, a “Capitã Cloroquina”, disse nesta terça-feira, 25/5, à CPI da Covid no Senado que a pasta soube da falta de oxigênio em Manaus no início do ano por um e-mail enviado pela empresa White Martins e repassado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM) em 8 de janeiro. Na semana passada, o ex-ministro Eduardo Pazuello disse à CPI, no entanto, que a pasta teria sido informada apenas no dia 10 sobre a precariedade no nível de oxigênio medicinal no Estado.
A secretária disse não ter sido informada sobre a crise pela falta do insumo enquanto esteve na capital amazonense porque nem mesmo as autoridades locais tinham noção da extensão do problema. Mayra também disse que não era possível estimar com precisão o aumento da demanda de oxigênio na região. “Nós não sabemos a evolução dos pacientes. Por isso que a Covid-19 é uma doença grave de desfecho incerto. Eu não consigo saber quem vai ter o quadro que não vai precisar de internamento e quem vai evoluir para o óbito”, afirmou.
Ela também ressaltou que não é competência do Ministério da Saúde cuidar do abastecimento, estoque e fornecimento de oxigênio. O relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), no entanto, disse que relatório elaborado por Pazuello estimava um aumento substancial de casos entre 11 a 15 de janeiro por causa dos feriados de Natal e Ano Novo.
“E por que não se previu, em função disso, a falta de oxigênio?”, questionou.
UBS – Questionada sobre a recomendação quanto ao uso do chamado “kit Covid”, a secretária afirmou não ter visitado Unidades Básicas de Saúde (UBS) em Manaus para recomendar aos médicos do SUS o uso de remédios do kit covid para tratamento precoce.
Mayra, porém confirmou à CPI que o ministério enviou ofício à Secretaria Municipal de Saúde de Manaus para estimular a gestão a usar medicamentos contra a Covid-19, entre eles, a cloroquina. No documento, ela classificou como “inadmissível” a não adoção da orientação pela capital amazonense.
Questionada pela senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) sobre se a incomoda o apelido de “Capitã Cloroquina”, a secretária disse achar o termo não adequado. “Porque não sou oficial do Estado, sou médica. Prefiro ser chamada de Dr. Mayra Pinheiro”, disse.
Capitã – Mayra Pinheiro ficou conhecida como “capitã cloroquina” por defender o chamado “tratamento precoce” contra o coronavírus, um conjunto de medidas sem comprovação científica que inclui o uso de cloroquina e a ivermectina.
A secretária de Gestão do Trabalho e da Educação no Ministério da Saúde disse que nunca recebeu ordens de Bolsonaro para incentivar cloroquina e foi questionada sobre o apoio à tese da imunidade de rebanho. Mayra afirmou que a “estratégia não pode ser usada indistintamente”. Segundo ela, suas posições a respeito de tal tese foram mal compreendidas.
Mayra ainda questionou orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Ela afirmou que nem o Brasil nem qualquer outro País é obrigado a seguir as recomendações da OMS. “O Brasil não é obrigado a seguir a OMS e se tivéssemos seguido teríamos falhado como a OMS falhou várias vezes”.
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Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado