A inauguração da roda-gigante instalada na Ponta Negra, anunciada pelo prefeito David Almeida (Avante) como nova atração turística de Manaus, continua cercada de dúvidas e falta de transparência.
Apesar de divulgar uma nota oficial afirmando que “todos os trâmites legais foram seguidos”, a prefeitura não apresentou até agora documentos fundamentais que comprovem a regularidade do equipamento, entre eles, o alvará de funcionamento, os laudos de vistoria do Corpo de Bombeiros e informações detalhadas sobre os custos e responsabilidades da operação.
A atração, fruto de uma parceria entre a gestão municipal e a iniciativa privada, foi inaugurada nesta quinta-feira (20). O prefeito usou as redes sociais para reforçar que a iniciativa “não gerou custos aos cofres públicos” e que a instalação faz parte da estratégia de impulsionar o turismo, gerar empregos e ampliar as opções de lazer da capital. No entanto, a celebração oficial rapidamente deu lugar a questionamentos sobre a transparência do processo.
Nota sem comprovações
Em nota divulgada na noite desta quinta-feira (20), a prefeitura afirma que o equipamento “seguiu todos os trâmites legais” e foi instalado com base em laudos técnicos e em um termo de cessão de uso firmado com a empresa H.M. Diversões Ltda., permissionária do complexo desde 2011.
A resposta da Prefeitura de Manaus não veio acompanhada de nenhuma comprovação documental. A gestão não mencionou a existência dos documentos, mas não disponibiliza cópias, não detalha datas de emissão, nem esclarece quais órgãos realizaram as vistorias. Na prática, a prefeitura repete uma defesa genérica e evita responder às perguntas centrais que vêm sendo feitas por vereadores, especialistas e pela população.
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O Convergente fez uma busca no Portal da Transparência de Manaus, baseado nas informações disponibilizadas por meio da nota da Prefeitura, e não localizou o contrato de prestação de serviços.

Repercussão negativa
A atração também enfrenta críticas pelo valor cobrado aos visitantes, que pode chegar a R$ 40 por ingresso, com meia entrada custando R$ 20. O preço foi considerado alto por parte da população, especialmente diante da atual crise na cidade e das demandas urgentes por infraestrutura, transporte, saúde e educação.
Para a Prefeitura, o valor cobrado segue a mesma estratégia dos quiosques que ficam localizados na orla. “A empresa responsável pela roda-gigante remunera o município pelo direito de exploração comercial do espaço, conforme previsto nas normas de gestão e ordenamento da área”, alegou.
Além disso, a inauguração ocorreu no mesmo dia em que professores realizaram um protesto contra a reforma da previdência municipal, gerando ainda mais desgaste político para o prefeito.
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Outro lado
O Convergente entrou em contato com a Prefeitura de Manaus para questionar o laudo técnico e informações sobre o alvará da nova atração turística.
A equipe de reportagem não localizou e-mail de contato da empresa H. M. DIVERSOES LTDA, apenas o número (92) 3025-1478 – informado pelo sistema da Receita Federal -, mas a chamada não completa.
Reforçamos que o espaço segue aberto para esclarecimentos de ambas as partes.
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