O ano de 2025 ficará marcado na história política recente do Brasil como um período de intensa disputa institucional, com o julgamento e a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, prisões de figuras ligadas à trama golpista, tensão diplomática com os Estados Unidos, iniciativas legislativas polêmicas, como o PL da Dosimetria para redução de penas, e definidores episódios no Legislativo que afetaram a carreira de parlamentares alinhados ao bolsonarismo.
Ao longo dos 12 meses, o país viveu momentos decisivos no campo jurídico, eleitoral, diplomático e legislativo, que apontam para uma nova fase da política nacional.
Na série especial ‘Retrospectiva 2025’, o portal O Convergente reúne os principais fatos que marcaram o ano do cenário político do Brasil.
Janeiro: Início do ano e mobilizações institucionais
O ano começou com o calendário político já apontando para uma pauta intensa no STF e no Congresso. O Executivo traçava prioridades para a agenda econômica e social, enquanto líderes políticos se alinhavam em torno de temas centrais como reformas e debates sobre a função do Estado. A expectativa em torno das decisões judiciais relativas à trama golpista de 2022–2023 já marcava os primeiros dias do ano, com repercussões para o ambiente político nacional.
Fevereiro: Congresso, debates e os primeiros passos da crise bolsonarista
Em fevereiro, o Congresso foi palco de articulações em torno de projetos de lei de impacto econômico e social. No STF, o sobrestamento de temas relacionados à trama golpista continuou alimentando o noticiário político.

O ambiente pré-julgamento intensificava discussões sobre responsabilidade penal e o papel das instituições em coibir ameaças à democracia.
Março: Tensão crescente e posicionamentos internacionais
No mês, o debate sobre o julgamento no STF ganhou maior atenção pública. A cooperação entre Legislativo e Judiciário começou a tensionar o ambiente político, enquanto figuras alinhadas ao bolsonarismo buscavam apoio internacional para contestar o processo penal. A atuação de parlamentares com mandatos questionados — como Carla Zambelli e Eduardo Bolsonaro — começou a chamar atenção da mídia e das instâncias disciplinares da Câmara.
Abril: Preparação para o julgamento e ambiente diplomático multifacetado
Abril foi um mês de preparação para o que viria a ser o julgamento da trama golpista. Debates sobre precedentes e limites constitucionais dominaram os corredores do Congresso e as páginas de jornais, com ampla cobertura das estratégias de defesa dos acusados e das consequências institucionais de uma eventual condenação.

No front internacional, o Brasil intensificou sua agenda com parceiros sul-americanos e nações emergentes, sinalizando continuidade na política externa, ao mesmo tempo em que observava movimentações externas críticas ao ambiente judicial.
Maio: Confrontos institucionais e agenda ambiental
Maio foi um mês em que a tensão entre os poderes se aprofundou. Com o julgamento cada vez mais próximo, vozes no Congresso passaram a questionar a amplitude de intervenções judiciais, e grupos ligados ao bolsonarismo intensificaram pedidos públicos de apoio e condenação ao processo.
O mês também foi marcado pelo fortalecimento da agenda ambiental. O governo federal intensificou preparativos para a COP30, reforçando compromissos internacionais de combate às mudanças climáticas e preservação da Amazônia.
Internamente, políticas ambientais passaram a ocupar espaço central no discurso oficial, ao mesmo tempo em que enfrentaram críticas de setores econômicos e do agronegócio.
Junho: Conflitos diplomáticos com os Estados Unidos ganham corpo
No meio do ano, as relações entre Brasil e Estados Unidos entraram em uma fase sensível. A administração do presidente americano Donald Trump impôs tarifas de importação de 50% sobre produtos brasileiros e sanções contra ministros do STF, em retaliação à condução do processo penal contra Jair Bolsonaro — rotulado por Washington como uma “caça às bruxas”. O Brasil reagiu oficialmente, defendendo a soberania de seu Judiciário e chamando à necessidade de respeito às instituições democráticas nacionais, em tom diplomático, mas firme.

