A prisão preventiva do vereador Rosinaldo Bual (Agir), na última sexta-feira (3), durante operação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Amazonas (MPAM), provocou reações entre os vereadores da Câmara Municipal de Manaus (CMM). Em sessão nesta segunda-feira (6), parlamentares cobraram um posicionamento institucional da Casa diante das investigações que apuram um suposto esquema de “rachadinha” no gabinete de Bual.
O vereador Zé Ricardo (PT) defendeu que a Mesa Diretora se manifeste oficialmente sobre o caso e que a Câmara adote medidas transparentes.
“Tem que haver todas as apurações e, ao mesmo tempo, essa Casa se pronunciar. Muita gente se pergunta qual o posicionamento desta Casa com a prisão de um vereador acusado de crimes. Que a Mesa Diretora se posicione e diga qual o direcionamento desta parte, que a polícia siga com as investigações”, afirmou o petista.
O vereador Rodrigo Guedes (PP) também cobrou que o caso seja tratado com clareza e sem omissões.
“Eu, particularmente, não tenho nada contra e nem a favor do vereador que foi preso, não tenho contato com ele. Mas isso macula a imagem de toda a Câmara Municipal de Manaus. Não pode haver pacto de silêncio na Câmara sobre isso, não podemos fingir que não está acontecendo nada”, disse.
Na mesma linha, o vereador Coronel Rosses (PL) defendeu o afastamento de Bual como medida necessária, mas pediu que a instituição apresente uma resposta pública.
“Precisamos ter um posicionamento sobre o vereador Bual. Achei que o afastamento dele foi a decisão mais comedida, mas precisamos, realmente, ter uma resposta à altura do que essa Casa está sendo maculada. O prefeito de Manaus também tem que se manifestar, porque ele é da base do prefeito”, declarou.
Operação do Gaeco
O vereador Rosinaldo Bual e sua chefe de gabinete foram presos preventivamente na sexta-feira (3) durante uma operação do Gaeco, que investiga um suposto esquema de desvio de salários de assessores — prática conhecida como “rachadinha”.
Durante o cumprimento dos mandados, os agentes encontraram três cofres no gabinete do parlamentar. Segundo o MPAM, Bual se negou a informar as senhas, e os cofres foram apreendidos e encaminhados para perícia.
As investigações apontam que mais de 100 pessoas já passaram pelo gabinete desde o início do mandato. A quebra de sigilo bancário, autorizada pela Justiça, teria revelado transferências diretas para a conta pessoal do vereador.
O MPAM deve divulgar novos detalhes do caso nos próximos dias.
Posição oficial da Câmara
Em nota, a Câmara Municipal de Manaus informou que colabora com as autoridades e reafirmou o compromisso com a legalidade e a transparência.
“A Câmara Municipal de Manaus (CMM) informa que o Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM), por meio do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), esteve na Casa Legislativa na manhã desta sexta-feira, 3 de outubro, para a realização de diligências nas dependências de um gabinete parlamentar.
No âmbito de suas atribuições, a CMM reitera seu compromisso com a transparência, a legalidade e a colaboração com os órgãos de controle e fiscalização. A CMM seguirá à disposição das autoridades competentes.”
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