No mesmo mês, o Brasil ampliou sua presença internacional, com participação ativa em fóruns multilaterais e articulações diplomáticas no âmbito do Sul Global. A política externa ganhou protagonismo como instrumento estratégico do governo, especialmente em temas como clima, desenvolvimento sustentável e cooperação internacional.
Julho: Abertura do julgamento da trama golpista e repercussões
Em julho, a primeira fase do julgamento histórico da trama golpista foi instalada no STF, com votos de ministros que enfatizaram a gravidade dos crimes imputados ao ex-presidente e seus aliados por tentativa de golpe de Estado e organização criminosa. A ministra Cármen Lúcia proferiu voto decisivo, destacando a importância de preservar o Estado Democrático de Direito.
Esse processo representou um ponto de inflexão na história recente do país — pela primeira vez um ex-presidente enfrentou julgamento dessa magnitude no Brasil.
Agosto: Prisão preventiva e prisão domiciliar de réus
Agosto foi marcado por episódios de instabilidade política e social, além de alertas sobre infraestrutura e serviços públicos. O governo federal precisou lidar com pressões simultâneas do Congresso, do mercado e da opinião pública.
No campo institucional, o Judiciário seguiu atento a movimentos considerados ameaçadores à democracia, reforçando decisões cautelares e monitoramento de grupos investigados.
Com o avanço do julgamento, medidas cautelares foram intensificadas. Em agosto, o STF manteve prisões domiciliares de condenados na trama golpista, com o ex-presidente Bolsonaro sob restrições, como uso de tornozeleira eletrônica.

Setembro: Condenação histórica no STF
O mês registrou manifestações populares em diferentes regiões do país, impulsionadas por debates legislativos sensíveis e pela atuação do Judiciário em casos de grande repercussão. O ambiente político tornou-se mais polarizado, com reflexos diretos na atuação do Congresso.
No 11 de setembro de 2025, a Primeira Turma do STF condenou Jair Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado, organização criminosa armada e outros crimes relacionados ao atentado contra o Estado Democrático de Direito. Outros sete acusados também foram condenados no mesmo julgamento, marcando um capítulo inédito na Justiça brasileira.

A sentença representou um marco histórico na responsabilização penal de agentes políticos por ações contrárias à ordem constitucional.
Outubro: Prisão preventiva e repercussões políticas
Em outubro, após violações às medidas cautelares — incluindo a tentativa de danificar a tornozeleira eletrônica — o ex-presidente foi colocado em prisão preventiva pela Polícia Federal, reforçando a firmeza das instituições em garantir cumprimento das decisões judiciais.
Nesse mês, também aumentaram os debates sobre gastos públicos do governo Lula e da primeira-dama Janja, com setores da oposição criticando a alocação de recursos federais em políticas sociais e projetos culturais — tema que mobilizou audiências públicas e reportagens em veículos nacionais.
Ainda em outubro, o país enfrentou uma grave crise no setor elétrico, com apagões que atingiram diversos estados e provocaram reações imediatas do governo federal. A situação evidenciou fragilidades na infraestrutura energética e reacendeu debates sobre investimentos, regulação e segurança do sistema.
Novembro: Diplomacia reconfigurada e COP30
Novembro consolidou o Brasil no centro da agenda climática mundial com a realização da COP30, em Belém. O evento colocou a Amazônia no epicentro das discussões globais sobre clima, biodiversidade e financiamento ambiental, fortalecendo a imagem internacional do país.

Paralelamente, decisões do Judiciário em processos de alto impacto político mantiveram o tema da responsabilização institucional em evidência.
Ao longo de novembro, com a condenação já consolidada, o clima político migrou parcialmente para as articulações preparatórias para as eleições de 2026. O ex-presidente Bolsonaro, mesmo preso, anunciou apoio à candidatura do filho Flávio Bolsonaro, que se lançou como pré-candidato à Presidência com a promessa de resgatar valores conservadores.
A tensão diplomática com os Estados Unidos também evoluiu, com iniciativas de diálogo entre o governo Lula e Washington para amenizar o impasse comercial e político.
Dezembro: Legislativo em foco, PL da Dosimetria e cassações
No final do ano, o PL da Dosimetria — que propõe a redução das penas dos condenados por tentativa de golpe de Estado — foi amplamente debatido e aprovado pelo Congresso, suscitando profunda controvérsia na opinião pública e entre juristas, que classificaram a proposta como potencial retrocesso na responsabilização penal.
Paralelamente, a Câmara dos Deputados cassou os mandatos de parlamentares investigados ou condenados, como Eduardo Bolsonaro e Alexandre Ramagem, em decisões que reforçaram a vigilância sobre a atuação de congressistas com mandatos questionados.

A deputada Carla Zambelli, condenada em processos judiciais, renunciou voluntariamente ao mandato como estratégia para evitar extradição e continuidade da pena no Brasil, encerrando sua trajetória legislativa em dezembro.
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